08 - Paz

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Iloryn

— Senhora, o que fazemos com todas essas flores? — uma mulher pergunta. Ela olhava para Iloryn, então só podia estar falando com ela.

Minha boca abre, pronta para responder, mas nenhum som sai. Por um momento me esqueço de que não consigo dizer nada.

— Elwyn traga alguns vasos para colocar as flores, o que sobrar tragam para dentro e coloque em algum quarto vazio, por favor. — Anton responde por mim. Os empregados atendem prontamente.

Relembro o modo como ele me encarou fascinado poucos minutos atrás, o modo como ele me reverenciou. Ele era autoridade máxima nesse lugar e mesmo assim se curvou para mim. Eu ainda estava sem fôlego pelo ocorrido, e um tanto emotiva. Quando estava lá fora, diante deles não senti mais tanto medo do que aconteceria. Ficava me perguntando se algum dia voltaria a falar, se algum dia voltaria a me lembrar, mas lá me senti acolhida como nunca. Pelo que percebi me viam como um tipo de líder assim como Anton. Não tenho certeza do motivo, mas espero que possa corresponder às expectativas de todos.

— Acho que nunca tive um pressentimento tão forte... — a mulher loira diz em voz baixa para a mulher morena ao lado dela.

As duas olham pra mim sorrindo com gentileza. Retribuo sem saber o que significava o que ela dizia.

— Minha Luna, esta é minha irmã e beta, a terceira no comando agora que você está aqui — Anton me apresenta, apontando para a loira — E esta é Sybil, feiticeira da alcateia e responsável por nossas barreiras mágicas.

— É um prazer finalmente te conhecer! — Celeste é a primeira a se aproximar e me surpreende com um abraço.

Sybil continua sorrindo pra mim quando a empregada Elwyn retorna com um vaso de vidro e o coloca na mesa.

— Temos que preparar a cerimônia de apresentação — a beta começa a falar. Não entendo o que significa mas ela parece animada.

— Vamos com calma — Anton, apesar de hesitante, esboçava um sorriso também.

Seleciono as flores cuidadosamente para decorar o vaso enquanto eles conversam. Era bom ter algo para ocupar a mente e não me sentir mais tão frustrada pela falta de informação sobre mim mesma.

— Sybil, quero que ensine a língua sinalizada para ela. — Anton diz.

— É Luna, parece que vamos passar bastante tempo juntas amanhã. — a feiticeira ergue as sobrancelhas.

Ergo a cabeça parando o que estava fazendo. A ideia de finalmente aprender a me comunicar com eles me deixa tão animada que seguro a mão de Anton em um gesto de agradecimento. Era horrível me sentir de lado e sem poder participar de nenhuma discussão. O Alfa leva minha mão até os lábios para beijá-la.

— Que anel bonito! — Celeste repara.

Anton continua a segurar minha mão para ver também. Ele troca olhares com a irmã e eu fico confusa. Algo estava errado?

— Será que posso pegar emprestado? — ele pergunta — Posso tentar descobrir algo sobre você com ele. Você gostaria disso?

Penso um pouco a respeito. Não sabia como ele acharia informações sobre meu passado com um anel, mas por que não? Eu retiro o anel e o entrego hesitante. Assim que estou sem ele meu coração aperta, mas eu sabia que ele devolveria.

— Deixa comigo, eu posso investigar pra você. — Celeste oferece.

— Posso fazer isso sozinho, obrigado.

— Você ainda tem que organizar um conselho, liderar as próximas caçadas ou ao menos definir os grupos de caça. Tem que escolher um mestre de armas, construir fortalezas e reforçar as muralhas da cidade e também lidar com o problema recente da lua ter sumido. — ela lembra.

Rusalka (Em Andamento/Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora