01

15.5K 595 1.2K
                                    

  A vida é um enigma repleto de nuances, e muitos afirmam que ela é destinada àqueles que sabem vivê-la

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


A vida é um enigma repleto de nuances, e muitos afirmam que ela é destinada àqueles que sabem vivê-la. Contudo, uma verdade inegável é que ninguém nasce preparado para enfrentar os desafios que ela impõe.

Essa é uma lição que venho aprendendo dia após dia, especialmente por ser filha única e ter apenas 16 anos, pautada por um cenário familiar que muitas vezes se torna complicado e doloroso.

Viver com um pai alcoolista não é uma escolha, mas uma realidade que molda minha existência. Desde muito jovem, aprendi que as relações familiares podem ser complexas e, por vezes, desgastantes.
A convivência diária com o alcoolismo de meu pai impõe uma série de desafios emocionais que, muitas vezes, me fazem sentir sozinha em um mundo onde deveria haver apoio e compreensão. A luta contra os efeitos devastadores do vício vai além do dele; impacta todos ao redor, e eu sou uma dessas pessoas que, embora não tenha escolhido essa dinâmica, sou obrigada a lidar com suas consequências.

A vida pode ser implacável com aqueles que, desde tenra idade, se veem obrigados a assumir responsabilidades que não deveriam ser suas.

Desde que minha mãe faleceu, quando eu tinha apenas quatro anos, essa realidade se tornou a minha. A perda de uma figura materna tão essencial, em combinação com a falta de apoio emocional e físico de meu pai, fez com que eu rapidamente assumisse o papel da "mulher" da casa.

Engraçado.

Meu pai, que deveria ser a figura de proteção e liderança, se entrega à preguiça e ao álcool, passando a maior parte do tempo caído no chão da sala, num estado de inércia que contrasta profundamente com a necessidade de um lar funcional e amoroso. Assim, coube a mim, como filha responsável, a obrigação de cuidar dele e de buscar manter o mínimo de ordem em um ambiente que se deteriorava a cada dia.

Desenvolvi, então, desde os dez anos, uma série de habilidades práticas: aprendi a lavar, passar roupa, limpar a casa e até cozinhar, tudo isso em um esforço para sustentar um lar que, na verdade, deveria estar me sustentando.

O que deveria ser uma fase de descobertas e brincadeiras tornou-se uma rotina de afazeres, na qual eu atuava como uma serva, lutando para manter as aparências e, ao mesmo tempo, tentando compreender as complexidades de minha realidade.

O peso dessa responsabilidade é imensurável e, frequentemente, não reconhecido por aqueles que observam de fora. Ninguém percebe o custo emocional de uma "ajudinha".

A cada falha em atender às expectativas do meu pai, estou sujeito a punições que podem ser tão variadas quanto a sua própria disposição. A liberdade de expressar descontentamento ou de discutir os limites do que é aceitável e adequado na dinâmica familiar não existe; um medo profundo se instala sempre que adentro esse terreno minado, o que perpetua o ciclo de submissão e silenciamento.

...

Recentemente, mudei-me para East Highland em busca de um recomeço. Com a chegada de um novo ano letivo, surgem não apenas oportunidades de aprendizado, mas também a chance de conhecer amigos novos e viver experiências inéditas em uma nova escola. Essa transição, embora empolgante, trouxe consigo uma série de desafios.

𝚈𝚘𝚞 𝚊𝚗𝚍 𝙼𝚎 - 𝗔𝘀𝗵𝘁𝗿𝗮𝘆.Onde histórias criam vida. Descubra agora