Capítulo 5- Homens livres 🔗

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Era evidente a dificuldade de Danny em encarar aquelas pessoas nos olhos. Agora, ele os encara como figuras questionáveis, as quais ele não possui mais segurança em depositar sua confiança.

A presença de Barone no comando da reunião transmitia a Daniel um desconfortável sentimento de domínio. Reparava como o empresário não passava de uma figura ambiciosa, sempre envolto em bons ternos, bons discursos e boas intenções. Envolvia qualquer com sua atitude amigavelmente manipuladora. Parecia sempre estar isento acerca dos atos bárbaros que cercavam a história de sua companhia, e apresentava uma personalidade bondosa que beirava até mesmo o cinismo.

Agora ele podia finalmente ver suas verdadeiras motivações. Barone queria poder a todo custo, assim como todos aqueles homens sentados a mesa, o louvando com olhares de submissão, enxergando o mundo externo apenas como estatísticas e números para suas contas bancárias.

— Daniel está tudo bem? – O ítalo americano convoca o cientista com uma abordagem seca, o despertando daquele olhar perdido que estampava em sua face cansada.

Daniel recompõe sua postura, encara os olhares virados em sua direção e pondera frente à questão. Podia estar em um momento de negação aos ideais da VERO porém ainda trabalhava lá, e se sentar na mesa da comissão de comando do projeto lhe era uma grande responsabilidade. Precisava ter profissionalismo.

— Desculpa, eu... Perdão, pode prosseguir.

— O conselho necessita de resultados, Daniel! Por mais que eu odiei concordar com aqueles malditos acionistas aproveitadores, eu também acho que esse projeto precisa avançar a passos longos. Precisamos agir, e acelerar o processo. – É notável o tom de urgência na voz de Adam, quebrando assim quase que por completo sua postura confiante.

— "Acelerar o processo"? – Retrucou o garoto, erguendo um tom investigativo audacioso— Estamos agindo de acordo com o planejamento. Há alguma coisa nos pressionando?

— Sim Daniel. Os investimentos que efetuamos nesses estudos precisam ser recuperados. Estamos correndo riscos de perdas significativas. – Discursa o gestor, exibindo uma seriedade clínica em suas apreensões.

— Riscos?

— Quero aproveitar que já ingressamos nesse assunto para lhes introduzir a nossa solução alternativa. – Com apenas um comando na mesa digital onde a reunião era orquestrada, Adam disponibiliza aos presentes a transmissão de uma figura científica, integrada à discussão através de um recurso holográfico— Esse é o Doutor Joseph Belward, da nossa associada Biologic. Resumindo em termos leigos: Doutor Belward é o gênio por trás da técnica de manipulação de memórias.

— Pretende mexer com a cabeça de Ethan? Para que? – Daniel questiona perplexo, contendo sua reação de horror frente aquelas intenções.

— Para facilitar a colaboração do espécime com a pesquisa. A Biologic introduziu esse método em seu recente projeto e até o momento tem tido resultados. – Barone responde com uma frieza ríspida, sem nem ao menos dirigir seu olhar de irritação ao emissor da questão.

— Eu estou avisando: apagar a memória de Ethan irá regredir meu progresso com ele. Eu estava atingindo algo. Podia finalmente compreende-lo profundamente. – Gordon se manifesta em um dos pólos da mesa, e Danny direciona seu olhar de confusão ao homem, vidrado em sua presença enquanto sua consciência se afasta.

Mal podia acreditar. Estava cercado por pessoas desumanas, discutindo tratamentos cruéis e irresponsáveis a um ser humano ao qual tratavam como um objeto, um meio aos seus desejos ambiciosos. Ninguém protestava, exibiam apenas expressões de paisagem, enquanto Gordon e Barone discutiam. Até mesmo o diretor Thawne se posicionava a favor daquele plano absurdo do gestor da empresa.

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