| Capitulo 9 |

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Quando acordei na manhã seguinte, Callie não estava em lugar algum, então presumi que ela estava lá fora como estava na noite passada. Minhas suposições foram confirmadas quando saí e a vi sentada à mesa de vidro, com a cabeça nas mãos.

- Você está bem? - perguntei.

Sem dizer uma palavra, ela se levantou da mesa e passou por mim, seu ombro batendo levemente no meu. Ela não disse uma palavra, em vez disso, entrou na cabana e bateu a porta atrás dela. Eu não tinha certeza do que tinha feito para fazê-la agir dessa maneira. Talvez ela estivesse na TPM, ou talvez tivesse recebido más notícias por telefone. Não queria insistir no assunto, então decidi deixá-la em paz. Se ela quisesse falar sobre isso, ela viria até mim.

Resolvi que também entraria, ignorei seu temperamento e fui até o banheiro para escovar os dentes. Quando terminei, voltei, vendo Callie deitada em sua cama de frente para a parede. Eu queria perguntar o que estava errado, perguntar se havia algo que eu pudesse fazer para melhorar seu humor.

- Callie? - chamei baixinho, sentando em minha cama.

- Vai se foder, Robbins! - respondeu, e eu estremeci com seu tom de voz

O que eu tinha feito para causar tal mudança no humor dela? Sua atitude me pegou de surpresa e quase instantaneamente, meus olhos começaram a arder em lágrimas. Eu não queria pressioná-la, então fiquei sentada em silêncio.

- Ok - respondi com a voz embargada, me cobrindo com um cobertor.

Eu deveria saber que o vínculo entre nós não iria durar. Eu deveria saber que todo pedido de desculpas não passava de uma mentira de alguém coração frio. Eu deveria saber que ela me considerava inútil, que tudo o que tinha acontecido na cabana até esse momento não passava de um ato de merda.

- Por que você não acredita em mim? - sua voz ecoou no silêncio.

Descobri minha cabeça com o cobertor e me sentei, olhando-a incrédula.

- Acreditar em você sobre o que? - perguntei, com o cenho franzido

- Você disse 'não faça promessas que não pode cumprir'. O que faz você pensar que eu não cumprirei minha promessa? - me perguntou, levantando-se da cama e caminhando até mim.

- O que te faz pensar que eu posso acreditar, Callie? - levantei minha voz com raiva, levantando-me e encarando-a, não me atrevendo recuar.

- Acredite em mim! - gritou, e eu zombei dela.

- Acreditar em você? - ri irônica - Como você pode esperar que eu acredite no que diz quando você não fez nada além de me torturar por três malditos anos, Callie? Acho que você nem percebe o que me fez passar, mas eu lembro de cada merda que você fez comigo!

Ela ficou em silêncio, com a boca ligeiramente aberta.

- Você se lembra da vez em que disse ao professor que eu pesquei no teste de biologia? Eu tirei um zero e minha mãe me deixou de castigo por duas semanas. Você se lembra da vez que me empurrou no basquete, apesar de estarmos no mesmo time? Rasguei dois ligamentos no joelho e não consegui andar direito por meses. Você se lembra da vez em que derramou tinta vermelha na minha mochila? Você arruinou o poema em que eu estava trabalhando para o funeral do meu pai. Ou então, quando você colocou manteiga de amendoim na tampa da minha garrafinha de água, porque você pensou que eu estava mentindo sobre ser alérgica. Eu tive que ir ao hospital naquela noite porque mal conseguia respirar. Então não ouse ficar putinha por eu não conseguir acreditar em você! - eu gritei com ela, cuspi cada palavra, as lágrimas agora escorriam pelo meu rosto.

- Eu sinto Muito! - gritou de volta para mim - Sinto muito. Gostaria de poder voltar no tempo, mas não posso. Farei qualquer coisa para fazer você acreditar em mim.

Isoladas - CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora