Cap 15 - James Bond

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Stella

Vestia o casaco dele quando chegamos na frente da minha casa e da dele que que era exatamente ao lado, esfreguei os dedos sem saber o que dizer.

O Dylan estava certo desde o começo, sobre o Nicolas não ser o cara certo pra mim, e mesmo assim eu teimei com o único que se preocupou comigo. Mantenho meu olhar na direção contrária dele, não tinha coragem de olhá-lo.

— Ei - sinto dedos no meu queixo me puxando.

— Você estava certo, me des...

— Não precisa, você tá aqui agora, segura - ele me puxa pra um abraço quente.

Fecho meus olhos e o aperto fica mais forte contra o meu corpo, gostaria de ficar aqui pra sempre...mas talvez ele não queira a mesma coisa. Dou um suspiro e me afasto depois de longos minutos.

Olho para o meu próprio corpo e infelizmente tenho que devolver o casaco. Mas como ele pudesse ler a minha mente...

— Pode ficar... - dá um sorriso de canto - com o casaco.

Assinto com a cabeça, receosa.

— Obrigada, mesmo - nossos olhares se encontram.

Dou as costas e saio do carro quentinho pro ar mais frio e que automaticamente me lembrou do lago. Afasto os meus pensamentos e as imagens que provavelmente vão me atormentar por longos meses.

Entro em casa e vejo todos sentados no sofá olhando fixamente pra porta, deviam estar me esperando.

— Filha... - minha mãe é a primeira a se pronunciar.

Quando a primeira lágrima escorre pelo meu rosto e eu me apresso a limpar, os três se levantam do sofá pra me abraçar, odeio que as pessoas me vejam chorando mas era quase impossível hoje. Aos soluços e fungadas, sinto os beijos e os carinhos no topo da minha cabeça.

— Vá dormir, amanhã será um novo dia - meu pai diz com um olhar de pena.

Aceno com a cabeça, sem conseguir dizer uma palavra subo as escadas em direção ao meu quarto. Me jogo no meio da minha cama e continuo olhando pro teto branco.

Tento fechar os meus olhos por um milésimo de segundo e vem à tona todas as sensações enquanto eu me debatia não água, sendo afogada pelo cara que  na minha cabeça me amava. Como eu fui burra !!

Tenho o dom de me envolver só com os homens errados, mais um ex problemático pra conta na minha vida.

Desisto de dormir e começo a perambular pelo meu quarto, vejo no canto da minha cama o lençol preto que eu usei pra cobrir a varanda, como eu tive a coragem de tratar ele assim ??! Protegendo um homem que ele não gostava, pra no final a idiota aqui ser afogada.

E o prêmio pra amiga mais inteligente vai paraaa...Stella Miller.

Escuto vozes vindo do corredor, e eu tomo cuidado quando abro a porta. Logo vejo meus pais abraçados na escada, com a minha mãe controlando o choro.

— Eu prometi...prometi à ela... - minha mãe diz, prometeu a quem ??

— Prometi que cuidaria dela - e ela cai aos prantos novamente.

— Shhh, vai ficar tudo bem - meu pai a conforta.

Quando eles ameaçam a se virar, eu arregalo os olhos fechando a porta com cuidado e desespero ao mesmo tempo pra não ser pega.

Que promessa é essa ?? Quem é "ela" ?!

Frustrada enfio o meu rosto no travesseiro, me tira tanto do sério não saber das coisas, principalmente quando se trata de mim.

[ ... ]

Depois de segundos intermináveis de beijos e abraços da minha família, eu consigo fugir pra fora de casa com meu cabelo já todo desgrenhado. Viro a cabeça quando uma buzina chama a minha atenção e sorrio de leve ao vê-lo.

— Vai querer uma carona descabelada ? - ele brinca apontando pro meu cabelo.

Que audácia !

— Olha aqui ! - chego perto do carro o apontando.

— Vamos nos atrasar, Ella - aaai que saudade desse apelido saindo pela boca dele

— Que sorriso é esse ?? Tá me dando medo - bati no braço dele antes de entrar no carro.

— Só senti saudades... - encaixo o cinto.

E percebo o mesmo me olhando com um sorriso bobo no rosto, saio do transe querendo tirar um sarro dele.

— Vamos nos atrasar, Ella - forço a voz o imitando e ele arranca com o carro me assustando de leve.

Chegamos até que rápido no colégio já que não pegamos nenhum sinal vermelho. Bato forte a porta do carro pela a minha empolgação e recebo um resmungo do meu lado.

— Tem geladeira em casa não ?? - o empurro com o ombro o deixando pra trás.

Oh espera ! Dois passos dele são cinco passos seus, triste realidade de uma pessoa que tem perninhas tão curtas e preguiçosas.

De longe vejo quando o Pablo arregala os olhos me vendo e pulando de alegria, Olívia não entende nada até se virar pra mim e sorrir com alívio, os dois andam com os passos apertados na minha direção até me sufocar em mais um abraço essa manhã.

— Ok, ok, vocês vão sufocar a coitada - Dylan dá um espaço pra mim.

— Ciúmes é, garotão ? - Pablo brinca e o "garotão" do meu lado franze o cenho.

— Que saudades de você - Olívia diz apertando a minha mão.

— Para de ser mentirosa - ela abre a boca incrédula - só quer mesmo o meu irmão.

— Aah, é por que assim...ele é ótimo quando... - eu a interrompo.

— Aaaaaaa, SEM DETALHES SEM DETALHES ! - coloco os dedos no meu ouvido e os três a minha volta riem da situação.

Reviro os olhos, e começo a andar resmungando. Até sentir mãos me alcançando na minha cintura, sinto aquele pequeno frio na barriga e mentalmente mando as borboletinhas sossegarem...por enquanto.

— Vai voltar comigo - ele pede ? Ou manda ?

— Isso foi um pedido ou... - ergo uma sobrancelha.

— Foi uma ordem com uma pitada de pedido - ele ri e os olhinhos se espremem, nunca tinha reparado nisso.

— Na verdade...

Antes de desmaiar na minha cama, eu bolei diversos planos diabólicos...brincadeira. Enfim, eu iria pra escola hoje e na volta viraria o James Bond pra tentar entrar no hospital que minha mãe trabalha, me rastejar até sala que contém todos os dados de literalmente, sem exceção, todos os pacientes que já passaram por lá.

E contaria com a sorte pra achar a ficha da minha suposta mãe que no fundo do meu coração estou torcendo que o sobrenome "Miller" tenha vindo dela. Vocês devem estar se perguntando "mas e o seu pai ? Não tem interesse em achá-lo ??"

Sinceramente, não. O homem deve estar vagando por aí, ou já até morreu, mas se ele se importasse comigo cuidasse de mim quando minha mãe faleceu.

Mas então, era esse o plano, bem fácil né...só que não, quando a sua trabalha nesse hospital e todas as pessoas que trabalham nele te conhecem também.

Saio do meu transe com alguém estalando os dedos perto do meu rosto e chamando pelo meu nome.

— Stella ?!

— Eu vou estar ocupada, deixa pra próxima - dou um riso forçado e saio praticamente correndo, o deixando novamente pra trás.

Que merda foi essa, Stella ??!

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