017 - Amor extraordinário

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Iloryn

Antes que eu me desse conta, lágrimas rolam pelo meu rosto, e só as sinto quando caem das minhas bochechas. Anton prontamente deixa minhas mãos para enxugar os vestígios das minhas emoções conturbadas. Sinto meu rosto arder onde ele toca, uma ardência boa e calorosa, tão profunda e instintiva que mal consigo respirar. Meu coração se aperta e eu sinto meu corpo tremer. Eu havia ficado confusa, furiosa, aflita e aterrorizada em menos de vinte e quatro horas.

Por mais que eu tente me concentrar nessas situações, os sentimentos me inundam com a força de uma avalanche, me deixando soterrada. Em um momento estou bem, e no outro pareço estar a beira de um colapso. E aqui está Anton, mais uma vez, puxando minha mão até a superfície, me permitindo respirar de novo. Por mais extremo que seja o sentimento de conforto, eu não conseguia deixar de lado a incerteza caótica do meu passado.

— Está me matando ver você desse jeito. Por favor, diga algo.

"Eu... Eu não sei o que dizer..." sinalizo com as mãos trêmulas.

— Você está feliz?

"Eu não me lembro de nunca ter estado mais feliz em toda a minha vida, e esse é o problema. Eu não me lembro de nada... E eu estou com medo. Foi assim que eu estive antes de... Antes de morrer. Eu não me lembro mas sei que algo horrível aconteceu, sei que alguém fez isso comigo mas não consigo me lembrar. E de repente eu estou viva de novo, o tempo passou mas não sei o quanto, eu posso respirar, eu posso caminhar... Mesmo tendo companhia naquele lago eu nunca pensei que pudesse confiar tanto em alguém como eu confio em você. Eu não faço ideia de como eu sei disso, não faço ideia do que está acontecendo comigo e agora você me diz que isso não importa pra você por que você me ama de qualquer jeito... "

— Você não sabe o quanto eu a desejei, o quanto esperei por você, mesmo se eu soubesse de onde você veio ou quem você era antes não mudaria o que eu sinto agora — ele diz entre beijos, mas de repente para e olha nos meus olhos — Eu também não tenho respostas, mas quero que saiba que não importa qual for a verdade, eu sempre vou te apoiar e estar aqui para você. Nunca vou parar de procurar essas respostas, nunca vou parar de procurar quem fez isso com você.

"Eu só quero que tudo isso acabe, quero poder falar de novo, quero poder me lembrar... Queria ao menos alguma resposta, mas não tenho nada. Essas pessoas aqui confiam em mim, e eu não tenho nada para oferecer a elas, não sei o que esperam de mim, eu não..." eu suprimo a vontade de chorar, lentamente me conformando com a situação fora do meu controle.

— Talvez eu possa lhe dar algumas respostas, não sobre você, mas qualquer outra coisa. Você não tem que corresponder as expectativas de ninguém, você é a Luna de Drenera, minha companheira. Você pode se envolver com os assuntos desta alcateia o quanto quiser, ou não precisa fazer nada se preferir.

"Eu quero, eu só não sei como", digo menos do que eu gostaria de dizer. Sabia o quanto ele estava sobrecarregado com tantas responsabilidades, e Celest havia partido em uma missão. Não sei ao certo quantos betas um Alfa deveria ter, mas ele sempre se mostrou relutante quanto ao assunto. Não vou insistir caso ele não queira me dizer, mas talvez se eu o ajudasse ele poderia ficar mais tempo em casa. "Quero ser sua Beta, por favor".

Anton permanece olhando para mim, com um olhar que não consigo decifrar. Ele não diz nada a princípio, e seu silêncio começa a me incomodar.

"Diga algo" eu sinalizo, tensa com seu silêncio. Era óbvio que ele havia sido pego de surpresa.

— Eu... — Anton começa com outra expressão que não consigo ler — Eu ficaria honrado por isso. Sei que não sabe muito sobre nós ou nossos costumes, mas você não está em posição para ser uma Beta. Você já tem sua função, e tem exatamente a mesma autoridade que eu sobre todos nesta alcateia.

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⏰ Última atualização: Feb 28, 2023 ⏰

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Rusalka (Em Andamento/Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora