52- Saindo x do x Armário

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*Rosa POV*

A mensagem do Kurapika dessa vez chegou por Q, um app de mensagens mais "secreto", que eu já tinha no meu celular, apesar de quase nunca usar.

Ele me chamou pra um local no segundo andar. Foi meio tenso encontrar, porque ele descreveu o caminho quase inteiramente com emojis de setas, mas eu cheguei lá.

Era um armário de vassouras, de tamanho grande o suficiente para não ser constrangedor. Kurapika já estava me esperando.

-Oi. -Eu disse, na cara de pau.

-Oi. O que diab--- -Ele respirou fundo. -O que exatamente você e o Ryodan estão fazendo aqui?

-Bem, eles… tem objetivos diversos. Mas o principal, era matar o Hisoka.

-O quê? Ele está aqui?

-Estava. -Eu dei um sorriso travesso. Kurapika ficou sério.
-É uma longa historia, mas o Hisoka foi a única coisa que me trouxe aqui. Não pretendo ajudá-los com seus outros afazeres, a não ser que estejam literalmente prestes a morrer. 

-Então, só pra esclarecer, -Disse Kurapika. -Hisoka está morto?

-Sim. -Eu me inclinei contra a parede. -E você, está fazendo o quê nesse fim de mundo?

Tristeza e ódio passaram pelos olhos de Kurapika.

-Ah. -Eu disse, reconhecendo a cara. -Os olhos, né?

Ele assentiu. 

-Bom… -Eu dei de ombros. -Não tenho mais nada pra fazer, então… -Eu sorri com desprezo. -Me fala, quem é o estrupício que está levando um par de olhos pro continente negro?

Kurapika me contou então sobre a guerra de sucessão, o tal do príncipe Tserriednich, e sobre como ele tinha virado guarda-costas de um bebê. No início, suas palavras eram vagas, e ele continha informações. Mas depois de um tempo, ele engatou a falar, como se cada palavra descarregasse o peso de seus ombros e os jogasse pro ar. Ele estava lidando com muita coisa.

Enquanto ele falava sem parar, a ansiedade crescia dentro de mim. Eu me lembrei do que eu havia dito à Lolly, no dia que a conheci. 

"Quando eu vir ele de novo eu falo."

Eu engoli em seco. Ainda estava prestando atenção no que ele dizia. Era uma situação perigosa. Ele podia 100% morrer.

"Quando eu vir ele de novo eu falo."

Mano...

Eu perdi duas pessoas que eu amava,

Embarquei no navio da morte, rumo ao continente da morte,

E acabo de matar um cara.

….

Foda-se. Aconteça o que tiver que acontecer. Eu não me importo.

Kurapika ainda estava falando. Era mais um desabafo agora. Sua expressão era de desespero. Eu queria abraçá-lo.

Então eu o abracei.

Envolvi sua cintura em meus braços. Senti a textura do seu terno, e o seu cabelo encostando no meu pescoço. E acabei sorrindo.

-Eu te amo. -Eu disse. Eu queria dizer algo mais, mas acabei travando depois dessas três palavras.

Eu senti Kurapika me abraçar de volta.

-Eu...te amo também. -Ele disse.

-Ah… -Eu corei, desfazendo o abraço. -Nossa… legal.

Eu ri da minha própria timidez. Kurapika riu um pouco também, mas depois corou.

-Bom.. a gente.. deveria se beijar ou...?

Eu dei de ombros e me aproximei para beijá-lo.

Foi estranho e meio constrangedor. Mas não horrível.

Ele corou no fim.

-Eu.. sou assexual, então…

-Ah! -Eu ri. -Que coincidência.

-Você também?

-Pois é.

-..Legal. -Ele sorriu.

-Enfim… Você parece precisar de ajuda com---

-Não. -Ele me interrompeu, sério de repente.

-Oi?

-Não quero te envolver nisso. 

-E eu não quero que você morra, cabeça de vento. Se quisesse, teria te matado há tempos.
 
Kurapika fez uma careta, mas então falou, em tom de "cheque-mate":
-Você é procurada pela associação Hunter no navio inteiro.

-Ah. -Eu mordi o lábio. -Faz sentido.

Kurapika pareceu aliviado.

-Sinto muito por te preocupar.

-Tudo bem. Mas se precisar de ajuda, eu… obviamente vou estar aqui...Sem nada pra fazer.... No meio do mar. -Eu fiz biquinho e funguei numa imitação barata de choro. 

Kurapika cruzou os braços, claramente se divertindo:
-Você veio aqui porque quis, garota. 

Eu ri.

-Tá bom.

-Se você estiver em perigo, me chame imediatamente. -Ele disse. Eu sorri.

-Não vai acontecer, mas pode deixar. Boa sorte, e não se atreva a morrer.

-Sim, senhora. -Ele sorriu. -Não se atreva a ser presa.

-Sim, senhor.

E com essas palavras, saímos do armário de vassouras, e eu desci furtivamente até a parte do navio onde eu me escondia. 

Deitada na minha cama, eu sorri com a cabeça em baixo do lençol. Tinha dado certo! Como pode?! Deu certo!

Me ocorreu que eu não havia falado sobre Neon. Meu pai havia me dito que a habilidade Nen dela havia sumido de seu caderno. Isso significava que ela estava morta.

Mas quem se importava com a Neon? O Kurapika me ama! 

Eu me revirei na cama.

É melhor a gente sair vivo e livre desse navio.

O Kurapika me ama…

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Nota de autore:

Eis a confissão que vocês estavam esperando.
Meio constrangedora, é claro.
Como eu fiz minha protagonista ser assexual, achei mais fácil fazer o Kurapika ser assexual também. Assim não tem drama.

O que acharam?












Dilema x Do x Destino (Hunter x Hunter)Onde histórias criam vida. Descubra agora