III

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Aizawa Shouta, o herói conhecido pelo codinome de Eraserhead, encerrou seu dia recolhendo alguns papéis para examinar após o jantar e caminhou lentamente pelos corredores em direção ao prédio de suporte a fim de encontrar o filho.

Filho... até o início daquele ano ele não tinha noção alguma que tinha alguém carregando seu DNA no mundo, mas, desde que descobriu, as coisas estavam de ponta cabeça.

Baji Ryoko era mestiça, vivia em Tóquio desde a adolescência e Shouta a conheceu em uma festa que os amigos conseguiram o arrastar na época de sua formatura cerca de 15 anos atrás, completamente bêbado, assim como ela, os dois acordaram em uma cama de hotel no dia seguinte.

Depois de uma longa conversa entre as partes, ambos jovens e sem pretensão alguma de continuarem se vendo, Shouta a ajudou a comprar anti concepcional já que nenhum deles se lembrava do ato, quem dirá de ter usado camisinha, e então ele a levou até a estação de trem onde ela foi para casa e ele seguiu em busca dos amigos, cada um em um canto da capital com uma ressaca histórica.

Foram anos sem a ver, até o dia que recebeu aquela mensagem por email, ela pedia para o encontrar, desconfiado, na época ele estava investigando um caso e temeu ser uma emboscada, levou um tempo para ceder a um encontro.

A mulher afirmava não poder se deslocar para Musutafu e ele acabou indo a encontrar em Tóquio, Ryoko havia dado seu endereço para o encontro e quem abriu a porta foi um adolescente muito parecido com ela, ele tinha os cabelos longos presos em um coque e usava uma roupa velha e avental, indicando que estava dando faxina.

Ofertou seu nome civil ao garoto que o anunciou o convidando para entrar, ele parecia extremamente desconfiado e Shouta notou que ele tinha enviado uma mensagem pelo celular antes de sentar ao lado da mãe.

Para divertimento do herói, minutos depois, um adolescente loiro apareceu com a desculpa de que seu gato tinha entrado pela janela de novo e ali ficou, ambos encarnado Shouta como uma ameaça.

Ryoko então contou que, semanas depois daquele único encontro com Shouta, ela começou a passar mal, acordava enjoada, não conseguia comer certas coisas, seu corpo ficava inconveniente dolorido, foi quando decidiu ir ao médico e descobriu estar grávida.

Assim que ouviu sobre isso Shouta encarou o garoto moreno, que também tinha os olhos arregalados, ambos entendendo naquele instante o que eram um do outro, o pequeno Baji esbravejou, o próprio Shouta muito chocado.

A mulher, depois de pedir silencio ao filho e conseguir, e era surpreendente como o adolescente que parecia impulsivo obedecia no mesmo instante a mãe, e então ela contou que, ao descobrir, ainda buscou por Shouta, mas, fora o nome, nada sabia sobre ele e decidiu que não valia a pena o buscar, dedicando-se a criar o filho sozinha.

Ryoko deixou claro para o filho que foi decisão totalmente sua nunca contar a Shouta sobre a gravidez, isso confundiu o herói, afinal, o que levaria a mulher a contar agora, 14 anos depois? Ele nunca esqueceria as palavras a seguir:

- Eu estou no estágio terminal do câncer.

A forma como o adolescente desabou, gritos ecoando pelo apartamento enquanto o loiro tentava o segurar, e Shouta se surpreendeu com a força do garoto que parecia mais delicado.

Ryoko esperou o filho se acalmar antes de continuar, ela tinha descoberto há um mês, iria fazer a cirurgia e começar a quimioterapia no dia seguinte, mas já não tinha muito o que fazer, foi por isso que buscou por Shouta, ela não queria que ele levasse Keisuke embora, não mesmo, ela só queria ajuda enquanto fazia o tratamento, afinal eram só os dois e ela não conseguiria trabalhar fazendo a quimioterapia.

O herói concordou, apesar de pedir o exame de DNA, ele ajudaria os Baji, Keisuke sendo seu filho ou não ele ajudaria os dois, não os deixaria desamparados.

Depois desse dia foram longos seis meses, Keisuke se recusava a olhar para Shouta, no início, extremamente dedicado a cuidar da mãe, enquanto isso Shouta cuidava de tudo, notando como os Baji tinham um laço muito forte com os Matsuno, que viviam no apartamento de cima.

Aos poucos, Keisuke começou a aceitar a presença de Shouta, então, quando o exame comprovou que eram pai e filho, ambos já tinham se acostumado a ideia.

Infelizmente Ryoko piorava a cada dia e Shouta não podia deixar Musutafu com tanta facilidade já que ainda tinha aulas para dar, mas ele ia sempre que possível, principalmente em fins de semana.

Em uma dessas idas ele chegou de madrugada em Shibuya, ouviu barulho de sirenes e, preocupado, decidiu verificar o que acontecia, seguindo o barulho.

Encontrou Keisuke e os amigos em meio a uma briga, uma ambulância levando dois garotos loiros, um deles claramente tinha uma hemorragia na barriga.

Shouta decidiu ir até o hospital encontrar Keisuke e descobrir o que a Criança Problema fazia metida em brigas de gangues, naquela noite Ryoko deu entrada no hospital também.

Enquanto Draken, um dos amigos de Keisuke, se recuperava após a cirurgia, Ryoko dava seu último suspiro e a guarda de Keisuke era passada totalmente para Shouta.

Shouta não confiava em deixar um adolescente sozinho em uma cidade diferente, ainda mais um que era extremamente violento e queria se meter com gangues, então ele levou Keisuke consigo para Musutafu, contra a vontade do garoto.

Isso fez o relacionamento deles congelar novamente, parecia, na verdade, que estava pior do que quando se conheceram, o garoto parecia realmente o odiar e Shouta não sabia como resolver isso.

Mais de um mês depois e nada parecia dar certo.

Com um longo suspiro, Shouta abriu a porta da 1-F olhando em volta, praguejando ao perceber que os Agentes do Caos e seu filho não estavam ali.

- Eles sequestraram Baji tem uma meia hora, Eraser - Majima contou bem humorado.

- Eu vejo... vou ver se os encontro - Shouta suspirou antes de caminhar para fora dali, agora, onde gremmilins imprudentes iriam com um piromaníaco?

Uma área de treinamento... uma onde o terceiro ano treinava.

Voltando para o prédio de heróis, Shouta buscou pelo andar do terceiro ano.

Agentes do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora