08 · um tentador convite ao inferno

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#SininhoDeOuro

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Sinto minha cabeça latejar com o menor dos movimentos que faço sobre o colchão. Abro os olhos devagar, meio sonolento, para sentir o ar sumir dos meus pulmões repentinamente; Ao meu lado, Yoongi tem os olhos fechados, a bochecha amassada pelo travesseiro e o corpo miúdo envolto em vários cobertores.

Será que estamos pelados?

Passo a mão rapidamente pelo meu corpo descoberto e os tecidos presos a mim me fazem soltar um suspiro aliviado.

Volto a olhar ao redor e estreito os olhos para o cenário: não há nada realmente bagunçado, a não ser pelos meus sapatos jogados em algum lugar. Passo a mão pelo rosto e tento me lembrar de qualquer segundo da última noite, mas não há nada a não ser um grande borrão.

Yoongi agarra um pouco mais o travesseiro e eu o olho por um tempo. Gradativamente, peças se encaixam em rápidos lapses confusos.

Havia lágrimas em seu rosto e uma enorme culpa em meu peito por vê-lo chorar. Por algum motivo, o nervosismo de ambos foi dissolvido em minha mão quando o trouxe para perto e fiz suas pernas se encaixarem ao meu redor.

Aproximo meu indicador de sua mão e o toque quente me leva ao encaixe perfeito dos dedos de pontas rosadas no meu cabelo; Subo o carinho até a bochecha quente e me quebro em um sorriso ao ver a pele tão corada quanto na noite passada, quando seu sangue ferveu sob meu toque e os lábios se arrastaram até os meus; Minha digital encontra o local macio no centro de seu lábio inferior, pouquíssimo ferido pela intensa emoção que talvez tenha me feito perder o controle.

Apesar dos rápidos flashes de memória, não poderia esquecer da textura macia e o sabor cruel em cada lágrima que rolava pelo rosto bonito, mesmo após inúmeras afirmações sobre um sentimento que, sendo honesto, não sei do que chamar, mas sei que pertence a ele.

E talvez essa incerteza tão certa que me faça agir como um idiota. Quando penso nas coisas que faria por Yoongi, lembro que jamais faria elas por outra pessoa, nem mesmo por Jimin.

Jamais me aproximaria tanto quando o conheci, não sentiria a pele macia contra a minha e gostaria de como ele se sentiu irritado quando sorri ao ir embora. Não me vejo em um cenário onde deixaria meus minutos serem gastos em uma conversa no fundo de um jardim escuro com um desconhecido. Nunca sentiria tanta saudade de alguém, mesmo o tendo tão perto, seria idiotice.

Mas por ele eu fiz tudo isso, como um idiota, e não consigo encontrar um nome que faça justiça ao que quer que seja isso que faz meu peito ser tão maltrato pela força com que meu coração bate. De igual forma, se isso o machuca, seja pela insegurança ou qualquer outra coisa, não posso chamar de amor.

Amar não machucaria tanto, certo?

Os olhos pequenos se abrem e fazem meu toque recuar. As pupilas estão dilatadas e encaram diretamente meu rosto, de maneira um pouco triste, mesmo que os lábios se esforcem para um sorriso.

Se eu for castigado pela destruição de algo, ao menos poderei me gabar e afirmar que ele foi o caos mais bonito que tive a oportunidade de experimentar.

— Oi. — Digo baixinho. — Bom dia.

— Dia? — Suas sobrancelhas se unem e ele olha ao redor, voltando a deitar a cabeça no travesseiro. — Por que eu tô aqui?

— Boa pergunta.

— Ah, eu trouxe você. — Ele esfrega o rosto. — Espera aí, a gente-

— Não.

FREQUENCIES  ·  jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora