AMOR DEPOIS DAS ONDAS Parte 1

Capítulo 44

(C). A chuva não dava trégua ficamos deitados, tentando nos segurar de cada onda que surgia... Eu pedia a Deus para não nos deixar morrer.
(L). Nós vamos morrer é a única coisa que conseguia pensar, a cada onda que passava por nós e tentava virar o barco.
Depois a tempestade se acalmou e eu só conseguia chorar, chorava de desespero, de agradecimento por estar vivo, por ter perdido Clara e Clóvis.
Eu estava olhando os primeiros raios de luz a brotar na imensidão do céu.
Olhei para o lado e Carlinhos estava sentado com a cabeça entre as pernas e batia os pés no chão do bote.
- Carlinhos...
Ele levantou a cabeça chorando e disse:
(C). A gente vai morrer Lucas, desculpa... Desculpa. A culpa é toda minha.
(L). Carlinhos sempre tão forte e corajoso, estava se sentindo perdido.
- Nada disso... Só vamos nos permitir morrer depois de vivermos tudo o que tivermos que viver.
Eu não quero e nem vou morrer dentro de um bote inflável,e nem você.  Está me ouvindo.
Cadê meu comandante, velho lobo do mar. Eu preciso dele agora.
(C). Aquelas palavras me encheram de coragem.
- Você está certo, limpo minhas lágrimas e digo: Eu preciso de uns minutos.
Olho para todos os lados e só vejo água, água e mais água.
Lucas me olhava esperançoso e eu não sabia o que dizer.
- Alguém vai nos encontrar eu sei...
O dia passa e já estamos com fome e sede, sol forte sobre as nossas cabeças e a noite fria com o vento do mar.
O choro do Lucas é o nosso companheiro diário e  confesso que também choro baixinho, a verdade é que fazem dois dias e ainda não fomos encontrados.
Adormeço pelo barulho dos roncos que minha barriga dá e acordo com o barulho das ondas no nosso bote encalhado na areia de uma ilha.
- Ilha. É uma ilha ai meu Deus Terra firme.
Lucas acorde... Acorde...
Estamos em terra firme.
(L). O que... Estamos salvos.
Levanto, saio do bote e começo a gritar:
- Olá... Alguém...
Carlinhos vai para o outro lado.
(C).- Socorro alguém!  Alguém nos ajude... Socorro!
Tem alguém aí.
(L). Nada só o som da nossa voz estamos em uma ilha e pelo jeito deserta.