01- Viajante sem rosto.

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Os barulhos das portas se fechando fizeram Lee franzir o cenho, agitado, os passos ecoavam mais alto, ele estava próximo, logo do meio das sombras daquela sala escura surgiu o único que poderia fazer Lee se arrepiar. Um homem de cabelos negros porém levemente grisalhos acima das orelhas, nariz comprido e olhos verdes.

–Hora de fechar a conta, Lee Know...

–É hora de você ir á merda, Jason!

O moreno cuspiu as palavras com tamanho orgulho, mas sabia que elas seriam o motivo de uma possível surra e cá entre nós isso fez ele tremer já que os capangas do homem de idade avançada estavam com belas barras de ferro atrás dele. Para a sorte do asiático, Jason passou a rir da resposta rude o que fez Lee aliviar a tensão do peito, ele de fato precisava parar de responder tão impulsivamente.

–É uma pena realmente, Lee... Eu até que gostava de ti, meu filho bem que deveria ser como você e não aquele merdinha...

–É uma pena sim, Senhor... Mas é necessário... Essa vida não é mais para mim!

–Ah Lee... Tem certeza? Sabe que eu não dou segundas chances...

–Estou seguro de minhas escolhas!

–Nesse caso... Esta livre para ir!

Neste momento os olhos ágeis de Lee já correram até o brilho da porta que se abria atrás da grande poltrona de couro onde Jason estava sentado. Se levantando primeiro o mais velho estendeu a mão para um aperto de confiança, Lee se ergueu e estendeu a mão deixando que fosse de encontro com a dele. Apertaram e deram um leve tranco sacudindo as mãos, assim o homem sorriu ladino e sussurrou:

–Deve correr... A liberdade te espera!

"...A liberdade te espera!..."

A frase ecoou na mente do asiático que desfez o breve sorriso que se formará no canto de seus lábios e sendo assim ele se afastou tomando a mão de volta, driblou o primeiro brutamonte que já vinha na direção do ágil rapaz, ele assim correu o máximo que pode, mas assim que seu pé ameaçou chegar perto da porta ele a viu bater e assim escutou o barulho da tranca, estava preso. O desespero tomou conta da respiração dele que agora estava ofegante, o peito inflava e murchava tão rápido quanto um felino assutado e ao olhar para trás por cima do ombro ele bateu o punho contra a porta de madeira maciça xingando-se mentalmente por ter confiado em Jason o suficiente para acreditar que ele o deixaria sair pela porta da frente.

–Um ratinho... Parece um ratinho assustado que foge do gato...

–Seu maldito!

–Cuidado... A última pessoa que me chamou assim morreu de tanta dor depois de eu arrancar a pele inteira dele como se faz com casquinha de ferida...

Assim que os brutamontes chegaram perto, Lee Know deu o primeiro soco no rosto de um deles, um gancho que pegou-o de surpresa, mas antes que pudesse se virar para o segundo viu apenas o brilho do metal em direção de seu rosto. E enfim acordou...

–PORRA! —O berro assustado ecoou enquanto o rapaz se sentava na cama— Saia da minha cabeça...

Ele resmungava, aquele pesadelo já se repetirá tantas vezes e ele realmente nunca conseguia mudar nada, em verdade era uma lembrança, uma não tão recente, mas também não tão distante dos dias atuais. Pondo a mão sobre o próprio rosto, Minho ainda podia sentir o maxilar doer como todas as vezes que tinha tal pesadelo.

Desistindo de tentar dormir apenas jogou a coberta para os pés da cama e se levantou ignorando o ranger do ferro que sustentava a tal. Os pés deram de encontro com o piso gélido e velho de madeira, aquele hotel não é nem de perto o melhor que já se alocou, mas como também já esteve em lugares piores acabou ficando sem argumentos para reclamar disso, Minho entendia que se quisesse seguir numa vida promíscua e claro, livre, deveria deixar de lado esses detalhes como camas velhas e pisos mais ainda. Os passos eram lentos e delicados para não fazer o piso ranger tanto, logo estava no banheiro do pequeno quarto, de frente para o espelho encarando á si mesmo no vidro.

Riders- (Lee Minho/Lee Know)Onde histórias criam vida. Descubra agora