O medo de caminhar no pântano próximo ao anoitecer torna-os mais rápidos em seus passos. O frio cortante obrigado-os a se vestirem com mais peças de roupas. Lino então autoriza todos a pararem por alguns instantes para uma breve refeição antes de dormir.
-- Há alguns pães de ervas dentro desta sacola, nós vamos dividir, então caminharemos por mais uma hora até chegarmos nas áreas mais abertas do pântano, onde há menos árvores, portanto menos abdons. – Orienta Lino. – Peço a todos que imediatamente procurem pelas cavernas e descansem, nada de conversas até altas horas da noite.
-- Por mim eu dormiria até aqui mesmo.- Responde Carlota.
-- Pode ficar por aqui, um Abdon fará companhia para você. —Retruca Frida.
Os cinco jovens sentam-se na raiz de uma grande árvore e repartem alguns pães de ervas. Tomam um chá frio de Agave-Azul. Pés cansados, e profundas olheiras estão presentes dos pequenos corpos. Quando estão extremamente relaxados, Chris alerta que precisam continuar caminhando.
Debaixo de uma forte chuva, seus pés atolam na lama, e os passos tornam-se cada vez mais lentos. A noite está escura, pássaros cantam, e abdons dormem no topo das altíssimas árvores que fecham completamente o céu.
A cada passo dado por Carlota, em sua mente, arrepende-se de ter fugido da escola. Sempre fora muito estudiosa, concentrada e cheia de notas altas, mas não poderia deixar sua Irmã sozinha. Carlota nasceu apenas alguns minutos antes de Frida, o suficiente para se intitular irmã mais velha e mais responsável.
Frida pelo contrário sonhava com a liberdade que poderia ter. Trocaria sua vaga na escola por qualquer emprego entre os camponeses das cidades marrons. O luxo e o dinheiro que seus pais tinham não iluminavam seus olhos, mas sim os boatos sobre o quanto cada terreno tinha sua própria autonomia, e viviam do jeito que queriam. A tal da liberdade de ir e vir queimava no coração de Frida. Só o fato de estar ali, caminhando debaixo da chuva, desviando das árvores e plantas, já causava uma grande alegria. Admirava cada pequeno animal que se escondia, e adorava olhar para os olhos vermelhos dos abdons.
A chuva não tinha passado, mas finalmente conseguiram chegar nas áreas com menos árvores de todo o pântano . A clareira é pequena e possuí muitas pedras, o céu sem muitas árvores torna chuva mais intensa, o forte som traz até a dificuldade de um ouvir ao outro.
-- Debaixo de cada pedra há pequenas cavernas, vamos encontrar uma onde a água da chuva não entre com tanta intensidade. – Grita Chris com a mão sobre a testa para impedir que a chuva atrapalhe seus olhos de visualizar melhor seus amigos.
Imediatamente os cinco procuram espaços entre as pedras para que possam entrar e se proteger a noite fria e chuvosa. Frida grita a todos que encontrara um grande espaço em baixo de uma das pedras, mas ninguém a ouve. Ela tenta outras vezes fazendo sinais e apontando para o espaço. Ao perceber que está muito distante dos outros, decide subir na grande pedra e fazer novos sinais para alertar do espaço encontrado.
Suas mãos molhadas possuem dificuldade de seguras nas frestas das pedras, e seus pés de pisar nos pequenos espaços que ela reluta para encontrar. Ergue sua mão esquerda em direção a uma nova fresta, ao conseguir se firmar sente um corte imediato em sua palma. O pequeno vão era afiado o suficiente para cortar sua mão. Segura apenas por uma mão na grande pedra, sente a água da chuva querendo soltar seus dedos, e seu próprio peso. Frida então entra em desespero e grita o quanto pode, mas seus amigos não podem ouvir. Seus braços começam a ficar cada vez mais cansados, punhos duros como se fossem quebrar ao meio. Pânico e coração saindo pela boca.
Ao olhar mais abaixo, Frida percebe um pequeno buraco onde pode colocar seu pé direito e ganhar mais sustento. Então balança-se em direção do pequeno buraco. Descobre que infelizmente o buraco é mais longe do que parecida, talvez com um pouco mais de força nas pernas consiga pisar no local e ter mais segurança.
Respira fundo e se balança, enquanto sua mão cortada lateja de dor e sangue escorre pela pedra. Primeiramente seu pé não alcança. Na segunda tentativa chega muito perto. No terceiro balançar o pé de Frida pisa certeiro no pequeno buraco. Porém o corpo da pequena jovem se desequilibra, sua mão solta a pedra e Frida cai.
Seu corpo vai em direção ao chão, caindo em uma nova pedra fria e dura. Seus olhos fecham e seu corpo está desfalecido em meio a forte chuva.

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Cidades Suspensas
FantasyASSISTA AO BOOK TRAILER OFICIAL DE CIDADES SUSPENSAS: https://www.youtube.com/watch?v=2WRJmEVkGU8 Bart e Nora vivem em uma cidade nublada e cinzenta. Poucas vezes viram o sol, mas todos os dias veem a chuva. Suas vida sempre foram monótonas, assim...