A última missão do dia ficou para Pietro, o funcionário mais velho da loja. Ele precisou limpar um vômito do busto do boneco de chumbo que fica em frente à loja de brinquedos.
— Cara, o que foi que essa criança comeu? Essa mancha não sai nem com ácido sulfúrico. – Disse Pietro com cara de insatisfação, arrancando risos dos outros funcionários enquanto esfregava a mancha amarelada no pé do boneco de chumbo.
— A história desse boneco é muito interessante... — Começou Bartolomeu, todos os funcionários reviraram os olhos, pois essa é uma história que Bartolomeu insiste em contar, todas as semanas, todos os meses, todos os anos. Repete tanto, que alguns já sabem de cor. Camilo e Enn não conhecem e se mostram interessados no conto do vovô. Bart se retira para ler mais um pouco o manual de instruções e ver o local adequado para instalar as câmeras.
***
Todos foram embora, mas Bart permanece para instalar as câmeras. A pedido do avô, não contou para nenhum funcionário sobre essas instalações. Separou as câmeras em cima do balcão, alimentou os peixes e se posicionou em meio à loja. Colocou as mãos na cintura e olhou em sua volta.
— Hmm, Quais seriam os pontos estratégicos para essas câmeras? — Falou para si mesmo.
Com força, arrastou algumas mesas e colocou as câmeras em pontos estratégicos, que segundo ele, tem melhor visão da loja. Conectou os cabos e escondeu-os por trás das estantes cheias de brinquedos e levo-os em direção ao grande balcão de madeira. Conectou os cabos ao notebook da loja, instalou alguns programas que vieram junto com as câmeras...
— Prontinho! Até que não é difícil. — Bart não percebeu, mas instalar as câmeras tomou quatro horas do seu tempo da noite. — Eita, já são uma hora da manhã? Como eu vou pra casa sem a minha bicicleta? — Bart insistia em falar sozinho. Frustrado, percebeu que ainda estava com o avental – retirou-o, pendurou no lugar certo. Desligou as luzes da loja, e entrou com o notebook para o deposito. Que raiva, vou mesmo ter que passar a noite aqui! O cheiro de plástico e papelão do depósito irritava Bart.
Jantou biscoitos com café frio, olhou brevemente suas redes sociais, e estando cansado se jogou em cima da poltrona do galpão. A noite para Bart foi muito desconfortável. De cochilos em cochilos ele acordava. Sentou-se direito na poltrona e percebeu na tela de seu Notebook as suas terríveis olheiras. Por curiosidade, abriu o aplicativo de câmeras que havia instalado há pouco tempo.
A câmera filmava tudo de uma forma esverdeada, e até assustadora. Bart nunca tinha visto a loja como uma coisa feia, porque de fato não era, mas olhando pelas câmeras esverdeadas, não achou nada agradável. Fez um breve rodizio pela câmera, um, dois, três, mas na quarta viu uma movimentação esquisita na tela.
Dois adolescentes estranhos guardavam dentro de suas sacolas brinquedos. Um rapaz e uma moça. Aproximou o zoom na câmera, e percebeu que apenas o menino guardava, a moça fazia gestos como se estivesse discutindo. Bart coloca o notebook ao seu lado, e caminha como um gato em direção à loja. Adolescentes estão brigando. Uma é Enn, e o outro? Definitivamente, não é Camilo. Bart corre para tentar proteger Enn do ladrão, mas o ladrão levanta uma pequena arma estranha feita de madeira. Bart rapidamente chuta a mão do garoto jogando sua arma no chão. Então Bart corre e dispara em direção ao rapaz, porém Enn se coloca a frente da arma. Uma luz que cegaria qualquer pessoa é emitida do pequeno objeto. Enn cai no chão sangrando. Bart joga a arma feita de madeiras no chão e o ladrão some misteriosamente.
— Enn? Você está bem? — Mas só ao observar os olhos de Enn olhando para o nada, Bart já sabe que ela não está viva. Bart escuta passos na loja, e decide esconder-se com Enn atrás de alguns brinquedos. Quem será a essa hora?
Tarde demais. Um rapaz aparece com um olhar fulminante na direção de Bart e grita de forma ensurdecedora.
— O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? ASSASSINO!
Bart está transparecendo dúvidas, muitas dúvidas. Então Camilo empurra Bart com força contra alguns brinquedos que se estilhaçam em vários pedaços. A escuridão da loja assusta ainda mais a Bart.
— Enn... Responde... – Sussurra em lágrimas. – Então retira do bolso de sua jaqueta um estranho frasco cheio de um liquido brilhoso. Em lágrimas, derrama-o em cima do ferimento causado pela bala cravada no peito de Enn. — Funciona... Por favor... Funciona... — Porém o liquido brilhoso perde a cor, e se torna cor de sangue. — Gritava Camilo. Bart cada vez mais temia a Camilo. Seus olhos estavam vermelhos e sua pele estranhamente esverdeada, suas orelhas incrivelmente compridas e seu nariz crescera. Camilo, ofegante, se levanta e corre com uma velocidade sobrenatural em cima de Bart. Bart Bart procura algo para se defender e, portanto pega do chão a pequena arma feita de madeira e aperta na direção de Camilo. Um disparo. E Camilo é jogado para trás pelo impulso causado pelo disparo. Com a respiração ofegante, mas com um tiro no peito, ele perde as forças e cai no chão, causando um baque surdo. Com os olhos vidrados, olhando para o nada. Sem vida.
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Cidades Suspensas
FantasíaASSISTA AO BOOK TRAILER OFICIAL DE CIDADES SUSPENSAS: https://www.youtube.com/watch?v=2WRJmEVkGU8 Bart e Nora vivem em uma cidade nublada e cinzenta. Poucas vezes viram o sol, mas todos os dias veem a chuva. Suas vida sempre foram monótonas, assim...