Última esperança

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Narradora On

Eles trancaram Emma em uma sala, era fria, bem iluminada e limpa. Mas ainda era uma prisão. Estava acorrentada com os pulsos vermelhos e machucados por causa do aço que raspava na pele a cada movimento que fazia. Vídarr estava perto da porta, apenas a encarando com os braços atrás das costas. Uma perfeita postura de soldado.

— Você é bem forte, mesmo. - Emma diz, mas ele continua em silêncio — Para uma aurora, você não é tão leal a suas origens.

Vídarr olhou para baixo mas o silêncio ainda era a única resposta dele.

— Porque está do lado de calormanos? Existem outras auroras? - ele nem sequer olhou para ela, não mexeu um músculo — Diga alguma coisa! Não pode baixar a cabeça para isso, uma aurora jamais lutaria contra um dos seus e nunca ficaria ao lado de Calormânia!

No mesmo instante as portas se abrem e uma mulher mais velha entrou. Ela tinha cabelos loiros com algumas raízes brancas, usava um vestido verde claro com um manto azul velho pendurado nos braços, na mão um balde pequeno com água e um pano branco. Assim que a porta se fecha ela olha de Vídarr para Emma.

— Ele não vai falar nada. - ela diz, abaixando a cabeça e andando até onde Emma estava acorrentada, colocando o balde de água em uma mesinha.

— Porque? - Emma questiona analisando a mulher mais velha.

— Eles... - ela hesita, olhando para o chão com pesar — Eles o cortaram a língua na adolescência.

O choque atingiu Emma novamente, ela olhou para Vídarr começando a entender seu comportamento. Mas muitas perguntas a atingiram, tanta confusão.

— Quem é você?

— Me chamo Khone, tia de Vídarr. - ela se explica.

— O que aconteceu? 

Emma assiste a mulher molhar o pano branco e se aproximar de seu rosto. As mãos enrugadas eram firmes e chegaram até o lábio cortado de Emma.

— Vídarr foi sequestrado de Arquelândia no dia que nasceu, eu me ofereci para cuida-lo, ele cresceu no castelo de Calormânia como um cachorrinho do rei e do general. Eu tentei contar sobre suas origens todos os dias mas sempre éramos muito vigiados, somos os únicos Arquelândeses lá, prisioneiros por trinta anos. Vídarr perdeu sua língua quando tentou se rebelar contra as ordens do general.

— O que aconteceu com Arquelândia? - perguntou olhando seu sangue manchar o pano branco nas mãos da mulher.

— Calormânia se localiza em um deserto mas é Arquelândia que está vazia agora. - Khone parou para molhar o pano novamente e Emma viu seus olhos comovidos — Falida há anos com pessoas andando como fantasmas, esperando um de seu povo voltar para a reerguer novamente.

Agora a mulher ergue o olhar para Emma. Algo em seus olhos queria se comunicar desesperadamente com a aurora presa.

— Posso ajudar vocês a reerguer Arquelândia se me ajudarem contra Calormânia e Miráz. 

Os dois se entre olharam, Vídarr e a mulher pareciam se comunicar por olhares. Uma faísca tinha se ascendido ali, uma esperança nos olhos dos dois.

— Seu amigo foi solto, nesse momento deve estar chegando ao seu exército. - a mulher diz, fazendo Emma largar um suspiro aliviado por Callen.

— Miráz agora tem dois exércitos no seu domínio, eles levaram você para assistir a guerra ou para ver seus amigos se renderem, como esperado.

— Eles não vão. - Emma afirma sem hesitar, conhecia seus amigos, conhecia Pedro e tinha enviado uma mensagem a Edmundo, eles não se renderiam — Terá uma batalha, se Vídarr me soltar podemos lutar juntos e vencer essa batalha. Com a ajuda de Aslam vocês vão poder reerguer Arquelândia...

Rising Dawn - Aurora | NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora