Isoladas - Calzona

| Capitulo 15 |

Todos nós arrastamos nossas malas ao longo do sinuoso caminho de terra, assim como fizemos a apenas quatorze dias atrás. Eu não pude deixar de relembrar as últimas duas semanas, pensando em quão diferente minha vida teria sido se minha mãe tivesse me deixado ficar em casa longe do acampamento. Eu nunca saberia o por que Callie me intimidou todos esses anos, eu nunca teria tido meu primeiro beijo de verdade, minha primeira vez sendo íntima com alguém, meu primeiro tudo.

Duas semanas, quatorze dias, 336 horas, 20160 minutos, 1209600 segundos. Isso foi o suficiente para que eu caisse de cabeça para baixo com minha inimiga, e isso me assustou pra caramba. Eu não duvidava que ela se importasse comigo, porque eu sabia que sim, mas seu comportamento gentil duraria quando voltássemos à escola?

Fiz o meu caminho até o ônibus com Jo e Kepner, nós três levamos nossas malas pesadas para a cabine de armazenamento embaixo do ônibus. Eu o empurrei mais para trás para que outras pessoas pudessem colocar suas malas, e quando me levantei e me virei, fiquei cara a cara com Callie.

- Oh, ei! - eu sorri nervosamente para ela, imaginando como ela me trataria quando estivéssemos cercados por nossos colegas de classe.

- Ei - ela disse suavemente, sua mão encontrando a minha e apertando-a firmemente antes de solta-la

Ficamos em um silêncio nervoso, nós duas provavelmente pensando a mesma coisa, mas sem saber se devemos ou não dizer. Eu queria perguntar a ela se este era o fim de nós.

- Sente-se comigo -  ela disse de repente, me puxando dos meus pensamentos (espero) irracionais.

- Suas amigas... elas não vão falar? - perguntei nervosamente.

- Elas não são minhas amigas, Ari. Deixe-as falar, eu não me importo, quero sentar com minha garota - ela disse.

Essas duas palavras foram suficientes para fazer meu coração parar e acelerar ao mesmo tempo. 'Minha garota'. Eu nunca tinha sido a garota de alguém antes, e o pensamento de ser da Callie foi incrivelmente atraente para mim.

- S...sua garota? - eu gaguejei animadamente.

Callie instantaneamente ficou vermelha, seus olhos nervosamente encontrando seu caminho para o chão enquanto ela mexia os pés sem jeito.

- Quero dizer... eu gostaria que você fosse. Mas apenas se você quiser ser - disse ela ansiosamente, e eu não pude deixar de sorrir com seu nervosismo

Nas últimas duas semanas, eu tinha visto um lado totalmente novo de Callie que eu nunca tinha visto antes. Antes do acampamento, eu só tinha visto um exterior duro que ela exibia na frente de todos, mas consegui derrubar suas paredes e vê-la como realmente era.

- Eu gostaria sim - sorri largamente para ela que olhou para mim com um enorme sorriso no rosto.

- Jura? - perguntou animadamente, e eu acenei com a cabeça.

Dei um passo mais perto dela e enrolei meus braços em volta de sua cintura, descansando suavemente minha cabeça contra seu ombro. Eu a senti expirar profundamente, seus braços envolvendo meus ombros enquanto seu queixo descansava na minha cabeça. Era uma loucura que alguém que costumava me aterrorizar agora me fizesse sentir tão segura.

Nós nos separamos e ela deu um beijo firme em minha testa, depois avançou para colocar a mala na cabine de armazenamento. Eu assisti enquanto ela fazia isso, os músculos de suas costas atingindo o pico enquanto ela puxava a mala sem esforço para o ônibus. Eu não me sentia mais culpada por admirar sua beleza, ela era minha namorada. Eu me sentia sem culpa de sentir isso.

Subimos a bordo do ônibus, ambas cumprimentando o motorista antes de seguir pelo corredor. Eu podia ver os olhos dela piscarem em direção ao banco de trás do ônibus, seu lugar de sempre, antes de me puxar para um assento na lateral do corredor.