Cap 5 - A festa do pijama

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Era um domingo e o tempo estava horrível, eu estava esparramada no sofá da sala assistindo o desenho do Pica-pau e rindo sozinha igual uma lesada. Até meu irmão entrar no meu campo de visão todo eufórico.

- Tá na frente do meu desenho ! - digo com a cara fechada pro mesmo.

- Tá passando pica-pau cara - olha pra trás, onde estava a tv.

- Aaah vai a merda - taco uma almofada no mesmo - mas o que você quer comigo hein ? - me sento no sofá com perninha de chinês.

- Sabe a Vitória ?? 

Ele tava falando dessa tal garota desde o começo das aulas do cursinho, não estava suportando mais.

- Você fala dela toda santa semana, é óbvio que eu sei - reviro os olhos - mas o que tem ?

- A mãe e o pai tiveram a brilhante ideia de viajarem sozinhos por alguns dias, então eu pensei... - não deixo terminar.

- Nem vem ! Eu sempre me fodo com essas suas ideias malucas - arqueio minhas sobrancelhas.

- Ah... - o interrompo.

- Aquela vez que você inventou de fazer uma festa, e chegou uma hora que seu amigo me jogou na piscina que nem um saco de batata e minhas costas ficaram doendo por uma semana - dou ênfase nas últimas palavras, e sorri falso.

- Mas dessa vez vai dar tudo certo, eu pensei em fazer uma festa do pijama.

- VOCÊ querendo fazer uma festa do pijama, meu Deus você tá bem ?? - coloco a palma da minha mão na testa dele, fingindo ele estar com febre ou algo do tipo.

- É sério ! - dá um tapa na minha mão a tirando - topa ou não ? - cruza os braços perguntando.

- Tudo bem... - quando ele ia comemorar, o interrompo - mas eu quero convidar meus amigos.

- Tá, convida quem você quiser - levanta os ombros como se não ligasse, e sai andando fazendo uma dancinha totalmente estranha.

Eu ligo pro meus dois únicos amigos, e só a Olívia topa, porque o Pablo vai ficar cuidando da irmã hoje. Vou até a cozinha pegar algo pra comer, e percebo um garoto na frente da casa encostado na porta do carro.

Até iria perguntar para o imprestável do meu irmão, mas ele evaporou do nada.

Abro a porta com cautela e quando reconheço a pessoa, vou correndo até ele para abraçá-lo. Não sei como eu o reconheci depois de tanto tempo, era o Nicolas, o mesmo que tinha conversado comigo pela ligação, mas não imaginava que ele chegaria aqui na Carolina do Sul tão rápido.

- Meu Deus você tá aqui - rio toda boba sem acreditar.

- Eu disse que viria - sorri de canto.

- Quer entrar ? - inclino minha cabeça para a casa, e pergunto meio receosa.

- Obrigado, mas eu tenho hora agora meu bem, mais tarde a gente se fala - faz um carinho no meu braço.

- Tudo bem então

Ele me puxa pra um abraço de despedida e eu retribuo meio surpresa, quando eu me afasto do corpo dele, o mesmo me dá um selinho, e se vira entrando no carro e dando partida como se nada tivesse acontecido.

Estou paralisada no mesmo lugar com os olhos arregalados, tentando processar o que tinha acontecido, não sei se foi proposital ou sem querer. Até eu tomar um susto com a voz do meu vizinho.

- Novo namoradinho é? - ri enquanto molha as plantas do jardim.

- Por que o interesse ? - pergunto me aproximando do Dylan.

Ele estava bem estranho ultimamente, jogando algumas cantadas, e se interessando quem eu conversava e sobre os garotos que tinha uma amizade, inclusive agora com o Nicolas.

- Sabe, meu irmão teve a brilhante ideia de fazer uma festa do pijama - cruzo os braços - se quiser ir - levanto os ombros como se não me importasse.

- É...talvez eu vá - diz se aproximando com a cabeça baixa - mas eu acho melhor você entrar pra tomar um banho e se arrumar - junta os lábios, deixando em um linha reta.

- É só mais tarde a festa seu lesa... - sou interrompida por ele.

Apontando a mangueira de jardim em minha direção e me molhando inteirinha, sem deixar uma parte minha seca.

- Aaaah você vai se ver ! - digo com o corpo todo paralisado.

Começo a correr em volta dele com a mangueira em minhas mãos, tentando molhar ele, mas era mais rápido do que eu. Foi quando ele me puxou pela cintura, deixando nossos corpos molhados grudados um no outro, eu tava sentindo a respiração dele ofegante, mas também não sabia se era por ter corrido o quintal fugindo de mim, ou por estar perto de mim desse jeito.

- Eu acho melhor você entrar pra não pegar um resfriado - diz se afastando e esfregando a mão no nariz.

Não faço questão de ficar questionando isso é só entro, indo direto para o banheiro que ficava no meu quarto, e quando saio do meu banho quente começo a tossir que nem um cachorro engasgado, que ÓTIMO !

Visto uma roupa quentinha e pego meu inalador na gaveta, e sento na minha cama, mando uma mensagem pra Olívia dizendo pra ela não vir mais, pois tinha ficado doente. Quando consigo escutar as vozes do meu irmão e de uma garota que devia ser a Vitória pelos corredores.

Me encosto na cabeceira da cama e ligo o inalador e coloco a máscara no meu rosto, cobrindo o nariz e a boca, e comecei a respirar devagar aquela fumacinha que saía do aparelho. Até eu escutar alguém batendo na porta, imagino que é o meu irmão provavelmente querendo saber por que eu não estou lá embaixo com eles, então falo pra entrar, e não é meu irmão.

- O que tá fazendo aqui ? - Dylan pergunta encostado no batente da porta.

- Eu que te pergunto, a casa é minha - desligo por um momento o inalador - e olha você entrando pela porta, ao invés pela minha varanda e invadindo meu quarto - rio.

- Eu sou uma pessoa civilizada Stella, mais respeito - diz com uma voz de autoridade, brincando comigo e eu caio na gargalhada - mas o que você tem hein ? - chega mais perto.

- Minha bronquite atacou Doutor - digo segurando o riso - vai me examinar é? - me ajeito na cama.

- Não, mas vou cuidar de você meus cachinhos dourados - se senta na minha frente.

Ele coloca uma mão na minha cintura e me puxando delicadamente pra perto dele, e investe a outra na minha bochecha me fazendo um certo carinho com o polegar, quando o mesmo junta os nossos lábios, o beijo era calmo, não teve muita safadeza, mas eu gostei tanto daquilo, ele me beijava lentamente e após me dava vários selinhos.

Ele infelizmente se afasta do beijo e se deita do meu lado e bate a mão do lado dele da cama pra eu chegar mais perto.

- O que é isso hein ? - me deito de frente pra ele.

- shhh - faz carinho no meu cabelo - a paciente tem que ficar quietinha pra melhorar - me dá um beijo na testa.

Acabo fechando meus olhos e caindo no sono, e paro pra pensar que o povo tava com uma mania de me beijar hoje, o que aconteceu??

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