07 · amor tulípico

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#SininhoDeOuro

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Quente e acolhedor; O calor na minha pele é quase como um abraço em manhãs geladas.

Deitado sobre a grama cheia de orvalho no jardim dos fundos, sinto meu corpo se aquecer com os raios do Sol e fecho os olhos, tendo meus pulmões preenchidos por um ar frio que atravessa as lágrimas em minha garganta.

Hoje é um dia especial, pois é o aniversário de mamãe.

Seria.

Um suspiro profundo me leva até a cozinha da casa pequena e aos ovos quebrados no chão. Minhas pernas pequenas sequer alcançavam a cadeira que me impulsionaria até o armário, mas eu estava tentando, por ela.

Havia passado os últimos dias planejando e pesquisando sobre o bolo perfeito e usava toda a não-experiência de meus cinco anos de idade como se fosse algo realmente útil. Acreditava fielmente que os ovos deveriam ser lavados, mesmo que as cascas não fizessem parte da receita, e foi nessa aventura que consegui destruir uma cartela inteira.

"Jimin!" Ouvia a voz assustada me chamar após o estrondo. Seu rosto bonito carregava surpresa e uma pitada de preocupação enquanto ela se aproximava, me pegando com agilidade e me colocando sobre a mesa. Um suspiro nervoso escapou dos lábios bonitos antes de me repreender: "Não havia dito para ficar longe da geladeira? O que pensa que está fazendo? Olha pra essa bagunça!"

Ela não estava brava, apenas preocupada, e eu não podia tirar sua razão. Porém, também não conseguia me sentir nervoso diante da situação e da correria para limpar tudo, pois ela fazia eu me sentir confortável, mesmo diante de situações como aquela.

Sentado sobre mesa, sentia um sorriso crescer em meu rosto, a observando; Tão bonita, minha mãezinha.

Ainda vejo parte dos cabelos claros e brilhosos presos atrás de sua cabeça; Poucos fios dourados caíam sobre o rosto jovem de traços suaves. Apesar dos pequenos hematomas que papai lhe dava, mamãe ainda era belíssima. Seu vestido bonito contornava o corpo magro de forma graciosa, os pés descalços eram pequenos e sempre muito limpos, enquanto os lábios eram cobertos por um gloss suave e os olhos que me encaravam tinham uma tonalidade dourada, assemelhando-se a mel.

Bonita! Mamãe foi a mulher mais linda que conheci.

"Queria fazer um bolo pra você" Me justificava e assistia ela passar as mãos pelo rosto "Desculpa a bagunça."

A última coisa que me lembro é do abraço apertado, puxando meu corpo contra o seu, com medo de que eu tivesse me machucado. O toque era quente e acolhedor, como o toque dos raios de Sol.

Meus pensamentos saem de órbita quando uma sombra se coloca sobre mim e eu abro os olhos para ver o bonito sorriso dorminhoco de Jungkook.

— O que foi? — Sua expressão muda ao ver que há lágrimas em meus olhos. — O que aconteceu?

Sorrio fraco e toco a pele macia. Controlo minha vontade de desabar ali mesmo e vejo seu corpo sair de cima do meu para que ele se deite ao meu lado.

— Ei, o que aconteceu?

— Nada. — Digo baixinho, ainda o olhando. — Só tava pensando.

— No que tava pensando de tão triste que te fez chorar?

— Na mamãe.

Jungkook ainda não sabe que a perdi, e talvez seja por isso que parece tão confuso enquanto me olha.

— Ela tá doente? — Os olhos se alargam. — Você precisa ir visitar ela? Eu posso te levar, assim você aproveita e me apresenta. Ela vai me amar, levo muito jeito com mães, menos com a minha.

FREQUENCIES  ·  jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora