EPÍLOGO

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J Ú L I A

Acordo sentindo a falta da minha fêmea, e avisto ela com uma espingarda de chumbinho, sentada na janela do quarto. Afundo na minha cama sentindo-se brava com essa teimosa, que não passa um dia sem aprontar.

— Esther, volta para a cama. — Exijo e ela apenas faz sinal de silêncio. — Não faz shiiii, para mim. — Jogo uma almofada nela, que rosna em minha direção.

— Ju, tenho certeza de que ele está próximo. — Sussurra sem parar de observar a distância.

— Deixa eles. — Peço, porque é impossível viver com essa marcação cerrada da Esther com o garoto.

Minha sogra acabou adotando um garoto no mesmo orfanato onde a pequena vivia, e os dois desenvolveram uma boa amizade, que todos desconfiam ser companheirismo, porém como o menino é humano e ainda jovem, não houve nenhuma ligação efetivada, mas quem disse que conseguem ficar longe um do outro?

— Só quero dar um sustinho nele. — Tentou amenizar e vou até ela tomando a espingarda. — O que está fazendo?! — se apressa, me vendo enrolar a arma, deixando em um perfeito C.

— Impedindo que faça besteira, e arranje confusão com sua mãe e com a pequena. — Repreendo, jogando a arma pela janela e ouvindo um grito em seguida.

— Sabia que esse miserável estava aqui. — Ela sorri maldosa, antes de pular pela janela.

Não aguento mais esses dois, o garoto não é ruim, e apenas quer ficar próximo a pequena. Ele tem quinze anos e ela quatorze, confesso que estou com medo de que logo o cio dela vira, e não sei como agimos, porque é muito forte sendo coelha.

— MÃE! — faço o mesmo caminho, e encontro a Esther enforcando o garoto, e minha filha desesperada tentando tirar ele das garras da mãe. — A mãe vai matar o Miguel.

— Chega Esther! — tomo o menino dela, que já está roxo, coitado.

— Amor, essa praga estava se esgueirando pro quarto da pequena. — Acusa, rosnando pro menino. — Até encobriu esse fedor horrível de humano.

haaa! Por favor. — Reclamo prendendo meus cabelos para o alto. — Chega disso! Provavelmente eles são até companheiros, e vão passar a vida junto, e que eu saiba não vai matar o garoto por isso, então sossega.

— São não amor. Esse pirralho sarnento, não pode ser companheiro da minha filha, não. Olha só, ele tem cara de batedor de punheta. — Acusa o garoto, que está amuado, fazendo drama para ser cuidado.

— Mães?! — ela nos chama, e suspiramos ao olhá-la. — Estamos namorando.

— Eu vou matar ele! — seguro a Esther, rosnando com muita raiva. — Amor! Ele está se aproveitando dela.

— Nossa filha não é boba, Esther. — Repreendo segurando-a com todas as forças. — Ela sabe o que faz.

— Laurinha. — Esther faz cara de choro para nossa filha, que estremece inquieta.

— Juro por nossa ligação, que se você fizer chantagem emocional com nossa filha, vou passar um ano com ela, na matilha com a mamãe. — Ameaço e todos param ao mesmo tempo.

Desde que tudo aconteceu, algumas coisas mudaram, inclusive o pensamento horrível do meu pai. Todo o respeito e amor que senti por ele um dia, foi tão maltratado, que se apagou e agora apenas respeito como um líder e companheiro da minha mãe, e acho que isso o quebrou um mínimo que seja, mas, algo estalou com ele. Minha mãe liga todos os dias, e já veio nos visitar várias e várias vezes, e eu fui até ela. Minha mãe jura que meu pai passou a tratá-la com respeito e que tem mudado muitas coisas na matilha, e isso está sendo visto a olho nu. Eu sei parte dos motivos disso, é pressão do concelho shifters, mas, mesmo assim me satisfaz.

A COMPANHEIRA DE ESTHEROnde histórias criam vida. Descubra agora