Nunca se ouviu tantos gritos como nesta manhã aos fundos da loja de brinquedos Zokoss. Sorte que Bart é o suficientemente paciente para aturar as exigências da avó. Ele se tornou ainda mais calmo nesses tempos, pois seu aniversário de dezoito anos está se aproximando, mas sinceramente Bart não acredita que a sua nova idade vá interferir em alguma coisa.
- Sr. Bart, por acaso estou falando outra em língua? Você está prestes a completar dezoito anos, mas continua o mesmo adolescente irresponsável! A loja irá lotar esses dias e você nem contratou os novos funcionários. - Gritava Abigail Zokoss. Uma senhora de cabelos brancos gorducha. Extremamente rabugenta e exigente.
- Eu já disse vó! Espalhei os cartazes pela cidade, coloquei no jornal os avisos das vagas, porém as pessoas que se ofereceram até agora não possuem talento para consertar brinquedos ou lidar com dinheiro.
A discussão é interrompida com o som de um sino. Alguém entrou na loja. Um silêncio perdurou por alguns instantes no velho depósito da Loja de Brinquedos Zokoss. Durou apenas alguns instantes, porque Abigail voltara a gritar novamente.
- O que você está esperando? Vá atender! Nunca deixe um cliente esperando!
Em meios às caixas de brinquedos, imediatamente Bart obedeceu sua avó e atravessou o galpão de madeira em direção à porta que dá acesso ao balcão da loja.
Um casal de jovens simpáticos estava admirando um trem avermelhado que andava velozmente por trilhos de brinquedo soltando algo similar a fumaça.
- Bom dia? - Os jovens terminaram de apreciar a locomotiva e caminharam em direção a Bart, ele jurou escutar entre os sussurros do casal a frase: "Sim, é ele mesmo... Tenho certeza". Os olhos do casal correram dos pés a cabeça de Bart e o que viram foi um jovem de boa aparência, rosto fino e cabelos castanhos escuros. Possui olhos que se aproximam de um mel escuro, tem a estatura muito baixa. Constantemente seus amigos fazem piadas por conta de seu nariz enorme e suas orelhas compridas. Bart também usa óculos com armações finas e pretas.
- Ah, bom dia... - Ergueu as mãos o rapaz para cumprimentar Bart. Ele possui aparência estrangeira, a mesma estatura de Bart. Cabelos de um loiro quase chegando ao branco e olhos de um azul tão claros como Bart nunca vira antes. - Sou Camilo Knust e essa aqui é minha namorada, Enn Gaia. Você é Bartolomeu Neto Zokoss? - Bart não odeia ser chamado pelo nome do avô, mas prefere ser chamado pelo seu apelido Bart. Pequeno e Simples. Ele até tentou se identificar nos anúncios de vagas como Bart, mas sua avó Abigail insistiu que ele deveria usar o nome completo: "Que ousadia Bartolomeu Neto Não querer usar o nome do avô? Você deveria ter orgulho de ter o mesmo nome que este homem incrível! '' Dissera Abigail.
- Sim sou eu, mas pode me chamar de Bart.
- Nós viemos em busca destas vagas ofertadas aqui na loja de brinquedos. - Disse a pequena Enn, seus olhos puxados, seus cabelos compridos, lisos e negros com sua franja lhe davam um aspecto asiático.
Ao ouvir a intenção do casal os olhos de Bart brilharam e um pequeno sorriso pode ser notado em sua boca.
- Nossa, que bom! Já estava pensando que ninguém mais viria, vamos nos sentar... Vou traze-los um café, a manhã está fria, vocês aceitam?
O casal respondeu que sim, e sentaram em um sofá vermelho, fofo e grande. A admiração pela beleza da loja encantava o Enn e Camilo.
Zokoss - Brinquedos artesanais - É uma das lojas mais populares da cidade de Videira. Cada criança que passa em frente a loja admira os brinquedos expostos na vitrine e gritos de "Eu quero!" ou "Compra esse pra mim papai!". Zokoss é uma loja extremamente lotada de brinquedos de todos os tipos. Antigos e modernos. O chão da loja é coberto por um belo carpete cor de vinho, com estrelas verdes impressas. O teto do local é cercado por balões, móbiles de aviões pendurados de brinquedos de todas as cores e tamanhos, discos voadores que brilham e pássaros de plástico que cantam de forma idêntica a um pássaro natural. No meio da Zokoss, há uma grande mesa redonda de madeira com caixas contendo jogos como quebra-cabeças, jogos da memória, e jogos que envolvem tabuleiros. No lado esquerdo da loja, dezenas de estantes guardam vários tipos de brinquedos para garotas: principalmente bonecas de todos os tamanhos e preços, fantasias de princesas, em baixo de uma árvore de plástico com uma pequena casa no topo, está uma grande mesa com utensílios para servir chá feitos de plástico, há balanços pendurados no teto. Em exposição na vitrine alguns robôs com olhos de lâmpadas dançam de forma engraçada atraindo a atenção de algumas crianças e seus pais. No lado direito, brinquedos direcionados aos meninos estão organizados impecavelmente: carrinhos, carrões, bonecos, tambores, robôs, alguns personagens da televisão. Também há uma área destinada instrumentos musicais de brinquedos, como tambores, violões, guitarras pequenos pianos, flautas doces e muito outros instrumentos. Próximo ao balcão de atendimento que é feito de uma madeira muito bonita, ursos e fantoches coloridos: pequenos, médios e grandes e todos os animais que você pode imaginar, estão organizados de forma como se fosse uma plateia de expectadores. Eles vestem roupas que lembram personagens de circo. Atrás do balcão de atendimento, há uma estante com inúmeros livros infantis. Em cima do balcão há doces, caramelos, pirulitos, cup-cakes, balinhas, amendoins, biscoitos, barras de chocolate, baldes com alcaçuz e muitos, muitos outros tipos de doces. A iluminação da loja é clara e amarelada. A maioria dos brinquedos ficam fora da caixa, segundo a família Zokoss, quando as crianças brincam elas sentem mais vontade comprar aquele brinquedo. O problema é quando as crianças quebram os brinquedos. Bart já sugeriu muitas vezes para que os brinquedos fiquem guardados dentro de caixas, mas seus avós nunca permitiram tal decisão. As paredes da loja quase não são perceptíveis, as estantes e prateleiras a cobrem totalmente, mas ainda sim é possível ver que nelas estão gravadas várias cores. Há um aquário gigantesco perto da grande portaria de vidro, cheios de peixes palhaços e com uma bela decoração, o aquário sempre causa tumultos na porta porque muitas pessoas ficam ali paradas admirando os peixes. Ao lado do aquário há um incrível castelinho feito de Lego. Em cima da porta de vidros, há um lustre preso no teto, feito com inúmeras louças de porcelana.
Enn se aproxima dos brinquedos para meninas e vê uma pequena caixa de madeira. O que será isso? Pensa.
- Enn, acho melhor você voltar, Bart já deve está chegando com o nosso café...
- Só um momentinho... - Admirada, Enn pega na caixinha de madeira e uma tampa abre-se, mostrando uma bela bailarina negra vestindo roupas de basquete começa a tocar uma canção animada e a bailarina dança hip-hop. - Ual! Nunca vi uma dessas lá em Cidades Unificadas.
- Devem ser fabricadas em Pincelaria... Volte Enn...
- Espere só mais um instantinho, me deixa ver isso aqui... - Assim um som similar a um pequeno carro começa a surgir dentro da loja.
- Enn, acho que alguém está vindo. - Avisa Camilo, e de forma discreta e nada amigável, Abigail se posiciona com suas cadeiras em frente ao balcão olhando para Enn.
- Então são vocês que vieram se candidatar aos cargos de nossa loja? - Discretamente Enn pega a pequena caixa e devolve a estante. Com as bochechas rosadas e cheias de vergonha responde que sim.
Com uma bandeja em suas mãos e um avental verde, com o logotipo da Zokoss, surge Bart atrás do balcão. Ele olha para sua avó Abigail e faz um gesto com o resto de negação. Ele serve o café em xícaras que parecem caríssimas, com alguns deliciosos biscoitos de polvilho. Abigail de cara amarrada se despede, e diz que vai buscar o marido no aeroporto: "Ele está voltando de uma grande viagem, está super cansado. Foi tratar de negócios, quando ele chegar aqui, não quero você vocês enchendo a paciência dele." Disse de forma brutal antes de sair.
- Ela é sempre assim, não se preocupem. - Informa Bart - Hoje a loja não irá abrir, eu tirei o dia para colocar a decoração de natal que estão em caixas lá no deposito, e também o vovô vai chegar cansado sem paciência para atender clientes. É melhor não abrir mesmo. Pois bem, vamos a nossa entrevista?
Alguns minutos se passam e os três conversam sobre brinquedos, finanças, dinheiros e experiências profissionais. Camilo e Enn já trabalharam em uma fábrica de brinquedos artesanais. Bart também pede para que eles ajudem a concertar alguns brinquedos que estão quebrados de forma simples e eles conseguem em poucos minutos. Utilizam as ferramentas com muita agilidade.
- Nossa! Estou impressionado com vocês, olha, nenhum funcionário da nossa loja se mostra tão bom quanto vocês. - Parabeniza Bart. - Há uma última tarefa para hoje, será que vocês poderiam me ajudar a decorar a loja para o natal? - Bart sorri de forma sem graça como se tivesse pedindo o favor mais complicado do mundo, Enn e Camilo respondem que sim.
***
Um Senhor bigodudo com um macacão jeans entra na loja.
- Quem são esses? - Ele pergunta para Bart.
- Calma vô, eles vieram para a entrevista de vagas. Esses são Enn e Camilo. - Gentilmente Enn e Camilo caminham em direção ao Bartolomeu e dão as mãos para cumprimenta-los. Esperam. Esperam. Esperam. E nada. Bartolomeu não os cumprimentou. De forma acanhada eles abaixam as mãos e as escondem no bolso.
- O que vocês estão olhando? Nós não vamos carregar essas malas e essas caixas pesadíssimas. Vamos se mexam! - Grita Abigail que acabara de chegar.
Com agilidade Camilo, Enn e Bart saem da loja para pegar as caixas e ficam impressionados por não encontrarem. Onde elas estão? Se perguntam.
- Dentro daquele caminhão ali! - Aponta Abigail. Os três se olham de forma engraçada, e caminham em direção ao caminhão. Durante o carregar das dezenas de caixas, Bart informa ao casal que eles já estão contratados e que o serviço deles começa no dia seguinte. Mal Bart sabe que este casal está extremamente ansioso para voltar no próximo dia.

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Cidades Suspensas
FantasíaASSISTA AO BOOK TRAILER OFICIAL DE CIDADES SUSPENSAS: https://www.youtube.com/watch?v=2WRJmEVkGU8 Bart e Nora vivem em uma cidade nublada e cinzenta. Poucas vezes viram o sol, mas todos os dias veem a chuva. Suas vida sempre foram monótonas, assim...