Agentes do Caos

XIX

Chifuyu sorriu animado ao entrar na casa de Takemichi, o amigo adorava chamar várias pessoas para lá e, logicamente, o Matsuno nunca recusava um convite.

- Hey, Takemichy!

- Chifuyu, chegou bem na hora! - Takemichi sorriu ao dar passagem para o amigo entrar em sua casa - Kazutora-senpai estava querendo comer o bolo todo sozinho!

- Takemicchii! Se você vai demorar então eu vou comer! - A voz de Kazutora fez Chifuyu tencionar, os olhos arregalados.

- Hanemiya está aqui?

- Ele sempre está, mamãe o adora - O Hanagaki explicou antes de puxar o amigo para a cozinha - Senpai! Eu disse para esperar!

Chifuyu respirou fundo, Kazutora estava sentado no balcão da cozinha, uma enorme espátulas em mãos enquanto partia o bolo em várias fatias, três pratos já dispostos.

- Vai querer um pedaço, Matsuno? Takemicchi acabou de fazer - O Hanemiya sorriu, sua cabeça inclinando fazendo o brinco balançar e o sininho dentro tocar.

Chifuyu sentiu seu estômago embolar, ele queria ser amigo de Hanemiya, queria ser amigo dos amigos de Baji-san e havia prometido ajudar, porém o bilocor era uma constante lembrança de que Baji-san não estava mais ali e isso doía mais do que tudo.

- Chifuyu? - Takemichi chamou preocupado - Está tudo bem? Você está em silencio por muito tempo.

- Está sim - O loiro forçou um sorriso enquanto ia se sentar - Eu só... queria que Baji-san estivesse aqui também, ele iria adorar dividir bolo com a gente.

Takemichi sorriu simpático com isso e então se sentou com um pedaço de bolo para si.

- Baji-kun está bem, vocês sabem, não é como se uma escola de mauricinhos pudesse o mudar - O Hanagaki comentou enquanto comia - Tenho certeza que em breve ele vai ser expulso, do jeito que é.

Isso fez os outros dois rir.

- Ele disse que foi acolhido por um grupo chamado de 'Agentes do Caos' - Chifuyu contou - E que eles deliberadamente trazem a escola abaixo quase toda semana e saem impunes!

- Cara! Que inveja! - Kazutora suspirou sonhador - Na única vez que queimei um carro passei uma noite todinha atrás das grades!

- Um carro? Baji-san disse que vocês queimaram uma viatura! - O Matsuno protestou fazendo o bicolor rir.

- Ainda é um carro!

- Oh céus! Você é pior que Baji-san!

Takemichi sorriu satisfeito em os ver se dando bem e então decidiu aproveitar a sobremesa que havia feito quando um toque soou pela casa.

- O-o que é isso?! - Chifuyu olhou em volta assustado, parecia um alarme, porém era mais suave.

- Eu acho que é a mamãe, vou subir para ver, vocês dois não devorem o bolo sozinhos! - O Hanagaki aconselhou antes de fazer seu caminho para o andar de cima.

Ambos seus pais eram pro heros, cada um a sua maneira. Mamãe era uma heroína de resgate extremamente habilidosa e papai um assistente social da Comissão de Heróis que ajudava crianças em situações difíceis.

Os dois sempre ensinaram Takemichi sobre como ele poderia ajudar os outros mesmo não sendo um herói e o garoto adorava pensar em formas de ajudar sem se pôr em risco imediato, era o que estava tentando fazer com Kazutora.

A situação familiar dele era difícil, como seus pais tinham uma certa influência era uma operação delicada o tirar do núcleo familiar que o machucava, porém haviam outras formas de aliviar a dor enquanto tentavam.

Por isso o Hanagaki vinha tentando reaproximar Kazutora de todos os seus antigos amigos, para que ele visse que não estava sozinho, enquanto isso papai havia prometido dar uma olhada no caso e fazer o que for preciso para ajudar seu senpai.

Takemichi entrou no quarto, suspirando ao notar ser uma chamada de sua mãe e foi atender, ela ligava do número de herói então provavelmente era alguma emergência.

- Oka-san?

- Mithy, pequeno - A fala de Sakura saiu cortada por conta do vento - Preciso de uma ajudinha sua.

- Claro! Do que precisa?

- Lembra-se daquele pen drive que está na gaveta? Pegue-o e guarde onde achar mais seguro e não entregue para ninguém, nem para mim, ouviu?

- Claro! Você vem para o fim de semana, Oka-san?

- Eu não posso prometer, querido, mas vou tentar ok? Você tem alguma apresentação na escola?

- Não, apenas querendo te ver.

- Oh, minha pequena Prímula, prometo que depois desse trabalho a mãe tira umas férias ok?

Takemichi assentiu antes da ligação terminar, imediatamente foi atrás de cumprir o que sua mãe pediu antes de voltar para a cozinha.

Kazutora e Chifuyu riam alto, ambos sujos de glacê enquanto ainda comiam o bolo.

- Oh! Nosso anfitrião voltou! - O Hanemiya foi o primeiro a o notar - Tudo certo?

- Claro! - O Hanagaki se sentou - Então, sobre o que falavam?

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Souya soltou um longo suspiro enquanto se sentava em um banquinho no caminho entre os dormitórios, aquela hora quase ninguém estava do lado de fora, todos se arrumando para o próximo dia.

O Kawata aproveitou que ainda não estava no horário de recolher e decidiu se sentar para observar a paisagem, seus olhos se fechando enquanto ouvia o som dos animais no bosque que a U.A. abrigava.

Estava com saudades de casa, com saudades de Nahoya, esperava poder ver o irmão em breve, ele havia prometido tentar vir nos fins de semana, porém até agora foi complicado, além disso o Halloween vinha chegando e a briga contra a Valhalla também.

Souya queria estar em casa para lutar ao lado dos amigos, porém estava ali, preso nessa escola de mauricinhos com pessoas que sequer gostava! Era tão frustrante que o dava vontade de gritar!

O som de um galho quebrando perto o fez abrir os olhos, porém não se virar, ele já sabia quem era, já conhecia o som desses sentimentos e sabia que ele não se aproximaria mais do que isso.

Assim como sabia, a pessoa sentou no chão, a alguns metros de distância de si, como não sentiu suas costas queimarem, Souya sabia que quem quer que fosse não estava o olhando fixamente.

- O que quer?

- Eu estava pensando em sentar no banco e tomar um ar fresco - A voz de Kirishima Ejirou soou - Mas como você já está aí e eu não quero me afastar muito do dormitório, decidi sentar no chão mesmo.

Souya o encarou, Ejirou estava com os cabelos ruivos pra baixo, usava uma camisa de manga de tecido leve e calças moletom, tinha os olhos fechados e um breve sorriso no rosto. O Kawata revirou os olhos e então olhou as estrelas, ignorando o aluno herói.