CAPÍTULO 13

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JUNG HOSEOK

Não era como se fossemos amigos ou tivéssemos esquecido tudo o que aconteceu, mas comparado a antes, até mesmo o ar estava mais leve, podendo não só me permitir participar da dinâmica como também me sincronizar mais com o resto do pessoal. Eles eram legais e dentro daquela taverna pude esquecer um pouco dos problemas, relaxando e curtindo a melodia que ecoava dos instrumentos em conjunto. Pegar na minha guitarra novamente depois de me juntar ao pessoal me entregou uma impressão de que eu finalmente estava no meu território.

Passamos a madrugada inteira treinando e só sair de lá às três da manhã, seguindo para casa.

— Olha, parece que viu um passarinho verde — falou a mais velha, sentada no sofá com seu gatinho no colo.

— Oh, desculpa vó, não queria acordar a senhora — fechei a porta, fazendo o mínimo possível de barulho.

— Não acordou querido, já estava acordada, mas me diga, você está bem? Se divertiu? — sua genuína pergunta veio com um olhar curioso e sorrateiro.

— Bem, sim — sorri e ela sorria junto. Apoiei o estojo em meu pé. — Eles são legais, e as coisas estão indo bem, estou conseguindo entender como tudo funciona por lá.

— Que bom, venha cá — deu um tapinha no sofá. — me conte tudo — novamente curvei os lábios, dando mais alguns passos até ela. Partilhei alguns detalhes com minha vó, tirando a parte da motoqueira, uma parte não ficava totalmente confortável em precisar pensar nela para que pudesse falar, enquanto a outra simplesmente curtia toda essa tensão que acontecia entre nós. Não demorei muito ali e segui para meu quarto, tomando um banho demorado, recordando do momento em que conversamos calmamente pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido de uma maneira nada convencional.

Durante o refrão de um dos duetos que estávamos juntos, meus olhos se encontraram com os delas em conjunto com o movimento simultâneo dos nossos lábios, desviando só alguns centímetros para baixo, admirando a região coberta por um batom sutilmente vermelho e tendo uma coragem de poder saber como era sentir, se era tão envolvente como as ações e falas diretas que ela enunciava, percebendo no que eu estava cogitando, imaginando.

Esfreguei a face, molhando o cabelo, forçando minha mente a sumir com aquilo da minha consciência.

— Eu preciso dormir, isso tudo é sono — comentei comigo mesmo, fechando o chuveiro, me enxugando e seguindo para meu cômodo. Me sequei e me vesti, arrumando meu estojo com o instrumento dentro, ao lado da cômoda, deitando na cama e observando o céu sem estrelas pela janela, oclusando os olhos e dormindo.

Na manhã seguinte não acordei muito cedo, terminando de me despertar para começar o dia mais disposto. Liguei para minha mãe, perguntando como estava e ouvindo que estava bem, contando que diariamente conversava com meu pai, pedindo para que ele fosse visitar meu avô e resolver qualquer impasse que existisse. Isso me alegrou, queria muito que eles pudessem sentar, conversar, reconhecer o erro e não repeti-lo novamente. Não cheguei a comentar com o mais velho, com receio de plantar alguma esperança falsa, no lugar disso o ajudei a banhar algumas vacas.
Meus avós empregavam funcionários para que dessa forma fosse mais prático de cuidar de toda a fazenda e mantê-la como atualmente estava e ainda assim, percebia como ele mesmo gostava de fazer as coisas, cuidar dos animais, colher as frutas, molhar, plantar, todas as manhãs o via fazer isso antes de sair com um sorriso no rosto. Minha vó nem podia esconder, eles se sentiam bem ali, felizes e era o que realmente importava para mim.

— Por fim, você agarra essa região e segura firmemente, mas sem apertar muito para não machucá-la — Indagou meu avô, mostrando como tirava leite da vaca para que bebêssemos todos os dias. — Tangerina é uma vaquinha muito tranquila, as mais agitadas são a pimentinha e a cebolinha — indagou com a outra mão para as vacas próximas a nós, sendo cuidadas por outras pessoas ao nosso redor. Achava muito interessante ouvir ele inquirir como tudo ali era fundamental para a cidade e como ajudava a circulação dos produtos se manterem ativos, sem deixar o cuidado e carinho por tudo o que tinha e por tudo o que sua fazenda era.

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