Segunda fase: Capítulo 3

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Taeil, Mark e Yuta estavam sentados um ao lado do outro na cama, eu estava de frente para eles sentada em um outra cama. Estávamos em silêncio por alguns minutos, apenas nos olhando

_ Então... já pode falar _ Taeil disse

_ Eu não vou mais estudar em Harvard_ Disse o mais baixo que pude

_ Princesinha, a gente não escutou, pode falar mais alto?  _ Pediu Yuta

_ Eu disse que NãovoumaisestudaremHarvard _ Repeti, dessa vez o mais rápido que eu consegui

_ Tá bom Eminem, agora fale como uma pessoa normal _ Foi a vez de Mark falar

Me levantei da cama e fui em direção a janela, preferi olhar para rua do que para eles, estão respirei fundo e disse mais uma vez

_ Eu não vou mais estudar em Harvard _ Em alto e bom tom eu disse, dessa vez não ia mais mentir nem omitir, a hora chegou e eu não podia mais fugir

Eles ficaram em silêncio por um longo tempo, não me virei nem disse nada, continuei na mesma posição

_ Mas era o seu sonho _ Taeil disse tentando entender minha mudança repentina

_ E ainda é mas...

_ Pode falar, Anne _ Disse Yuta, senti quando ele depositou sua mão em meu ombro, eu me odiei naquele momento

_ Eu não posso_ Disse e eles entenderam menos ainda _ Eu vou para NCIT na Califórnia

_ Você vai para onde? _ Perguntou Mark chocado com minha revelação _ Anne, essa universidade e do ...

_ Eu sei de quem é, e por isso eu tenho que ir para lá _ Respondi, ainda não tinha coragem de olhar para eles. Senti a mão de Yuta sair lentamente se meu ombro

_ O que você fez, Anne ? _ Yuta perguntou

_ Bem, eu ... Me desculpem, mas eu fiz isso por vocês _ Finalmente encarei a realidade e me virei para eles _ Acharam mesmo que ele iria acordar um dia depois de deixar claro que nunca nos deixaria livre e ligar para cada um de vocês é dizer que estavam dispensados? Lógico que não 

_ Anne, o que foi que você fez _ Taeil perguntou, mas lá no fundo eu sei que ele sabia a resposta, todos ali sabiam

_ Eu fui até Tiger e fiz um acordo com ele, vocês já devem saber o que é ... _ Mark bufou, Taeil saiu enfurecido e Yuta nem se quer olhou na minha cara

Não sabia o que fazer, deveria dizer algo? Deveria me aproximar deles? Deveria ir embora de uma vez e acabar, ou ter uma ilusão de fim, com o sofrimento de uma vez?

Permaneci parada ali por alguns minutos que mais se pareciam com horas, mas então eu vi algo que me partiu o coração, uma lágrima desceu pela bochecha de Yuta, e depois dessa outra, e mais uma, e elas brotaram em quantidade. Achei que estivesse preparada para sua reação, mas eu não estava


Juntei a pouca coragem que me restava e sai do quarto quase correndo. Senti meu rosto esquentar e meu nariz arder, pela segunda vez nesse dia senti o mesmo nó na garganta. Não pude mais segurar então me permiti chorar.



Estava quase chegando na rua quando senti mãos firmes seguraram meu pulso, me virei e me surpreendi ao ver Yuta para ali. Ele me olhou nos olhos, não disse nada, apenas me puxou para um abraço apertado. As lágrimas se multiplicavam rapidamente, não queríamos nos soltar, mas deveríamos





_ Eu te amo, Anne _ Ele disse desfazendo o abraço e depositando um beijo em minha testa




_ Eu também te amo, Yuta _ Respondi e ele sorriu triste. Me disse para ir de uma vez, mas eu nem sai do lugar, ele insistiu de novo, mas não soltei sua mão. Então ele tomou a atitude, se soltou e subiu as escadas





A cena dele subindo as escadas sem olhar para atrás nenhuma vez foi de partir o coração, parecia que tudo em minha volta tinha parado e apenas ele era real. Foi triste, doeu, pela primeira vez eu pude sentir como é perder alguém que você ama por uma decisão que você tomou, é péssimo



Não sei dizer quanto tempo demorou para  chegar até o carro e entrar nele como um furacão, mas parece que Hendery, que me aguardava pacientemente, tinha previsto o que aconteceria


Ele não ligou o carro, ele não disse nada. Ele apenas se aproximou em silêncio e me abraçou, eu chorei mais ainda, eu não estava mais ligando para o que eu de fato estava sentindo a respeito da minha decisão,  agora tudo que importava era eles e o que minha atitude causou neles. Por um instante eu pensei em voltar atrás, pensei em retroceder com meu acordo, pensei em voltar correndo para eles e dizer que nada daquilo era real. Mas isso não seria possível, era de Tiger que estávamos falando, em que realidade ele iria aceitar isso?

Eu não sei dizer ao certo quando foi que eu parei de chorar, menos ainda quando Hendery voltou a dirigir em rumo ao meu futuro. Não sabia onde estávamos, se iria demorar muito para chegar ou se teria alguém que eu pudesse contar daqui para frente

Fechei os olhos e me concentrei na brisa refrescante que entrava pela janela. Uma música calma tocava na rádio, passamos por várias passagens que iam desde cidades grandes a campos verdes.


A tristeza ainda se fazia presente, ela não iria desaparecer tão cedo, mas a essa altura não há nada que possa desfazer o que já está feito. Então resolvi aceitar a realidade como ela é, afinal, o que me resta?


_ A casa é muito bonita _ Hendery quebrou o silêncio, eu olhava para janela apreciando a beleza que a natureza era capaz de reproduzir com tanta  facilmente, era como uma pintura _ É bem espaçosa também... você vai ter um quarto só seu _ Virei minha atenção para ele

_ Você vai estar lá? Quer dizer, vou te ver com frequência? _ Perguntei com esperança


_ Sempre que você precisar eu vou estar lá, não se preocupe com isso _ Hendery sorriu olhando para mim por poucos segundos _ Talvez o manda-chuva me torne seu  guarda-costas, se ele fizer  isso vamos  nos  ver todos  os dias, sem exceções, você vai até enjoar de mim 

_ Acho difícil, você parece muito divertido _ Respondi e ele soltou uma risada leve

_ É o que dizem as melhores pessoa_ Respondeu Hendery e foi minha vez de sorri


Não pensei que a viajem fosse tão longa, paramos três vezes durante todo o percurso e chegamos no nosso destino assim que escureceu.


Uma senhora estava no esperando em frente a um imenso portão preto. A reconheci na mesma hora, era a supostas avó de Taeyong, a dona da papelaria, agora ela usava roupas mais refinadas e tinha uma postura invejável, mas sua gentileza ainda permanecia intacta




_ Olá Anne, como vai? A viajem foi tranquila? _ Perguntou a senhora e os portões atrás dela se abriram, dando visão para um jardim muito bem cuidado e uma mansão se cair o queixo



_ Estou bem, e a viajem foi boa _ Disse tentando ao máximo não parecer desgostosa




O carro voltou a andar e parou em frente a grande porta de entrada. Tudo era muito bem iluminado, nem parecia real. A estrutura não era moderna, muito pelo contrário, sua estrutura era antiga, embora as janelas fossem de vidro do chão ao teto, tinha árvores por todo lado e sua pintura era branca. Em um definição melhor, ela era clássica. Eu não vou mentir, apesar da situação que me encontro, morar em um lugar como esse não pode nem de longe ser algo ruim

Pelo menos assim eu espero

| in the dark of night - Yuta Nakamoto |Onde histórias criam vida. Descubra agora