2 | Recomeço

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Acabo entrando na faculdade após me despedir da Isabel, e vou andando pelos corredores, lembrando dos bons momentos que passei por ali, pensando em como eu era feliz, e em como essa felicidade foi se apagando, como no começo era só alegria e satis...

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Acabo entrando na faculdade após me despedir da Isabel, e vou andando pelos corredores, lembrando dos bons momentos que passei por ali, pensando em como eu era feliz, e em como essa felicidade foi se apagando, como no começo era só alegria e satisfação, mas com o passar do tempo, algo foi de certa forma morrendo dentro de mim. Cheguei num ponto em que nada fazia o mesmo sentido de antes, e minha luz tinha se perdido no meio da escuridão da minha vida, da escuridão que o Bernardo trouxe para minha vida. Minha motivação se perdeu, pois minha vida e meus objetivos se perderam no que ele esperava de mim e não no que eu realmente queria. Eu realmente sempre gostei da faculdade, das aulas, dos professores, encontro algumas pessoas que eu conhecia, muitas pessoas me cumprimentam e perguntam se eu havia voltado. E eu decido que sim, eu quero voltar, eu preciso voltar, na verdade, eu nunca devia ter parado, uma parte de mim, claro, sente muito medo, medo do que esta por vir, medo de o Bernardo estar certo o tempo todo e eu realmente não ser boa o suficiente para aquilo, tenho medo de no futuro eu ser uma péssima profissional, mas preciso ir com medo mesmo, eu estou no fundo do poço e preciso encontrar essa saída, e eu sinto, no fundo do meu coração que esse é o rumo que preciso tomar. Me direciono até a secretaria, e faço minha matrícula e em duas semanas minhas aulas começam.

  Ao chegar em casa, faço o que, no fundo, eu soube que eu precisava fazer esse tempo todo, mas evitei, pois uma parte de mim tinha medo, de confrontar a verdade, de confrontar o fato de que o Bernardo não era realmente bom para mim, de me redescobrir, pois já não me conheço mais, conheço apenas essa versão de mim que foi criada por uma pessoa que só queria o melhor para si e não para mim, nunca para mim. Ligo para minha antiga terapeuta e marco um horário para o dia seguinte.

Arrumo minhas coisas, pois afinal, preciso tirar essa aura de enterro que se encontra na minha casa. Tiro tudo que era do Bernardo e ele não levou para a casa da Alice, tiro tudo que me lembre dele, presentes, enfeites, coisinhas que tinham um significado para nós e jogo fora. Coloco de volta nas prateleiras e estantes meus livros de romance e minhas decorações “de menininha” que o Bernardo sempre repudiou. Limpo tudo, deixando tudo cheiroso e organizado, como era antes de ter um homem aqui, na verdade, antes de eu me sentir tão mal comigo mesma que não tinha coragem de dar um jeito na minha casa ou na minha vida. Quando tudo fica arrumado, eu me arrumo, tomo um banho, boto uma roupa bonita, capricho na maquiagem e ligo para fazer reserva naquele restaurante que amo, aquele mesmo, que o Bernardo obviamente odiava. 

Chego no restaurante, que não está muito cheio. Pego uma mesa perto da janela e peço meu prato preferido, acompanhado de um vinho tinto excelente. Tenho meu primeiro jantar realmente satisfatório em um bom tempo, nem havia percebido o quanto esses programas faziam falta para a minha vida, penso que se eu tivesse feito isso no mesmo dia que o Bernardo me deixou, talvez eu tivesse me sentindo menos mal, menos travada, parada e derrotada, penso em tudo que eu teria perdido se eu não tivesse encontrado a Isabel, no dia certo e na hora certa. De repente, olho ora mesa paralela à minha, e um senhor com idade para ser meu avô dá uma piscadela num momento em que sua acompanhante vira as costas, e isso me arranca uma risada, e em pouco tempo estou gargalhando, sozinha, no meu restaurante preferido, deve ser efeito do vinho, fazia muito tempo que eu não ria assim.

Peço a conta, e saio do restaurante, feliz e animada, principalmente pelo fato de que minha noite ainda não acabou, afinal, a noite é uma criança e eu estou solteira.

Entro na primeira balada que encontro, por sorte é um lugar bonito, com um ambiente legal. Nunca fui muito de balada, mas claro que tem uma primeira vez para tudo e eu quero viver tudo o que tenho direito. Logo que entro, vou para o bar e peço uma gin Tônica. Bebo minha bebida encostada no balcão mesmo, logo depois vou para a pista de dança, danço com algumas pessoas, até um cara mais saidinho que chega logo passando a mão na minha bunda, quem recuso e afasto rapidamente, nada contra pegarem na minha bunda, é claro, mas desde que eu tenha dado permissão, o que claramente não foi o caso. Me afasto um pouco da muvuca, depois do episódio com o cara e minha bunda, e continuo dançando sozinha, até que chega um cara perto de mim e puxa papo comigo.

— Oi, tudo bem? Gostei de você?  Está solteira? 

— Oi, tudo bem sim e você?  Obrigada! Estou solteira sim.

Bem, o “papo” dele foi só isso mesmo, porque logo que eu disse estar solteira, ele já foi me beijando sem nem me dar tempo de respirar. Retribuo o beijo, que foi frustrante e bem mais molhado do que deveria… Acho que não dá para esperar muito de um cara que nem se dá ao trabalho de perguntar seu nome. Após o cara me beijar, ele só mandou um “valeu” e saiu andando. Talvez eu seja muito “das antigas” para uma balada assim. Pego outro drink no bar, faz um tempo que não bebo e já estou meio alta a essa altura. 

Vejo um cara muito bonito, percebo que ele está olhando para mim com muita intensidade, ele também está mais distante da concentração maior de pessoas e sinto pela vibe da situação que ele é um cara mais no meu estilo que o último, me sinto incrivelmente atraída por esse rapaz, ele é loiro, com a barba por fazer, e tem um corpo malhado, decido me aproximar dele que até agora não tirou os olhos de mim, dou alguns passos em direção ao bonitão, quando dou de cara com o Bernardo a poucos passos de mim, me olhando com uma expressão furiosa no rosto. Ele chega bem perto de mim e grita tão alto que várias cabeças se viram na minha direção:

— VOCÊ É UMA VAGABUNDA!!

Nesse momento, faço tudo o que consigo fazer, vou correndo para o banheiro e me tranco em uma das cabines e começo a chorar copiosamente.  Depois de alguns minutos chorando, me recomponho, mesmo que minimamente, saio da cabine, lavo o rosto até retirar tudo o que restou da minha maquiagem, saio rapidamente do banheiro e me dirijo para a saída, pois já não tenho forças para continuar ali. No caminho da saída trombo em um cara, mas mal me dou ao trabalho de olhar para ele quando ele põe a mão no meu ombro e pergunta se estou bem, na verdade, não me dou nem ao trabalho de registrar o arrepio que percorre meu corpo ao sentir o toque dele, eu apenas respondo que não, peço desculpa e continuo andando até a saída, e até a minha casa, onde choro até dormir.

 No caminho da saída trombo em um cara, mas mal me dou ao trabalho de olhar para ele quando ele põe a mão no meu ombro e pergunta se estou bem, na verdade, não me dou nem ao trabalho de registrar o arrepio que percorre meu corpo ao sentir o toque ...

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Meu querido professor [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora