CAPÍTULO 6

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E S T H E R

Sinto a tensão emanando da minha fêmea, e isso não me ajuda nem um pouco. Meu desejo era que ela pudesse ficar na reserva, em segurança, porém é indispensável sua presença nesse maldito duelo. É óbvio que sinto medo. Apesar de ter sido treinada pela melhor, desde que nasci, não significa que perdi meus pontos fracos, e que seja invencível, ainda mais quando estou a anos sem treinar devidamente.

— eles são traiçoeiros, porém estão muito seguros, pelo fato de você ser "apenas" uma fêmea. — minha mãe comenta, enquanto dirige em meio a estrada de terra. — esteja preparada para jogos baixos, sem nenhum escrúpulo. Esteja atenta a cada movimento, e tente prever, ou você poderá ser muito machucada, e reduzirá sua agilidade.

— ele é muito forte. — Julia murmura incerta. — mas perde bastante por ser lento.

— isso é um ponto pra você filha. Você é ágil e muito rápida. — sinto um certo orgulho vindo da minha mãe, junto ao seu concelho. — use e abuse das suas habilidades, não se prenda a nenhuma regra da reserva. Lá, vai ser sua vida ou a dele. Ou melhor, será a vida de vocês duas, então não é uma opção perder, está entendendo Esther?! — minha mãe exigiu com um temor na voz.

— prometo mamãe. — declaro levando minha mão junto a dela.

Perder essa batalha, não seria apenas minha vida, mas também a da minha companheira, que sucumbirá, tanto por minha falta, como seria obrigada a acasalar com aquele maldito bastardo. Sei que não posso perder, tenho consciência, que estamos em um tudo ou nada. Nunca tirei a vida de ninguém, e saber que tenho que fazer, causa um certo aperto no peito, porém lembro tudo que Julia passou, e sinto a dor afiada em meu coração, quando recordo da sua dor ao me contar sua história, e jamais permitirei que ela retorne a este lugar.

— mais alguma indicação, Julia? — olho para minha companheira, que está silenciosa e pensativa, desde que todo aconteceu.

— quero que fique com isso aqui. — entregou um medalhão, azul com alguns círculos brancos. — é uma joia de proteção. Está na família da minha mãe a muitas eras.

— querida... — agradeço o presente, deixando nossos lábios se juntar em um carinho terno. — amo você.

— também amo você. — devolveu, me dando um pequeno sorriso preocupado.

Não posso ao menos pensar na possibilidade de perder, e não terei problemas em usar jogos sujos, sabendo que é por um bem maior. Jamais deixarei que toquem na minha fêmea novamente.

...

A vila é espaçosa, e as casas são de tijolos e pedras. Existe uma praça, com um torno sobre um pequeno pódio, e aquele lugar causa uma angústia no meu corpo, e sinto minha fêmea hesitar, olhando ao seu redor.

— se acalmem, meninas. — minha mãe pede ao estacionar o carro. — tudo vai ficar bem. — ela sorriu confiante, antes de sair do carro.

— estou com tanto medo. — Julia declara sofrido, antes de vir para o meu colo com desespero. — ele não pode ganhar. Seria meu fim, e não... — afago suas costas, deixando que ela desabafe seus medos, e sinta-se melhor.

— eu sei que parece assustador, porém tudo o que preciso é que você confie em mim. — acaricio sua pele chocolate, e seus lábios fatos que tanto amo. — quando tudo passar, vou levá-la a um lugar. Quero que conheça alguém. — minha fêmea hesita, e dou uns beijinhos em seus lábios.

— estou curiosa. — resmunga entre beijos.

— amanhã mesmo você conhecerá. — prometo, sabendo que não irei perder, porque simplesmente não tenha esse direito. — é uma promessa.

A COMPANHEIRA DE ESTHEROnde histórias criam vida. Descubra agora