Sinceridade?

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  Chego em casa pensativa, a pergunta do Geovani perambulando minha mente. A Ana estava tão  animada no caminho de volta,  que nem tive problema de ficar mais calada, afinal, ela falou o tempo inteiro, preciso perguntar mais pra ela sobre essa Camila, preciso dizer o quanto eu estou feliz e orgulhosa por ela, preciso, mas não faço  nada disso, apenas concordo com cada palavra do que ela diz.

Na semana que se passa eu acabo arrumando um milhão de coisas pra fazer, pra evitar pensar no Geovani. Adianto minhas matérias da faculdade, começo a fazer academia, até mando alguns currículos, pra ver se arrumo um emprego e paro de depender da minha mãe.

Minha mãe, quando paro pra pensar nela me bate uma vontade desesperadora de falar novamente com ela,  devem fazer uns 4 anos que não nos falamos mais, nós já éramos meio distantes antes do Bernardo,  mas depois dele, nossa relação se tornou simplesmente inexistente, porém, independentemente de qualquer coisa todo mês o dinheiro cai na minha conta, dinheiro o suficiente pra eu me manter, pagar minhas contas, pagar a faculdade e ainda me proporcionar alguns luxos ocasionalmente.

Dinheiro, é claro nunca foi um grande problema pra minha família,  meu pai nos deixou com uma poupança gorda no banco e a casa onde eu moro, minha mãe, por sua vez sempre trabalhou duro e ganhou um bom dinheiro com seus esforços, nos tornando uma família de classe média alta.

Decido procurar seu número de telefone pelas minhas coisas e encontro anotado nas últimas páginas de uma agenda antiga, espero que ela não tenha mudado. Ela não mudou, e me atende no terceiro toque.

— Mel? Filha é você mesmo? — Sua voz soa embargada de emoção.

— Oi mãe,  quanto tempo. Eu tô  ligando  por que, bem, senti saudades.

— Eu também  senti saudades minha filha, cada dia dos últimos anos.

— Por que você  nunca me ligou então?

— Eu não  podia Mel, mas escuta, como estão as coisas... Você  ainda está  com... Aquele cara? — Minha mãe  nunca gostou do Bernardo,  na época  tivemos uma briga horrível por causa dele que me convenceu depois que ela só  estava pensando nela, e que se ela me amasse mesmo ela me ligaria. Ela nunca ligou. Mas hoje,  não  sei se posso confiar na versão  do Bernardo  dos fatos.

— Não  mãe, eu e o Bernardo terminamos, já tem um tempinho na verdade.

— Mas, você acha que tem chance de vocês voltarem?

— No começo eu até achava que sim mãe,  mas hoje, eu não sei.  O Bernardo não é exatamente uma boa pessoa, e eu acho que não quero mais pra minha vida o tipo de relacionamento que ele pode me oferecer.

— Ah minha filha, você não sabe quanto tempo eu esperei pra ouvir isso, eu tinha tanto medo. Dele ter te tirado da minha vida pra sempre. — Percebo que minha mãe começou a chorar — Você me perguntou porque eu nunca liguei Mel, e a verdade é que... Eu tinha medo, eu tinha tanto medo dele fazer algo com você se eu te ligasse.

  E minha mãe finalmente me conta  a história, na semana que nós brigamos por causa do Bernardo,  minha mãe recebeu uma ligação no trabalho,  uma ligação do próprio Bernardo, dizendo que ela estava atrapalhando minha vida e meu relacionamento e ele não deixaria isso acontecer,  que ele não deixaria que ela atrapalhasse a vida dele, e que, se ela me amasse ela nunca mais me ligaria de novo, e se ele soubesse que ela me ligou, ela nunca mais me veria novamente,  e minha mãe é claro, nunca mais me ligou.

— Eu... Não acredito que.... Meu Deus,  isso é demais,  até pra ele.

— Eu sempre esperei Mel, que um dia você visse a verdade.  Eu te amo minha filha e sempre quis o melhor pra você em todos aspectos, eu queria tanto estar errada sobre esse rapaz, me sinto triste de verdade por não estar. Mas o importante agora é que não percamos o contato mais e você estar feliz com alguém que te dê o valor que você merece.

Meu querido professor [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora