Sirius estava parado na frente da porta escura, o corredor vazio do terceiro andar não era nenhum mistério para ele ou os amigos, devia saber até quantas teias de aranha existiam em cada canto daquela parte da escola. Desde o incêndio, anos antes de entrar na escola, aquela parte do castelo tinha sido desativada para reformas. Reformas essas que nunca tinham acabado, deixando uma ala inteira à mercê de quebradores de regras como ele os Marauders.
Nem acreditava que iria fazer terapia, por mais que mantivesse sua persona blasé que pouco se importava, a verdade é que estava tremendo por dentro. Não sabia o que esperar da terapia e tinha medo que a psicóloga fosse legilimente e entrasse em seus pensamentos sem permissão, descobrindo todas as merdas que ele e os amigos faziam. Engoliu em seco e bateu na porta.
ー Um momento. - Ouviu a voz abafada de dentro e mais alguma conversa. - Pode entrar.
A porta abriu com um clique e uma mulher jovem, usando um kimono muito hippie, lhe sorriu enquanto guardava a varinha que usara para destrancar a porta.
ーSirius Black, correto?
O jovem assentiu e olhou em volta. Ana Esposito estava na poltrona de frente para a mulher. Sirius piscou, suas sobrancelhas arqueadas, sem acreditar que ela estava ali. A lufana levantou, mexendo na gargantilha de renda. O gesto nervoso capturou a atenção de Sirius, que abriu a boca levemente enquanto o olhar subia do pescoço para o rosto dela.
ーMuito prazer, sou Jessica Tremey. A senhorita Esposito e eu terminamos nossa sessão alguns minutos antes de chegar. Mas vocês já devem se conhecer, correto?
Sirius assentiu, e Ana desviou o olhar, se balançando nos próprios pés. Aquele macacão jeans, camisa amarela e os cabelos soltos e bagunçados lembraram Sirius de uma criança rebelde.
ーEr... Olá. - A jovem murmurou e acenou, olhando para todos os cantos, menos para ele. Sirius apenas levantou o queixo num cumprimento mudo.
ーEr... Jessica, como vai ficar? Nossas sessões?
ーTodo sábado às 16h. Muito obrigada por hoje.
Ela assentiu e passou por Sirius. O espaço era pequeno e ele pôde sentir o cheiro bom que vinha dela. Parecia que a garota tinha acabado de sair do banho. A seguiu com o olhar, sem perceber o que fazia. Quando ela finalmente saiu, deixando um rastro de cheiro bom para trás, o rapaz voltou o olhar para a mulher no recinto.
Estavam numa das salas de aula vazia, onde a terpeuta que o encarava havia improvisado um escritório. Ela apontou a poltrona para ele, que sentou. O local ainda estava quente e com o cheiro de Ana. Engoliu em seco e cruzou os braços, sem conseguir relaxar.
A senhorita Tremey levantou, pegou um copo d'água e mexeu em alguns papéis na mesa atrás dele. Sirius olhou em volta. Até que o escritório improvisado estava aconchegante, com luzes indiretas amareladas, plantas e um quadro de natureza que por algum motivo o acalmou.
A mulher voltou para a poltrona e Sirius reparou nos detalhes dela. Usava um rabo de cavalo todo bagunçado, unhas roídas e um colar de pedra natural meio rosada. Ela parecia ter algumas tatuagens também e quando sentou em posição de índio, os braços de Sirius se descruzaram.
Ela parecia relaxada demais para alguém que invadiria sua mente. A mulher ajeitou os óculos redondos e enormes e mexeu na prancheta que tinha em mãos, lendo algo.
ー Bem-vindo, Sirius. Estudei seu caso durante a semana. A diretora da sua casa, pessoalmente, recomendou as sessões. Fico feliz que as coisas se tornaram mais progressistas por aqui desde que me formei.
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Burn with me please
FanfictionQuando Ana chega em Hogwarts, traumatizada com uma tragédia na família, tudo que ela quer é esquecer seus erros e se livrar da culpa. Disposta a fazer tudo que sua rígida avó pede e com medo de entrar em contato com seu eu do passado, ela tenta con...