FREQUENCIES · jikook

05 · o milagre do beijinho

#SininhoDeOuro

⚠️
violência, abuso familiar
sangue e menção a suicídio

🎨

— Daí ele pulou o muro e foi assim que quebrou a perna.

Estou há quase duas horas ouvindo sobre a infância de Jungkook e, sendo completamente honesto, não me surpreende que ele seja virado no demônio.

Ouvir sobre sua família problemática e os vários cenários caóticos entre Jungkook e seus pais não foi nada confortável, especialmente pela forma como ele é tratado. Eu sei que não somos realmente amigos, mas ele é importante para o Jimin e isso, de alguma forma, pode o afetar muito.

— Acha que fazem de propósito?

— Fazem o quê?

— Colocam ele em um lugar que ele odeia como um castigo ou algo do tipo?

— Os pais dele sempre foram rígidos demais. Lembro da última vez que me convidei pra casa dele e fui revistado por três seguranças na porta da mansão dos Jeon.

— Eles moram numa mansão? — Meu queixo cai. — Odeio ricos filhos da puta.

— Você é rico também.

— Mas não sou filho da puta.

Ele estreita os olhos pequenos e eu faço o mesmo.

— Tem muito sobre o Jungkook que é difícil de explicar. Mesmo se a gente passar a semana toda aqui não vou conseguir te dizer. Ele é complexo. Às vezes, nem eu mesmo o reconheço.

— O que quer dizer com isso?

O carrapatinho me olha quieto, como se estivesse decidindo se deve me contar ou não.

— Digamos que ele não sabe lidar com o estresse e acaba sendo um pouco agressivo.

— Agressivo? Como assim? Como ele é agressivo? Por acaso ele pode ser agressivo com o Jimin? Acha que ele pode bater no meu brotinho? Olha, eu sou bem doido! Se eu souber que- — Me calo de imediato, notando que seu olhar fica no meu por um bom tempo. — Que foi?

Ele não responde. Talvez algo do que eu tenha dito seja responsável pela mudança na sua postura e expressão; O sorriso sacana e a pose metida desaparecem e dão lugar a um suspiro cansada.

— O que foi?

— Só tava observando.

— Observando o quê?

— Me fez todas as perguntas das últimas duas horas por ter ficado preocupado com o Jimin, não foi?

A forma como um sorriso triste curva os lábios rosados faz meu coração se apertar e eu não tenho a mínima ideia do motivo.

— Fiz algo de errado?

Ele me olha quieto por tempo, então nega com a cabeça.

Seu silêncio é como uma tortura e a forma como mudou da água pro vinho em tão pouco tempo me deixa inquieto também.

— Eu falei alguma coisa errada?

— Não. — Ri soprado. — Você não fez nada, eu fiz.

— Você? O que você fez?

— Fiquei aqui por duas horas respondendo suas perguntas porque queria ficar com você por um tempo, mesmo que suas intenções fossem outras.

Imediatamente, meus olhos se alargam.