Isoladas - Calzona

| Capitulo 4 |

Verifiquei a hora no meu celular, vendo que já eram 4:38hrs. Eu não conseguia dormir, incapaz de tirar da minha mente os pesadelos que me fizeram acordar duas horas antes do horário necessário. Era um pesadelo que me atormentava quase todas as noites, mas a pior parte é que não era só um pesadelo, era uma memória.

Quase toda noite eu era levada de volta para o dia em que minha mãe e eu descobrimos que meu pai havia sido morto. Ele era do exército, e por isso nos mudávamos muito durante minha infância. Tínhamos acabado de nos mudar para Stone Creek haviam poucos meses. Ele foi enviado não muito tempo depois de nos mudarmos pra lá, e quatro meses depois ele foi morto em combate.

Apenas meus amigos próximos sabiam disso e eu implorei a eles para que não contassem a mais ninguém. Eu já era a "aluna nova" e ainda era o saco de pancadas verbais de Callie, eu não precisava ser também a "menina que o pai morreu em combate".

Eu deito na cama até 6:30hrs e depois me levantei para tomar banho. Eu sabia que hoje seria um dia livre para fazer o que quisesse, então peguei algumas roupas casuais e meus produtos de higiene pessoal e fui para o banheiro. Depois de lavar meu cabelo, inspecionei minha coxa e vi que meus cortes estavam cicatrizando bem. Eu os cobri com novos curativos e e vesti uma roupa confortável e um casaco com capuz. Depois que terminei de me arrumar, sai da cabana e fui para a pista de corrida com vista para um profundo desfiladeiro.

Havia uma névoa leve pairando pelo ar quando o sol começou a nascer, e o céu se transformou de azul escuro para um lindo rosa. Eu sentei na pista e fiquei olhando o céu, abraçando meus joelhos firme contra meu peito enquanto eu admirava a bela variedade de cores. Depois de uma noite inquieta de sono, eu finalmente me senti em paz, ouvindo o som dos pássaros acordando de seus sonos profundos, cantando descontroladamente e voando de galho em galho.

De repente, eu escuto um galho estalar atrás de mim me fazendo virar para olhar o que era. Lá estava Callie Torres, encostada em um poste na entrada da pista de corrida. Seu olhar vidrado no céu, e embora ele estivesse longe, dava pra ver um pequeno sorriso em seu rosto. Eu não tinha certeza se tinha me notado ali, e eu não queria que ela percebesse, então me virei bem devagar para o nascer do sol e fingi que não tinha a visto.

O fato de ela estar tão encantada com o nascer do sol me surpreendeu. Como eu nunca a tinha visto como o tipo de garota que aprecia coisas tão simples na vida. Isso só ajudou a reforçar minha teoria de que ela escondia algo de mim, de todos.

O sino do café da manhã tirou minha atenção do lindo céu, e eu rapidamente me levantei para ir até a sala de jantar. Enquanto caminhava em direção a saída do campo, percebi que Callie não tinha saído para o café da manhã, mas ao invés disso ela estava me encarando curiosamente enquanto enquanto eu caminhava em sua direção. Eu passei por ela sem falar nada e continuei andando em direção a sala de jantar, sem entender o porque ela não fez o mesmo.

Depois do café da manhã, Carina, Kepner e eu fomos para a sala de jogos para jogar tênis de mesa. O namorado de Carina se juntou a nós, junto com seus dois outros amigos, se tornando uma competição entre nos seis. Como eu nunca tinha jogado esse jogo antes, comecei péssima, mas lentamente comecei a aprender a jogar.

- Desde quando você é tão boa em tênis de mesa, Ari? - disse Jackson, amigo de Mark.

- Na verdade, sou uma atleta olímpica de tênis de mesa -  brinquei, batendo a bola pela rede, e fazendo um ponto de vitória.

Mark jogou o bastão num gesto de falsa indignação como quando os pais não deixam o filho ganhar mais doce. Todos nós rimos alto.

Na final, era Jackson contra mim, e foi uma partida acalorada. Jackson era bom, não bom o suficiente para meu dia de sorte, e no fim eu ganhei o jogo. O mesmo se ajoelhou na minha frente, me saudando.