CAP. VI - Xadrez

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Yubin esfregava o rosto com as mãos, pesadamente, enquanto girava na cadeira de escritório. Alguns grunhidos saíram dos lábios da mulher.

— Ay, ay, ay, ay, ay... Pare com isso. — um homem se aproximou, parando a cadeira da delegada.— você vai passar mal se continuar com isso!

— Boa tarde, senhor Huh. — respondeu ela anda com as mãos sobre o rosto. Huh JoonHo era um dos melhores delegados da Coreia e um dos mais antigos de Seul, da sua geração.

— O que temos até agora? — perguntou ele, puxando uma cadeira da mesa ao lado, e se sentando de frente para a mulher. Ela pegou uma pasta que estava dentro da gaveta e entregou ao sênior.

— Isso são investigações de pelo menos 8 anos atrás, antes mesmo de eu entrar nessa corporação. Minha equipe descobriu que, obviamente é um esquema grande mas orquestrado por mais de uma pessoa, exatamente, para que, no caso de um dos cabeças cairem, o esquema continue rodando. — o departamento de Seul estava atrás de um enorme esquema de corrupção e venda ilegal de órgãos, mas nunca conseguiam nada e, quando chegavam minimamente perto de qualquer coisa, qualquer mínima pista, todas as provas sumiam como fumaça. Yubin havia alcançando o posto de delegada depois de fazer uma investigação solo sobre o caso e conseguir, talvez, a primeira prova concreta que norteou uma equipe inteira.

JoonHo folheou os arquivos. Haviam fotos, haviam linhas e mais linhas de pesquisa. O caso "Caronte", como havia sido apelidado, era conhecido entre todos os policiais da Coreia, mas nunca aparecia nas manchetes públicas. Isso traria um enorme colapso para o sistema de saúde do país, o que tornaria as coisas mais difíceis para a polícia. Um escândalo sem precedentes.

— Yubin, você é uma das melhores oficiais que temos nessa corporação, e eu admiro seu empenho nessa operação. Mas faz quanto tempo que você não para? — falou o homem, jogando os papeis em cima do teclado do computador da Lee. Yubin havia se tornado delegada à dois anos e passou praticamente toda sua carreira focada no caso Caronte. Para ela, o caso não se tratava apenas de justiça, mas também de vingança. Quando era mais nova, perdeu a mãe da forma mais dolorosa possível e o sentimento de impotência a consumia até os dias de hoje.


Julho de 2014

A cirurgia era demorada e Yubin sabia. Mas algo não estava certo, algo não lhe parecia certo em toda aquela situação. Enquanto andava pelo saguão do hospital, ela via enfermeiros entrando e saindo, calmos e até sorrindo. Aquilo a irritava.


— Pai... Tem algo errado com a mamãe...


— Sim, realmente tem,meu amor, é por isso que estamos aqui. — respondeu o homem, olhando a menina enquanto endireitava a postura no banco do hospital.


— Não, pai... Vai acontecer alguma coisa com a mamãe. Eu to sentindo isso, aqui dentro, pai. — falava ela, era quase uma súplica, enquanto batia no próprio peito com a palma da mão. Seus olhos se enchiam de lágrimas.

— Yubin, vem cá... filha, presta atenção. Fica calma. Não vai acontecer nada de ruim. Vai dar tudo certo! Logo nós estaremos em casa, okay? Seja forte, só mais um pouco. — ele enxugava o rosto da filha, enquanto a abraçava. Naquele momento, a jovem Lee se encheu com um desespero que não cabia em sua existência. Se debateu um pouco até se desvencilhar dos braços de seu pai. Tentou verbalizar algo, mas só conseguia balançar os braços e por as mãos na cabeça, enquanto sentia o rosto ficar cada vez mais molhado. E então quebrou. Yubin começou a correr pelo hospital, sem rumo, sem saber aonde ia chegar. Correu por alas, escadas. Entre pessoas e avisos de 'não entre', até que sentiu o oxigênio lhe faltar nos pulmões.

My Heart Skip a Beat || SuayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora