Capitulo 6

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Capitulo 6

      Tânia está no meio da praça vendendo seus artesanatos. Seus cabelos negros e encaracolados estão decorados com uma fita esverdeada que cobre também parte de sua testa. Veste um longo vestido marrom, um pouco mais claro que o tom de sua pele. Por debaixo do longo vestido, suas pernas balançam incessantemente demonstrando sua ansiedade.

— Onde diabos está Nora? – Tânia pergunta a Jorge, enquanto observam entediados o movimento intenso de pessoas na tarde frienta de videiras.

— Verdade, ela não é de se atrasar... – A resposta de Jorge é interrompida pelo galopar de três cavalos que levam três homens bigodudos extremamente sérios, no meio da avenida principal. Tânia imediatamente ergue sua cabeça e percebe que eles estão vindo em sua direção.

— Luntres... — Jorge arregala seus olhos e sua expressão de espanto só piora a situação.

— Ora, ora, ora... Banidos... — Diz o primeiro Luntre para os outros com voz de deboche. Os cavalos que possuem muitos músculos, como se tivessem se alimentado de hormônios desde o nascimento, causam mais medo em Tânia e Jorge do que os baixíssimos Luntres.

— O que vocês querem aqui? – Enfrenta Tânia. — O lugar de vocês é lá em cima! — A coragem toma conta de Tânia quando ela se lembra de que os Luntres nada podem fazer na cidade dos Terrenos.

    O Luntre do meio puxa uma grande corda de suas costas e com um estalar derruba Tânia no chão. O atrito da corda com a pele negra de Tânia causa imediatamente uma vermelhidão. Jogada no chão e indefesa, Tânia acompanha o terceiro Luntre descer de seu cavalo e retirar de sua bolsa uma grande espada. A lamina grande e afiada espada destrói a pequena barraca e os artesanatos são atirados no chão molhado da praça. Jorge imediatamente corre em direção de Tânia e a levanta.

— Nos respeitem na próxima vez... — Grita o primeiro Luntre. Seu uniforme de couro mostra que ele é o líder do trio. — Acredito que vossa senhoria nem imagina o que aconteceu nesta manhã... A princesa Enn Gaia foi encontrada morta aqui no lugar dos Terrenos. O que vocês sabem a respeito disso?

— Não sabemos nada caro Luntre. — Diz respeitosamente Jorge.

— Banidos não servem para nada mesmo! Aposto que foi algum Banido que cometeu esta atrocidade! – Acusa o Luntre. — Este é o nosso aviso: Seja Terreno ou Banido, o assassino da Princessa Enn Gaia será torturado e decapitado em praça pública na Cidade Suspensa!

     Os Luntres e seu cheiro forte retiram-se da praça e cavalgam atravessando-a em direção a um amontado de pessoas curiosas na frente da Loja de Brinquedos Artesanais Zokoss.

    Atravessando a multidão de curiosos, Tânia e Jorge aproximam-se da grande entrada da loja de brinquedos. Três Luntres seguram firmemente um casal de idosos e os empurram em direção a uma reforçada gaiola de madeira espinhosa. Abigail e Bartolomeu estão acorrentados e seus olhos extremamente vermelhos de tanto chorarem. Os olhos desesperados de Abigail encontram o de Tânia e tentam passar algum aviso. Os cavalos então saem galopando por cima das pessoas levando atrás de si a gaiola de prisioneiros.

— Banidos! Eu sabia! Encontramos nossos culpados! — Grita o Luntre vestido de couro. Então a multidão de curiosos começa a aplaudir sem na verdade entender o que de fato está acontecendo. – Que sejam torturados e decapitados em honra ao Rei Nicolau Gaia e em vingança a sua filha! – Os gritos e aplausos se intensificam. No meio do povo, duas senhoras conversam.

— Esses atores são ótimos, não é Edwiges? — Realmente todas aquelas pessoas não sabiam o que estava acontecendo.

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