Me vi acostumada com minha condição desde muito cedo e a solidão que veio com ela. Achei mesmo que depois do término com Aurora voltaria a ser sozinha novamente, mas minha surpresa não poderia ser maior com a relação de Isabela e Taylor. Nesse último mês sinto que estreitamos nossos laços, não era mais uma relação de tutora e alunas, se tornou amizade. Talvez por esse motivo esteja quase botando um ovo do lado de fora da sala em que elas estavam fazendo os testes teóricos e práticos.
- Fica calma Sophi, tenho certeza que elas vão se sair bem. Você ensinou tudo o que elas precisavam saber para tirar os testes de letra. – Rafael apertou meu ombro com carinho, ele sempre sabia o que dizer, parecia quase um dom.
- Só tenho medo ter falhado de alguma forma com elas e com você também, não quero ter quebrado a confiança que colocaram em mim. – Apertei meus dedos nervosa, a ansiedade é uma péssima conselheira, mas ainda assim muito difícil de ignorar sua voz.
- Não pense isso nem por um segundo, está colocando uma pressão que não existe em seus ombros. Relaxe, vai ficar tudo bem. – Meu pai passou um dos braços por meus ombros me abraçando de lado, assenti deixando que o calor familiar surtisse seu efeito calmante e esperei que as palavras dele se assentassem em mim.
Fiz meu melhor para manter a calma durante os minutos seguintes, até cheguei a pedir para ficar dentro da sala com elas para dá apoio moral, mas a professora responsável pelo teste não deixou. O que ela achava que eu iria fazer? Passar as respostas via código Morse? Bufei exasperada. Cruzei os braços e busquei qualquer outra coisa que prendesse minha atenção; foi quando percebi Aurora do outro lado do corredor, ela parecia querer se aproximar, no entanto ao ver Rafael ao meu lado desistiu e deu meia volta o que me deixou aliviada, tudo o que não precisava agora era lidar com a Valentim.
- É impressão minha ou a senhorita Valentim queria vir falar com você, mas desistiu ao me ver? – Claro que ele perceberia. – Tem alguma coisa que você queira contar, criança? – Meu pai arqueou uma de suas sobrancelhas exibindo aquela expressão familiar de quando me pegava fazendo alguma travessura.
- Terminei com Aurora. – Dei de ombros tentando parecer que não era nada demais, mas era, ainda doía e me enchia de uma frustração ardente. – Não contei porque não quis te perturbar com meus dramas amorosos.
- Milagres acontecem a final. – Definitivamente não era essa a resposta que estava esperando, o olhei incrédula. – O que foi? Acho até que você aguentou tempo demais, e por favor não venha com essa conversa de não querer incomodar, sou seu pai, sempre vou querer saber de você.
- Eu sei, mas o que quis dizer com aguentar por tempo demais? – Agora ele despertou minha curiosidade.
- Querida, te conheço desde que usava fraldas e mordia mais que um filhote de gato, te dei um sobrenome diferente do meu apenas para que tivesse sua própria identidade, isso não muda o fato de que é minha filha e sei o que te agrada e o que te afasta. Aurora mudou e não foram mudanças positivas, era questão de tempo para que você não aguentasse mais e se afastasse. Não posso nutrir ranço pelos meus alunos, mas não posso dizer que estou triste pelo término. – Meu pai sorriu verdadeiramente feliz me deixando completamente sem palavras.
- Gostaria de saber quando foi que eu a perdi. – Não sentia mais aquele sentimento quente e pulsante de quando a conheci, não amava mais Aurora, mas não podia deixar de questionar onde que as coisas desandaram tão irremediavelmente.
- Se ficar pensando assim vai apenas se sentir culpada por algo que estava fora do seu alcance. Você não a perdeu, vocês apenas seguiram por caminhos diferentes e é normal em qualquer relacionamento, as vezes o mais saldável a ser feito é simplesmente deixar ir. Com o tempo a dor vai embora. – Rafael acariciou meu rosto, evitávamos demonstrar afeto nos corredores, não porque os outros estudantes não sabiam que ele é meu pai adotivo, era apenas para evitar fofoca de que de alguma forma sou favorecida por ele. – Tenha em mente de que mudanças vêm para que coisas boas aconteçam. – E lá estava o brilho naqueles olhos castanhos que diziam que ele sabia muito mais do que estava me falando. – Olha só, suas amigas terminaram o teste. – Voltei minha atenção para a porta da sala. Taylor vinha a frente saltitando feliz, logo atrás estava Isabela emburrada e com ela estava a professora Theodora. – Então? Como elas foram.
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Série magos - Casters, incontroláveis.
FantasyA mão em garras afastou-se de meu rosto e agarrou meu pulso ardente, engoli em seco sentindo o toque morno surpreendentemente gentil, paralisada assisti levar meu pulso avermelhado até a boca, engoli um grito ao ver os caninos aparecerem por entre a...