Capitulo 3

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            — Sim, você está atrasado! – Brigava Bartolomeu com o neto enquanto puxava as orelhas. "Ai, vô! Está doendo! Para! Para!" Resmungava Bart em meio a muitas crianças que estavam na loja observando um rapaz daquela idade ser repreendido.

            — Ponha logo seu avental e vá arrumar aqueles brinquedos! Só não demito você, porque és meu neto! – Ordenava Bartolomeu, limpando graxa no seu macacão jeans surrado .

Bart passou a mão nas orelhas tentando espantar a dor e a vermelhidão.   

— Deve ser por isso que suas orelhas são enormes, tio Bart. — disse uma menina mimada com tranças no cabelo, que segurava um enorme coelho verde. Seu nome é Anita. Bart odiava Anita. ''Aquela menina mimada e chata''. Comentava com os amigos. Bart não suportava Anita justamente por ser debochada e arrogante. Comprava todo e qualquer brinquedo novo na loja e exibia-os para outras crianças que não tinham condições de comprar. A pequena Anita estava ali provavelmente porque Abigail ligara algumas horas antes para o pai da garota avisando dos novos brinquedos.

Bart começa a sentir-se cansado por ter andando uma distância imensa da estradinha até a loja. Se seus avós descobrissem que a bicicleta fora roubada, com certeza iriam puxar a orelha dele novamente. Bart mentiu para seu avô, contando que a sua bicicleta estava na oficina para reparos. Então o jovem Bart atravessa a o balcão de madeira, pega um pacote de biscoitos e caminha em direção ao deposito. Caixas e mais caixas esperam por Bart. Mas antes do trabalho cansativo, ele senta-se e em uma velha poltrona marrom e liga a pequena televisão. Serve-se café e acena para Enn e Camilo que estão lá no fundo catalogando os brinquedos.

            — Já, já vou ai com vocês! – Gritou Bart.

            — Isso mesmo! Eu acordei, sai para o jardim e meu carro não estava mais estacionado! – Disse uma mulher na televisão aos prantos. Ela está vestida com uma camisola muito ridícula. "Essa senhora não tem vergonha?" Pensou Bart.

— Furtos e mais furtos estão acontecendo em Videira. O que parece aumentar nessa época de fim de ano, segundo o policial Juarez Montes.

— Esses casos de furtos aumentam sim no fim de ano, suspeitamos de grupos de adolescentes vândalos que estão roubando as coisas na nossa cidade. Eles atacam sorrateiramente durante a madrugada, principalmente em locais que não há câmera de segurança.

— Policial, e o que você indica como forma de segurança para os cidadãos videiros que estão nos assistindo nesse exato momento?

— O que eu posso falar, é que providencie o quanto antes câmeras de segurança e que reforcem a proteção das portas e janelas, e que também evitem andar pelas estradinhas.

— Obrigado policial! Esperamos que estes casos sejam resolvidos, e que a paz volte a reinar em Videira. Voltamos agora ao Jornal...

O café de Bart foi interrompido com uma tapa que levara na nuca do seu avô Bartolomeu. Bart deixa cair a xícara de café quente e os biscoitos, cospe parte do café e tosse como tivesse se afogado com o café quente. Fica de pé imediatamente sem reação.

            —  A sua bicicleta não está na oficina, não é Senhor Bartolomeu Júnior? – Interroga o velho.

— Mas é claro que está vovô! – Mente Bart.

— Essa bicicleta foi dada a você com muito amor e carinho! Se eu descobrir que você a perdeu para alguns adolescentes marginais, você vai ficar de castigo! Justamente para deixar de andar por essas ruas desertas e porque às vezes você esquece-se de guardar a bicicleta com correntes lá em casa. Está ouvindo mocinho?

— Tudo bem vovô, prometo ter mais cuidado!

— Agora pegue essa caixa aqui, contém algumas câmeras. Alguns brinquedos sumiram nessa madrugada, então, por enquanto  você  vai dormir aqui. — Disse o avô de forma ordenada.

— Mas vovô, eu não sei instalar câmeras.

— Por isso, aprenda! Aqui tem o manual.

Bart pega a caixa com muito cuidado, e diz que vai colocar apenas durante a noite, antes da loja fechar, pois a loja está cheia de crianças. O avô concorda e se retira em passos pesados do galpão.  O dia segue cansativo e cheio de serviços. Clientes enfurecidos. Crianças chatas e irritantes. Nessa época a loja fica lotada e insuportável.

            — Mas eu quero um carrinho rosa! – Gritava uma menina ruiva.

            — Filha, esse carrinho é rosa, você não está vendo?

            — Não é o tom de rosa que eu gosto! – Impaciente a pequena ruivinha joga o carrinho no chão e chora como se não houvesse fim para sua dor. De repente Enn aparece de trás com o mesmo modelo de carrinho abaixa-se perto da menina, limpa suas lágrimas e diz:

            — Esse é o rosa que você quer, não é? — A criança fica com olhos faiscando e sorri respondendo que sim. ''Pra mim rosa é rosa''- Sussurra Bart a Camilo. ''Você que pensa, há sim diferenças de tons''. Responde Camilo surpreendendo Bart. Continuam arrumando brinquedos o dia inteiro e atendendo telefones clientes e crianças nervosas, realmente o almoço planejado horas antes deveria ficar para outro dia.



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