The lightning

Capítulo 22 - Sem escalas 🧳

Na pista de decolagem de Setember City uma equipe de transporte da VERO fazia questão de posicionar a carga da forma mais delicada possível dentro da aeronave. Um quadrimotor, modelo Boeing 747, intimidador devido a sua estrutura colossal.

O que havia dentro daquele compartimento quadricular de titânio, consideravelmente menor que uma bola de praia, era de se por medo em qualquer homem consciente. Um simples contato com seu núcleo podia provocar na melhor das hipóteses uma contração cancerígena quase instantânea! E na pior, queimaduras fatais que resultariam em uma morte dolorosa apesar de rápida. O cubo metálico reservava uma ogiva nuclear, mais poderosa e refinada do que a que devastou Hiroshima durante a segunda guerra.

A tecnologia responsável por sua contenção era sem precedentes. A caixa era ornamentada por fibras de titânio prateadas, e travas inteligentes capazes de conter toda potência radioativa à inúmeros códigos de segurança de distância.

Junto ao objeto havia um grupo limitado de guardas, todos revestidos pelas pesadas armaduras características da organização, elevando suas alturas e composições físicas acima de qualquer capacidade humana. Portavam armas com ar futurístico e refinado, e suas faces eram ocultadas por capacetes com visores negros. O ambiente por si só já era escuro. Agiam na escuridão da noite quase como se estivessem tentando se esconder. Aproveitaram o horário para desfrutarem da pista de decolagem, e tomar o tempo necessário com os procedimentos de vôo.

Os ocupantes no compartimento de carga se colocaram em posição. Guardaram a caixa metálica que reservava a ogija dentro de uma segunda repartição, dessa vez uma jaula de vidro posicionada no centro do local. Eles se dividiram, cada um em um ponto estratégico em volta da carga.

Em alguns minutos o transporte começou a chacoalhar. A comporta se fechou, as luzes diminuíram de intensidade, e o silêncio se fez presente entre os ocupantes a medida que o som ambiente ia se tornando cada vez mais estrondoso e turbulento, anunciando a decolagem do avião.

Assim que se colocaram a poucos metros acima do chão, a tensão que antes preenchia o local se dissipou. Os membros da divisão de segurança temiam que os procedimentos repentinos da alta direção fossem prelúdio para algum ataque ou emboscada inimiga. Até porque seus procedimentos de segurança foram potencializados em cima da hora, e não era mistério a ninguém que a VERO estava sobre represália constante nos últimos dias. Mas aquela opressiva sensação havia finalmente passado, podiam respirar em paz. Com o avião no ar era improvável que fossem alvo de algum ataque. O inimigo não os alcançaria nos céus.

Foi o que pensaram, antes de um vislumbre feito de luz e energia atravessar a divisão da comporta. Atravessar literalmente! Sua velocidade era tamanha que seus átomos haviam criado a distância ideal para atingir a intangibilidade, passando pela carcaça da aeronave sem grandes dificuldades.

O inimigo estava a bordo. Ele parou de frente aos tripulantes armados dentro da divisão de carga, com seu corpo ainda rodeado de fios de energia, e sua máscara inexpressiva ainda encarando o chão, transparecendo uma desconcertante calma.

Os guardas da VERO logo se colocaram em posição de ataque, se levantaram rapidamente mesmo que desequilibrados pela turbulência. Deixaram suas armas de prontidão, prontas para disparar contra o invasor. Porém era conhecimento geral que um disparo do feixe de calor produzido por aquelas armas podia romper o revestimento da aeronave, o que iria causar problemas ainda maiores. Fato era que Taquion estava cercado, e em desvantagem.

Novamente, uma conclusão precipitada.

Logo, dois dos ocupantes do time de segurança da companhia se voltaram contra os companheiros. Suas armas foram direcionadas aos guardas distraídos, disparando inconsequentemente em meio aos gritos caóticos de espanto.