CAP. IV - Chamada Perdida

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Sábado, 18:00

— Tá largando mais cedo? — Handong estava chegando no balcão de atendimento depois de realizar uma cirurgia. Carregava aquelas pastas azuis com relatórios e prontuários. Gahyeon já trajava suas roupas casuais e, com certa pressa, organizava a bolsa tiracolo.

— Isso, tenho um encontro hoje e minha grade de atendimento já encerrou. Ainda bem que não apareceu mais ninguém. — após falar isso, ela congelou e inclinou o corpo olhando para os corredores de acesso. Por um momento, achou que Minji brotaria a de alguma direção com mais um prontuário para ela. — uma amiga que faz séculos que não a vejo voltou para a Coreia ontem! Vai ficar por uns anos aqui até ela ir para a Islândia de novo.


— Islândia? Mano, isso é longe! O que ela faz?

— Agente de modelos! Tava trabalhando pra Louis Vuitton esse ano. Acho que é a única pessoa rica que não é babaca. Vou indo! Qualquer coisa que precisar, me liga.

— Ok, ok! Eu largo às 19:30, se ainda estiverem por aí e quiserem mais companhia, me dá um toque que até as 21:00 eu fico pronta.

— Pode deixar. — Gahyeon mal se virou para tomar seu rumo e as portas do saguão principal se abriram com força total. Dois seguranças trajados com ternos totalmente pretos entraram e, logo em seguida uma mulher de longos cabelos pretos de corte estaqueado apareceu. Ela trajava calças jeans largas, uma camiseta Gucci branca, um longo sobretudo cinza e saltos que a deixavam facilmente com 1,77 metros. Sua pele levemente bronzeada destacava o batom vermelho, assim como as longas unhas pintadas de mesma cor e o óculos de sol espelhado.

Handong e Gahyeon pareciam ver a cena em câmera lenta. A mulher se aproximou das duas e começou a falar algo que apenas ecoava lentamente na cabeça das enfermeiras.

Excuse me? — a mulher estalava os dedos, na frente do rosto de Gahyeon, fazendo barulho com suas unhas.

— Perdão? — respondia a residente balançando a cabeça, saindo de seu transe momentâneo.

— Perdoo. Querida, elevador para esse quarto. — falou a mulher mostrando um cartão preto com detalhes em dourado.

— Ap.... Apartamento 1002, 10º andar, senhora, elevador externo na parte de trás do.... Hospital...

— falava Handong apontando com o dedão para as costas dela. A mulher inclinava o corpo um pouco para o lado, enxergando melhor a chinesa. Abaixou um pouco os óculos escuros e inspecionou a moça dos pés à cabeça, estalou uma pequena bolha de chiclete ainda dentro da boca, bateu o cartão no balcão de atendimento e deu meia volta saindo, pelas portas de vidro e sendo acompanhada dos dois armários que chamava de segurança.

As duas enfermeiras demoraram um momento para se recompor. Gahyeon voltava seu rosto vagarosamente para Handong enquanto soltava um "s" sibiloso e arrastado.

what a bitccccchhhhhhhh

— Gahyeonnie!

— Não, sério.

— Não, SÉRIO! Ela só foi muito direta!!

— Direta? Ela chegou perto de mim e eu pude jurar que ouvi um leão rugindo!

— Ai, que exagero... Ela deve ser filha ou assessora da velha rica que vai se hospedar aqui. Nem ferrando que é ela quem vai ficar. Se eu andasse naqueles saltos aí sim, certamente, eu estaria internada na área de traumatologia daqui. — Gahyeon baforou uma risada com o final de sua garganta que mais parecia uma britadeira com defeito, o pior era saber que estava rindo porque aquela situação poderia acontecer de verdade.

— Eu tenho de ir, se precisar de qualquer coisa liga pra mim. — finalizou a mais nova. A chinesa piscou rapidamente na direção da garota e voltou a organizar os papeis do hospital.

My Heart Skip a Beat || SuayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora