VII

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Shouta observou o filho intrigado, o garoto vinha estando comportado, algo muito errado acontecia, somado a ele estar passando muito tempo com Nezu e a ligação daquela tarde, Shouta já temia a avalanche que se aproximava.

No momento Keisuke estava concentrado, sentado na sala comum do dormitório dos professores, ele tinha lápis bagunçados sobre a mesa de centro e estava debruçado sobre um papel, seu braço mexendo demonstrando que ele rabiscava algo ali.

Hizashi sentou ao lado de Shouta com um sorriso no rosto, Yamada Hizashi, o herói Present Mic, era professor de inglês, tinha os cabelos longos e loiros soltos no momento e usava roupas folgadas, muito diferente do seu uniforme de herói, ele e Shouta estavam tentando um relacionamento, mas o moreno tinha medo da reação do filho a isso e eles ainda não tinham ido para um namoro por isso.

Hizashi entendia Shouta e dava todo o espaço possível, eles se conheciam desde a adolescência e Hizashi sabia que não eram desculpas, ele confiava em Shouta, sabia que era difícil para o menor socializar, ainda mais tentar construir uma relação com um adolescente em luto.

- Como estão as coisas com o ouvinte? - Questionou vendo como o moreno mal o notou sentar ao seu lado.

- Tem algo acontecendo - Shouta murmurou - Ele está agitado...

- Por que não senta ao lado dele e pergunta?

- E se ele reagir mal?

- E se ele não reagir mal?

- Hizashi!

- Você sabe que estou certo, você não vai saber se não tentar, agora vai sentar do lado dele e tenta conversar!

Shouta resmungou, mas foi, ele tinha plena noção de que Keisuke os escutava, ele podia estar concentrado no que fazia, mas Keisuke estava sempre atento ao ambiente, então apenas se sentou ao lado do garoto tentando ver o que ele fazia.

Keisuke revirou os olhos antes de tirar o braço de cima revelando um desenho extremamente preciso de sua mãe.

Os cabelos longos e negros presos com adereços floridos, algumas flores enfeitando também as orelhas lupinas escuras como os cabelos, os olhos dourados brilhantes como se estivesse feliz, o sorriso enfeitando os lábios, os caninos maiores que o de outras pessoas, ela foi desenhada usando uma yukata florida e sua calda balançava atrás de si, Baji Ryoko, como se Keisuke a estivesse vendo nesse instante.

- Pra não esquecer de seu rosto - O menor murmurou, Shouta sentiu seu peito apertar e olhou para Hizashi, o outro não precisou nem que o pedido fosse verbalizado antes de ir até uma das estantes e pegar um fichário entregando para Shouta.

- Eu tenho um parecido - Shouta contou, Keisuke ainda não o olhou, mas permitiu que o fichário fosse aberto a sua frente.

A primeira imagem era de uma mulher, os cabelos castanho avermelhados estavam trançados, flores decorando a trança única, os olhos negros eram severos e ela tinha um sorriso discreto no rosto, usava um terno negro, no canto seu nome, Aizawa Kira.

- Minha mãe morreu quando eu tinha 10 anos, tinha o costume de a desenhar para não esquecer

- Funcionou?

- Sim, sempre que acho que estou a esquecendo eu olho para os desenhos que fiz e é como a ter por perto de novo.

Keisuke assentiu antes de passar para o próximo desenho, era de Hizashi.

- Melosos - Murmurou não vendo como os dois homens coraram, passou a página novamente vendo um adolescente de cabelos azuis flutuantes e sorriso animado, ele usava o uniforme U.A. e um óculos de aviador - Quem é?

- Shirakumo Oboro - Shouta tocou o desenho com reverência - Meu melhor amigo, ele acabou sofrendo um acidente quando éramos adolescentes e nós o perdemos...

- Ele parecia animado...

- Ele era um saco - Shouta murmurou bem humorado - Vivia me enchendo, foi ele quem escolheu meu nome de herói.

- O nome tosco?

Os dois heróis riram disso.

- Aizawa-san - Keisuke começou parecendo incerto, Shouta deixou que ele fosse em seu tempo - Eu sei que você vai buscar um aluno transferido essa tarde... posso ir junto?

Shouta inclinou a cabeça, certo, isso era suspeito, mas não tinha nada para desconfiar no momento.

- Claro, você o conhece?

- Se eu quero ir junto! - Keisuke revirou os olhos e Hizashi riu, tal pai tal filho.

- Bem, eu vou sair para uma caminhada, nós saímos logo após o almoço! - O herói loiro se levantou, saindo, deixando os dois sozinhos na sala.

- Eu vou atrás de Izuku - Keisuke reuniu seu material sendo observado por Shouta.

- Keisuke... se incomoda em saber a condição de Izuku?

Keisuke franziu o cenho.

- Condição?

Shouta suspirou, então ninguém tinha contado a seu filho? E ele achando que Keisuke tinha aceito...

Abriu a boca, mas a fechou imediatamente, deveria contar? E se Keisuke tratasse mal Izuku ao saber? Bem, uma hora Keisuke descobriria e era melhor Shouta estar perto para ter uma conversa com o filho caso ele fosse... bem, caso não lidasse bem com isso.

- Keisuke, Izuku é apeculiar.

O moreno travou antes de terminar de guardar seu material tranquilamente.

- Era só isso? O que tem demais? - Keisuke finalmente encarou Shouta - Eu também sou.

- Não você não é.

- Os médicos dizem isso, mas, em 10 anos, eu não despertei minha peculiaridade, então sim, eu sou apeculiar - Keisuke revirou os olhos antes de subir para guardar suas coisas.

Shouta suspirou, pelo menos Keisuke não tinha nenhum tipo de preconceito.

Keisuke desceu ainda com os livros na mão, não tinha nem 2 minutos que subiu.

- Quem são os responsáveis por Izuku?!

- No que isso importa, Keisuke?

- Quem são?!

- A U.A., atualmente, por que isso é importante?

- Onde ele vivia antes?

- Keisuke, não vou passar informações privadas de meus alunos.

- Ele vivia nas ruas, não é? Por isso todos os professores são super protetores com ele, vocês o adotaram.

- Keisuke...

O Baji sorriu.

- Eu acho que entendi... com um quadro desses, qualquer problema familiar que os outros tivessem, eles se sentiriam confortáveis em contar a Izuku, afinal ele os entendia... agora... o que aconteceu para eles terem essa certeza?

Keisuke tornou a subir, murmurando, e Shouta suspirou, seu filho estava investigando os gremmilins? Isso era, com toda certeza, obra do rato!

Agentes do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora