01. Neco Neco

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LAURA

"QUATRO ANOS ATRÁS"

- Cadê ele Ali?! - pergunto assim que invado a casa sentindo todos os meus hormônios fervendo em baixo da minha pele.

- Ele está no seu quarto, arrumando as malas... mas Laura, tenha calma. Por favor! - ela diz mas eu mal escuto pois a raiva e a frustração me invadiram há alguns minutos atrás quando o Thomas me deu a notícia de que ele iria embora.

- Então é isso? - pergunto abrindo abruptamente a porta do quarto que assim como a minha tinha uma placa dizendo "Proibido Entrar".

- Isso o quê? - ele não coloca seus olhos em mim e continua fazendo a sua mala.

- Que cara de lata tens tu!- grito enquanto chego perto dele e tiro tudo da sua mala e jogo-as no chão.

- Que merda tu queres aqui Laura? - ele grita com raiva mas pela primeira vez não me abala, talvez porque a minha raiva é maior do que a dele.

- O que eu quero? Quero a merda de uma explicação! A merda de uma justificativa! Por que eu dei tudo de mim nesta relação! Tudo! E tu só deste a pohha de migalhas! - grito me aproximando e vejo seu corpo reagir assustado, talvez por eu tê-lo enfrentado ou talvez porque ele finalmente se deu conta do quão irritada eu estou - E agora, justo agora... na pohha do momento que eu mais preciso de ti tu decides simplesmente mudar-te?

- Nunca houve nós, Laura! Tu sempre soubeste disso, sempre soubeste que eu não queria nada sério mas tu insististe e eu cedi... - ele diz como se nada fosse e apanha as suas roupas que estavam jogadas no chão.

- Cedeste? Tu cedeste? - pergunto finalmente deixando que as lágrimas caíssem.

- Sim, Laura. Eu cedi! Tu és só uma menina mimada pelos avós, abandonada pelos pais e carente de atenção... Então sim, eu cedi!! Tu és uma criança, uma pobre criança...e eu sou velho de mais para ficar contigo! - suas palavras saem afiadas como uma navalha cortando-me por dentro.

Ele havia usado os meus avós mesmo sabendo que não havia passado sequer 1 mês desde que eu os perdi, os 2. Com a diferença de apenas 1 semana.

- Como podes? - pergunto sentindo o meu coração sair pela boca.

-Laura, desculpa eu não queria falar dos teus... - ele tenta dizer enquanto eu recupero o meu fôlego.

- Cala a boca! Cala a boca! - grito assustando ele novamente - Chamas a isso ser "velho"? Tu, Gustavo, és um merda! Tu achas que cedeste só porque eu lutei pelo que eu quis?! Eu te queria, mas nunca te amei! - minto - Te usei tanto quanto tu me usaste. Aprendi contigo para ser melhor do que tu. Achas que me fizeste de trouxa porque estavas com quem quisesses na hora que quisesses, mas eu acho que o fazias por insegurança por que nunca foste capaz de me saciar completamente... Nós dois sabemos disso! - minto magoando o seu ego - Com 16 aninhos ele se acha "velho"! - rio - Por favor, né Gustavo!

- Para de chamar-me Gustavo, Laura! - ele grita.

- Porquê?! Só a tua mamãezinha é que podia?- pergunto debochando de sua dor tanto quando ele debochou da minha e vejo os seus olhos brilharem de lágrimas mas não me contento - Que pena, a mamãe não tá mais aqui...- imito uma voz de bébé debochando ainda mais dele - Vais chorar agora?

- Lava a tua boca pra falar da minha mãe! - ele grita.

- Como tu lavaste a tua pra falar dos meus avós? - pergunto - Mesmo sabendo que a minha dor é muito mais recente do que a tua?

- Eu não vou pedir que entendas o que é perder a mãe, sendo que tu nunca tiveste uma... Mas eu vou te pedir que respeites a memória da minha! - ele diz me ferindo ainda mais.

Ohaura IIOnde histórias criam vida. Descubra agora