Capítulo 3: Levemente terapêutico

97 10 9
                                    



Sirius estava parado na frente da porta escura, o corredor vazio do terceiro andar não era nenhum mistério para ele ou os amigos, devia saber até quantas teias de aranha existiam em cada canto daquela parte da escola. Desde o incêndio, anos antes de entrar na escola, aquela parte do castelo tinha sido desativada para reformas. Reformas essas que nunca tinham acabado, deixando uma ala inteira à mercê de quebradores de regras como ele os Marauders.

Nem acreditava que iria fazer terapia, por mais que mantivesse sua persona blasé que pouco se importava, a verdade é que estava tremendo por dentro. Não sabia o que esperar da terapia e tinha medo que a psicóloga fosse legilimente e entrasse em seus pensamentos sem permissão, descobrindo todas as merdas que ele e os amigos faziam. Engoliu em seco e bateu na porta.

ー Um momento. - Ouviu a voz abafada de dentro e mais alguma conversa. - Pode entrar.

A porta abriu com um clique e uma mulher jovem, usando um kimono muito hippie, lhe sorriu enquanto guardava a varinha que usara para destrancar a porta.

ーSirius Black, correto?

O jovem assentiu e olhou em volta. Ana Esposito estava na poltrona de frente para a mulher. Sirius piscou, suas sobrancelhas arqueadas, sem acreditar que ela estava ali. A lufana levantou, mexendo na gargantilha de renda. O gesto nervoso capturou a atenção de Sirius, que abriu a boca levemente enquanto o olhar subia do pescoço para o rosto dela.

ーMuito prazer, sou Jessica Tremey. A senhorita Esposito e eu terminamos nossa sessão alguns minutos antes de chegar. Mas vocês já devem se conhecer, correto?

Sirius assentiu, e Ana desviou o olhar, se balançando nos próprios pés. Aquele macacão jeans, camisa amarela e os cabelos soltos e bagunçados lembraram Sirius de uma criança rebelde.

ーEr... Olá. - A jovem murmurou e acenou, olhando para todos os cantos, menos para ele. Sirius apenas levantou o queixo num cumprimento mudo.

ーEr... Jessica, como vai ficar? Nossas sessões?

ーTodo sábado às 16h. Muito obrigada por hoje.

Ela assentiu e passou por Sirius. O espaço era pequeno e ele pôde sentir o cheiro bom que vinha dela. Parecia que a garota tinha acabado de sair do banho. A seguiu com o olhar, sem perceber o que fazia. Quando ela finalmente saiu, deixando um rastro de cheiro bom para trás, o rapaz voltou o olhar para a mulher no recinto.

Estavam numa das salas de aula vazia, onde a terpeuta que o encarava havia improvisado um escritório. Ela apontou a poltrona para ele, que sentou. O local ainda estava quente e com o cheiro de Ana. Engoliu em seco e cruzou os braços, sem conseguir relaxar.

A senhorita Tremey levantou, pegou um copo d'água e mexeu em alguns papéis na mesa atrás dele. Sirius olhou em volta. Até que o escritório improvisado estava aconchegante, com luzes indiretas amareladas, plantas e um quadro de natureza que por algum motivo o acalmou.

A mulher voltou para a poltrona e Sirius reparou nos detalhes dela. Usava um rabo de cavalo todo bagunçado, unhas roídas e um colar de pedra natural meio rosada. Ela parecia ter algumas tatuagens também e quando sentou em posição de índio, os braços de Sirius se descruzaram.

Ela parecia relaxada demais para alguém que invadiria sua mente. A mulher ajeitou os óculos redondos e enormes e mexeu na prancheta que tinha em mãos, lendo algo.

ー Bem-vindo, Sirius. Estudei seu caso durante a semana. A diretora da sua casa, pessoalmente, recomendou as sessões. Fico feliz que as coisas se tornaram mais progressistas por aqui desde que me formei.

Burn with me pleaseOnde histórias criam vida. Descubra agora