6 | "Se Você ainda for Vermelho"

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Eu vivo falando de você

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Eu vivo falando de você.
No início, era mais bonito.
Eu te pintava de púrpura, turquesa, magenta e vermelho.
Te descrevia como aquilo que eu sempre quis, porque você era o que eu sempre quis.
Talvez ainda seja.

Mas eu não posso mais te ter.
Agora você é marrom. E cinza. E azul.
E todas as cores que me fazem rezar
pra que os arco-íris nunca se vão.
Porque se eu me convencer de que você era
o que os outros pensam, o que eu disse que era, talvez não seja eu.

Talvez não seja eu que te deixei desamparado quando tudo que você precisava era da minha mão. Talvez não seja eu que projetava meus medos
em toda sua fala, em toda sua ação.

Porque às vezes eu me pergunto
se você era assim mesmo.
Se manipulava como eu acreditei,
se sufocava como eu pensei.
Porque a minha mente não é confiável.
Eu vejo as coisas como as quero ver.

Mas por que eu iria querer
que você fosse um monstro?
Porque eu iria querer
que você me espancasse
e depois sugasse todo o sangue
que escorria de mim,
rasgando as próprias roupas
e as usando como retalhos?

Porque é assim que eu me sentia.
Um saco de pancadas. Mas tudo bem.
Eu não me importava de apanhar,
desde que fossem as suas mãos a me curar.

Nunca vou saber qual é a sua cor.
Nunca vou saber qual é a minha.

Então, quando falo de você, você ainda é marrom.
E cinza. E azul. Porque se você ainda for vermelho, sou eu quem vou ser todas as cores que me fazem rezar para que os arco-íris nunca se vão.

Viver Está Me Matando | AntologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora