Traidora do Sol

6 2 0
                                    

Direitos autorais da imagem deste capítulo: https://ddragon.leagueoflegends.com/cdn/img/champion/splash/Kayle_3.jpg


Morgana


Antes de partir, precisaria se despedir de suas irmãs, não as abandonaria sem informações, sem conselhos, sem um abraço, mesmo que os espinhos de Zyra a deixassem com pequenos machucados toda vez que a abraçava. Apesar de preferir sempre ficar sozinha, não sentia um pingo de vergonha por demonstrar carinho por aquelas que acolheu e a acolheram. Sentando-se em seu trono, cruzou suas pernas grossas, fazendo com que as correntes presas em suas coxas tilintassem.

Passos ecoaram do corredor. Uma a uma, as bruxas de Coven adentraram o recinto, cada uma carregando consigo uma oferenda diferente de despedida, um velho costume de bênção a atribuir para uma irmã que partiria, todas embaladas em um saco de brinde estilizado com o símbolo da Congregação das Bruxas. Elas sempre se surpreendiam com os presentes, mas Morg sentia que, desta vez, os presentes seriam voltados para ajudá-la em sua missão.

Todas lançaram os brindes no ar. Os sacos começaram a flutuar, rodeando sua futura portadora.

Formando um círculo, as irmãs da Congregação se uniram no centro da sala do trono do Reino de Wicca, apoiando os joelhos no chão em total sincronia, um ritual que já estavam acostumadas a fazer.

Chamas surgiram em volta delas, formando um círculo de fogo. Dando as mãos, deram início à oração aos Deuses para enviar forças à bruxa que sairia de seu lar para batalhar contra sabe se lá o que. Após tal ato, era a hora de Morgana receber os presentes. Abrindo os braços, esticando o vestido negro com mangas morcego que vestia naquela noite, se transformou em uma coruja cornífera, sugando os sacos de brinde para debaixo de suas asas.

Ao posicionar-se no chão novamente, tornou à sua forma de bruxa, satisfeita por sempre poder recorrer ao seu deus quando bem entender, uma dádiva que sempre seria grata e nunca saberia como recompensar os Deuses Antigos pela confiança nela, podia apenas prometer sempre dar o seu melhor, que era o que já vinham fazendo há mais de um milênio.

O ritual se encerrou com um abraço em grupo, cada uma das bruxas depositando um beijo na têmpora de sua rainha.

Caminhando por sua sala em zigue-zague, Morgana batucava o queixo com a ponta de seu dedo indicador, imaginando os cenários mais terríveis que poderia enfrentar. Onde Kayle a levaria? O que iria enfrentar? Pelo que estaria batalhando?

Não fazia ideia.

Mergulhou na noite, rumo ao desconhecido, atrás da mulher que um dia chamou de irmã.


─━━━━━━⊱⛥⊰━━━━━━─


Seus pés estavam tão doloridos que se um demônio qualquer se materializasse em sua frente pedindo por sua alma em troca de uma pausa ou de uma massagem, ela concordaria e sairia colhendo a de quem aparecesse por seu caminho. Precisava descansar.

O sorriso estúpido estampado no rosto de sua irmã indicava que tinha consciência da dor que causava a ela. Idiota, pensou. Idiota, arrogante, mesquinha, infantil, abusiva...

— Já acabou? — perguntou Kayle pousando ao seu lado, esbanjando o bronzeado em sua pele por voar tanto tempo sob o sol.

A bruxa ficou vesga, sem entender.

Virtude: A Verdadeira EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora