A água quente do chuveiro batia contra meu rosto e escorria pelo meu corpo de forma rápida, embora parecesse ser muito demorado, era como se tudo estivesse em câmera lenta, os segundos pareciam minutos, os minutos pareciam horas, as horas pareciam dias, e assim por diante. Abaixei a cabeça e olhei para o chão do box, uma grande quantidade de água se espelhava por todo ele é descia pelo buraco do ralo
Respirei fundo e desliguei o chuveiro. Gotas de água pingava do meu cabelo já não tão longo enquanto meus pelos se arrepaiavam por conta do frio. Enrolei a toalha em minha cintura e me olhei no espelho, olheiras fundas, o famoso olhar de peixe morto e o nariz vermelho por causa da gripe
_ Yuta, você morreu ai dentro? _ Johnny chamou do lado de fora enquanto batia na porta
_ Seria ótimo _ Respondi fungando o nariz e me apressando
Ao sair do banheiro, Johnny entrou rapidamente, como se sua vida dependesse de seja lá o que ele queria fazer, em um outro cenário eu teria reclamado do esbarrão que ele deu em meu ombro, mas estava tão cansado que só fui perceber isso depois de já estar deitado em minha cama com a cara enfiada no travesseiro
_ Toma, japonês, comprei essa vitamina C pra você _ Taeil jogou uma sacola com aspirinas ao meu lado, eu agradeci sem mover um músculo se quer _ Tenta pegar um sol ou comer algo
_ Eu só preciso dormir _ Respondi ainda com a cara enfiada no travesseiro _ quando eu acordar vou estar melhor
Confesso que já nem sei se meu desânimo é um dos sintomas da gripe, ou se é devido ao fato de que estudar direito requer muito da minha energia, ou se a Anne e suas revelações, juntamente de sua ausência, são a real causa do meu estado crítico e completamente preocupante.
Três meses. Havia exatos três meses desde o dia que Anne Moon, o amor da minha vida e razão pela qual estou vivendo no automático, entrou por aquela porta e jogou um bomba no soldado arrasado de Osaka, também conhecido com Yuta Nakamoto, o zumbi japonês que anda pelo campus de Harvard. Sinceramente, eu já estou aceitando o termo "zumbi" com um elogio
_ Cara, vai na enfermaria, você ta péssimo _ Escutei Mark dizer
_ Primeiro, eu não vou em enfermaria nenhuma, e segundo, eu sei que estou péssimo _ Respondi finalmente me sentando na cama e pegando a sacola da farmácia e vendo os três vidrinhos de aspirinas de vitamina dentro dela
_ Você precisa levantar dessa cama, não vai chegar a lugar nenhum desse jeito, irmão _ Johnny disse saindo do banheiro
_ E quem disse que eu quero chegar em algum lugar? _ Eu perguntei me jogando para trás, voltando a deitar na cama, dessa vez de barriga para cima _ Eu só quero ficar aqui para sempre _ Me cobri com o cobertor e fechei os olhos que já estavam pesados _ Me acordem quando for segunda-feira, se me acordarem antes eu mordo vocês
A quem eu queria enganar? Não ia conseguir dormir, estava confortável, estava aquecido, tinha tudo para ser uma ótima noite de sono, exeto a parte do sono e da ótima noite. Horas ja haviam se passado, o relógio eletrônico ao lado da cama de Mark marcava uma e trinta e cinco da manhã, eu virava de um lado para o outro, abria e fechava os olhos incontáveis vezes, e mesmo que estivesse morrendo de sono e cansaço, minha mente não me permitia dormir, não permitia pois estava ocupada com outra coisa
Então, como em todas as noites difíceis para dormir - e acredite se quiser, eram mais comuns do que se pode imaginar - , eu pegeui meu celular e o desbloqueei, fui direto para a galeria, e depois de um curto tempo procurando, encontrei a icônica foto da Anne dormindo sobre o livro se matemática, seu cabelo se espalhava pela mesa e a caneta de unicórnio que, depois de muito tempo procurando, encontrei para presentea-la estava presa entre seus dedos de forma desajeitada. Um sorriso triste brotou em meus lábios enquanto uma lágrima solitária escorreu pelo canto do meu olho
Eu nunca pensei que estaria desse jeito, sofrendo por amor como um dos bocos dos livros clichês que minha princesa lia a maior parte do tempo e chegava a chorar, me lembro perfeitamente de como eu implicava com ela vez ou outra toda vez que ela chorava após ler uma das declarações de amor que o personagem fazia - todas elas muito semelhantes - e logo depois a consolava enquanto terminava de ler para ela pois seu choro a impedia de concluir a leitura
Desliguei o celular me sentido pior do que antes, a vontade de chorar só crescia a medida que lembranças vinham em minha mente como se fossem cenas de um filme triste. Respirei fundo tentando espantar o sentimento, mas não adiantou. Durante todo esse tempo eu tentei ligar para ela ou mandar mensagem, mas no final eu sempre desistia, e eu nem sei o motivo de tanta insegurança. Além de estar morrendo de saudades dela, estava morrendo de preocupação, em resumo, eu estava morrendo por tudo, só de pensar no que ela está passando meu peito dói
Eu poderia dizer mil palavras, fazer mil gestos, escutar mil músicas e ler mil poesias, mas nada seria capaz de tapar esse buraco crescente dentro de mim. Então isso era amar? É isso que sentimos quando temos nosso coração partido? Essa dor é real ou apenas uma ilusão? São muitas perguntas que me fiz nesses últimos três meses, nenhuma deles têm respostas.
Me pergunto também se Anne está tão abalada quanto eu, e só de pensar nisso eu fico pior. Imagine só, minha princesa em um estado tão decadente assim, ela não merece isso.
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| in the dark of night - Yuta Nakamoto |
FanfictionEra uma cidadezinha pequena e chuvosa, todos se conheciam e se davam bem , claro que tinha sua exceções. Era um lugar calmo, nada de interessante ou perigoso acontecia lá, Anne Moon sempre gostou de morar lá por causa disso, toda sua família gosta...