12- Sem ter á quem deixar.

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Os dias passavam quase que como apenas uma maldosa tortura para Minho que não tinha a menor idéia de o que fazer, seu chão parecia roubado de si assim como um pedaço de seu peito. Havia um rombo em sua vida e ele sabia que não deixaria de lamentar saber que já não veria os olhos azuis que amava admirar, sequer pode a ver uma última vez sem saber que ela o odiaria para sempre, ele queria ao menos o perdão da moça, da amada "caipira" Pink, Lilith Rizzo. O perfume dela ainda estava na blusa que ela havia usado naquela manhã após dormirem juntos. O toque dela ainda estava em sua memória, tão fácil lembrar que parecia ainda estar quente sobre a derme. O sabor dos lábios vermelhos ainda era possível de sentir caso ele se concentrasse. A maciez dos cabelos ainda lhe acariciava os dígitos. A beleza estonteante, sorriso encantador, jeito apaixonante, tudo estava tão intensamente marcado nele que assim como uma tatuagem ele sentia que seria permanente. Era fato: Minho estava largado em sua própria vida, vivendo na sarjeta do seu eu e, quando falo do corpo físico, devo dizer que ele já não sabia mais o que era deixar de estar bêbado.

O anseio por cura sentimental fazia parecer boba a ânsia que lhe tomava o estômago fazendo um pouco de vômito lhe arder a garganta quando quase o pôs para fora. Ele não saberia dizer a data se lhe perguntassem, mas sabia que o tempo era cruel para ele e a cidade em geral. Já estavam em seu sétimo dia de luto. Nos dois primeiros dias nenhum comércio fora aberto, apenas se ouvia choro e lamúrias; no terceiro dia apenas algumas pessoas conseguiram voltar ao trabalho, mas tal como em um feriado mal havia clientes; no quarto dia o bar Misty se abriu novamente, fazendo com que Minho não fosse mais o único cliente; no quinto dia as coisas voltaram quase ao normal, mas mesmo no bar Misty que sempre fora o lugar mais agitado da cidade não havia movimento; no sexto dia alguns choravam enquanto bebiam, outros voltavam aos seus serviços; no dia atual, o sétimo dia, as pessoas voltavam ao quase normal de suas vidas, pois entendiam que mesmo que o luto fosse tão intenso e a dor enorme, não deixariam suas vidas pararem, Minho não pensava como eles, ele sequer pensava, apenas sentia.

— Senhor Lee, Por favor, não de trabalho para a Nanda, sabe que precisa comer algo, ninguém consegue nem lembrar qual a última vez que você comeu!

— A última vez?... Última vez que fiz o que?

Ele deu um breve riso, a voz estava rouca e os cabelos bagunçados, suas olheiras eram capazes de ser quase chamadas de bolsas por seu tamanho e profundidade. Nanda chegou seu rosto estava com uma expressão fria, ela não tinha aquele brilho doce nos olhos.

— Ei, escute ele, me ajude a te ajudar, não seja sarcástico... Por favor, come algo, não precisa pagar, sabe que não precisa.

— Ah não, eu faço questão de pagar!

— Então... Vai comer algo, finalmente?

— Claro... Que não! — Ele riu batendo na mesa e tirou a carteira do bolso.— Quanto é para eu levar uma das garrafas especiais da Lilith, uma daquelas que ela tomava comigo? Ah é, e para vocês cuidarem das próprias vidas?

Nanda abaixou a cabeça, ela sabia que por mais raiva que sentisse da forma como Lee falava com ela, não podia o culpar, afinal ele era quem mais estava sentindo a morte de Lilith. Todos conseguiam lembrar dos berros que Minho dará contra os céus na noite em que as nuvens de fumaça tomavam a cidade, culpando a si mesmo, pedindo para tudo ser uma piada.

Nanda foi até o balcão, pegou uma garrafa qualquer de bebida, uma das que ele costumava beber e também um pacote de salgadinhos, ele não iria comer nada pesado, era fato, mas isso já o ajudaria. Levou para o motoqueiro que fez careta ao ver o pacote do qual não pediu.

— Faremos um acordinho... Te dou a garrafa, mas você tem que comer esse pacote antes.

A frase fez Minho a encarar, ele suspirou e se levantou esticando a mão e pegando o pacote de salgadinhos, pegou da carteira um grupo de notas e os deu á Nanda.

Riders- (Lee Minho/Lee Know)Onde histórias criam vida. Descubra agora