#SininhoDeOuro
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Observo as luzes coloridas serem borradas pelas gotas de água que caem do céu; Tão pequenas e meio sem rumo enquanto rolam pelo parabrisas, brincando com o vermelho do semáforo mais a frente. Me pego preso naquela gota de chuva fina e em como ela não tem pressa para descer, levando seu tempo.Vejo o mar ao meu lado direito; As ondas violentas se quebram e morrem na areia vazia da praia, como se estivessem gritando por socorro para um grande vazio, onde ninguém pode as ouvir.
Ao meu lado esquerdo, o mesmo cenário com personagens diferentes. Os dedos inquietos que batem contra o volante parecem tão desesperados quanto a água do mar. Ele está tenso, também gritando por socorro no meio do nada.
Me permito analisar minha atual situação por alguns segundos: estou em um carro com um cara que conheci há menos de uma semana, afundado em uma tensão que nunca senti antes enquanto assisto seus nervos aflorando nos dedos que apertam o volante com certa raiva.
Bobo, né? Nunca me senti tão seguro.
— Pra onde tá me levando? — Questiono pela primeira vez após longos vinte minutos de silêncio insano. — Alô?
— Hm?
— Aonde estamos indo?
Ele me olha por alguns minutos, muito quieto e um tanto surpreso. Parece que acabou de se lembrar que estou ao seu lado. O que quer tenha acontecido, com certeza foi o motivo de o tirar da casinha e isso, por algum motivo, me deixa intrigado.
Estou curioso, mas não quero parecer intrometido e nem tenho o direito de fazer qualquer pergunta sobre sua vida pessoal.
— Quem era no telefone?
Foda-se.
— Ah... Bem... — Ele responde baixo, meio pensativo, parando o carro perto de um lugar novo para mim. — Ninguém importante.
— Acha que levo muito tempo pra correr daqui? — Minha pergunta deixa sua cara torcida em confusão. — Caso você tente me matar.
Sua expressão carrega tantas coisas ao mesmo tempo que não sei interpretar; Parece triste, irritado, nervoso com algo que não sabe explicar, muito diferente do Jungkook que conheço.
E eu não gosto nada desse novo Jungkook.
— Sai do carro.
Ele lidera o caminho até algo que parece ser uma lanchonete. Nunca estive por esses lados então não faço ideia de onde realmente estou, só o sigo pela calçada não muito larga, sentindo o vento gelado invadir o casaquinho que escolhi com todo carinho pra essa ocasião que pode acabar nos noticiários de tragédia pela manhã.
— Senta aqui, já volto.
Não querendo arriscar minha vida, eu apenas me sento no canto de uma mesa, o mais perto possível da parede pois é onde o vento não chega com tanta ignorância.
Abraço meu casaco ao meu corpo e apoio a cabeça na parede, tendo a bonita visão da praia um pouco longe dali. As ondas vêm e vão com violência por culpa do vento forte e esse, definitivamente, não é meu cenário favorito, mas minha mente parece calma, apesar de tudo.
Talvez ele tenha esse efeito sobre mim. Não sei realmente explicar, mas mesmo que seja assombroso, me sinto em paz e, por algum motivo, as peças se encaixam enquanto o observo no balcão.
Seria ridículo admitir que uma desordem gigantesca como Jungkook tenha se tornado a chave principal para o meu lugar seguro, então quero que esse segredo fique apenas entre nós.
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FREQUENCIES · jikook
Fiksi Penggemar · COMPLETA angst | comedy | romance Por culpa da ansiedade, Park Jimin desenvolveu extrema sensibilidade aos sons; Pequenos ruídos podem se tornar um enorme problema. Porém, nenhum problema é tão grande quanto seu novo vizinho, Jeon Jungkook...