29 | "Ela voou"

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Ela voou

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Ela voou. Era noite e ela voou.
Ela não voava a noite.
O que a levaria a voar à noite?
À noite era quando ela deveria ficar, me segurar,
me pôr debaixo de suas asas e não ir a lugar algum.
Mas não.

Ela voou, sem perceber meu olhar,
e eu observei suas asas lutando contra o vento,
seu corpo delineado pela lua,
sua liberdade escorrendo nas estrelas.
Era bonito de se ver.
Era claro que ela fora feita para voar, não para ficar.

Mas se não ela, quem ficaria?
Claramente, nem ela.
Ninguém ficara e ninguém ficaria.

E a minha mente começou a me levar,
e me levar,
e quando eu vi aonde estava não era minha mente que se movia, e sim meus pés.
De repente pensei que queria voar,
e que deveria tentar, e de repente pensei que não conseguiria, e isso me motivou.
A terra era tão escura que parecia um buraco,
vazio infinito:
éramos feitos um para o outro.

Eu e o nada.

Talvez ele ficaria.

Pulei.

Pulei e por um momento eu era tudo:
eu era a raiva,
eu era a dor,
eu era a euforia e a liberdade da queda livre;
eu era a realização
de que aquilo não era um buraco e de que
em uma fração de segundo tudo estaria acabado.

Mas ela viu,
me botou sobre suas asas
e me levou de volta ao ninho.
Não estava brava, mas sabia que sua ação desencadeara aquilo. Estava triste consigo mesma.
E eu quis morrer outra vez por ter causado isso a ela.

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