𝗘𝗨𝗣𝗛𝗢𝗥𝗜𝗔 Luna sempre teve uma vida complicada, principalmente em relação ao seu pai que era um alcoólatra. Em um dia após chegar em casa, cansada das agressões constantes, Luna se vê sem saída e para dar um fim em tudo, decide fugir de casa...
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A vida é um enigma repleto de nuances, e muitos afirmam que ela é destinada àqueles que sabem vivê-la. Contudo, uma verdade inegável é que ninguém nasce preparado para enfrentar os desafios que ela impõe.
Essa é uma lição que venho aprendendo dia após dia, especialmente por ser filha única e ter apenas 16 anos, pautada por um cenário familiar que muitas vezes se torna complicado e doloroso.
Viver com um pai alcoolista não é uma escolha, mas uma realidade que molda minha existência. Desde muito jovem, aprendi que as relações familiares podem ser complexas e, por vezes, desgastantes. A convivência diária com o alcoolismo de meu pai impõe uma série de desafios emocionais que, muitas vezes, me fazem sentir sozinha em um mundo onde deveria haver apoio e compreensão. A luta contra os efeitos devastadores do vício vai além do dele; impacta todos ao redor, e eu sou uma dessas pessoas que, embora não tenha escolhido essa dinâmica, sou obrigada a lidar com suas consequências.
A vida pode ser implacável com aqueles que, desde tenra idade, se veem obrigados a assumir responsabilidades que não deveriam ser suas.
Desde que minha mãe faleceu, quando eu tinha apenas quatro anos, essa realidade se tornou a minha. A perda de uma figura materna tão essencial, em combinação com a falta de apoio emocional e físico de meu pai, fez com que eu rapidamente assumisse o papel da "mulher" da casa.
Engraçado.
Meu pai, que deveria ser a figura de proteção e liderança, se entrega à preguiça e ao álcool, passando a maior parte do tempo caído no chão da sala, num estado de inércia que contrasta profundamente com a necessidade de um lar funcional e amoroso. Assim, coube a mim, como filha responsável, a obrigação de cuidar dele e de buscar manter o mínimo de ordem em um ambiente que se deteriorava a cada dia.
Desenvolvi, então, desde os dez anos, uma série de habilidades práticas: aprendi a lavar, passar roupa, limpar a casa e até cozinhar, tudo isso em um esforço para sustentar um lar que, na verdade, deveria estar me sustentando.
O que deveria ser uma fase de descobertas e brincadeiras tornou-se uma rotina de afazeres, na qual eu atuava como uma serva, lutando para manter as aparências e, ao mesmo tempo, tentando compreender as complexidades de minha realidade.
O peso dessa responsabilidade é imensurável e, frequentemente, não reconhecido por aqueles que observam de fora. Ninguém percebe o custo emocional de uma "ajudinha".
A cada falha em atender às expectativas do meu pai, estou sujeito a punições que podem ser tão variadas quanto a sua própria disposição. A liberdade de expressar descontentamento ou de discutir os limites do que é aceitável e adequado na dinâmica familiar não existe; um medo profundo se instala sempre que adentro esse terreno minado, o que perpetua o ciclo de submissão e silenciamento.
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Recentemente, mudei-me para East Highland em busca de um recomeço. Com a chegada de um novo ano letivo, surgem não apenas oportunidades de aprendizado, mas também a chance de conhecer amigos novos e viver experiências inéditas em uma nova escola. Essa transição, embora empolgante, trouxe consigo uma série de desafios.