XXVII - Aurora Valentim

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Depois de ser caçada feito uma criminosa, encurralada por espectros agora tenho que trabalhar! Equipe de reparo, é só o que me faltava! Só pode ser algum tipo de brincadeira de péssimo gosto de alguma mente distorcida. Além de ter que lidar com meus problemas sentimentais, terei que virar algum tipo de serviçal? Nunca na minha vida me senti tão ultrajado, quem aquela mulher acha que é? A rainha da cocada preta? Deveria ter desconfiado, nada é dado de graça, com esses bons samaritanos não seria diferente.

Irritada marchei procurando o local onde deveria encontrar com o resto da equipe, segundo o papel que me foi entregue com meus horários e funções, tenho que me juntar ao grupo nas proximidades da nova ala dos banheiros, ao sul do acampamento.

- Funções e horários a serem seguidos à risca. - Bufei chutando uma pedrinha no meu caminho. - Qual a próxima desgraça que vai cair no meu colo? Descobrir que não sou filha única? - Achei mesmo que teria um pouco de paz depois de minha conversa com Sophi, virar a página da nossa história e seguir em frente da melhor maneira possível, mas aqui estou eu, prestes a virar algum tipo de faz tudo para uma desconhecida com síndrome de macho alfa. Minha vida está virando uma novela mexicana sem pé nem cabeça e sequer gosto de novelas.

De longe avistei um grupo se movendo carregando toras de madeira e tábuas de todos os tamanhos, sem dúvida aquele deve ser o tal pessoal responsável pelos reparos. Sem qualquer disposição me aproximei de um homem que gesticulava dando instruções, deduzi que ele deve ser o supervisor.

- Com licença. - Pigarreei atrás dele chamando sua atenção para mim.

- Pois não? - O homem negro de porte atlético e músculos apertados em um par calças jeans e regata mamãe sou hétero, mirou os olhos negros como ébano em mim. - Em que posso ser útil? - O tom educado e respeitoso quase me trouxe alguma esperança que as coisas não poderiam ser tão ruins no final das contas, mas minha esperança anda tão cabreira que se recusou a acreditar completamente nessa hipótese.

- Eleanor me enviou. - Fui curta e direta sem dar margem para mais conversas que não estou a fim de ter.

- Oh sim, você deve ser a senhorita Valentin. Estava mesmo a sua espera, venha comigo por favor. - Ele sorriu largo estreitando os olhos compondo uma expressão simpática, na qual não correspondi. - A propósito, meu nome é Arthur Marshal, sou o responsável por designar as funções do time de acordo com as necessidades do acampamento, agora, por exemplo metade de nós está aqui se revezando para levantar os novos banheiros. - Ele mostrou os homens e mulheres levando madeira, martelando e cerrando coisas. - Assenti fingindo interesse para as explicações dele. - Hoje você vai ajudar a montar as portas das cabines individuais.

- Okay, só mostre como fazer. - Cruzei os braços sentindo o sol da manhã apesar de tênue começando a me fazer suar.

- Certo, primeiro você preside do seu equipamento. - O homem se locomoveu até um cavalete de madeira de onde pegou uma espécie de cinto de couro cheio de compartimentos e bolsos em volta. - Este aqui é seu cinto de utilidades, nele você vai ter o que precisa para desempenhar sua função da melhor maneira possível. - Ele me entregou o acessório pesado. Com um pouco de dificuldade o afivelei em volta da cintura. - Se precisar de pregos, parafusos ou qualquer outro material, pode vir falar comigo.

- Entendido. - Dei uma olhada nos bolsos encontrando pregos, parafusos, chaves de fenda de todos os tipos e que não faço a menor ideia de como usar e para completar, um martelo e uma machadinha estavam dependurada um de cada lado adicionado mais peso. - Qual o próximo passo?

- Você pode começar por essa estrutura aqui, basta pregar as tábuas maiores na horizontal das tabuas menores na vertical, você vai ver que os espaços estão marcados onde você deve pregar os pregos.

Série magos - Casters, incontroláveis.Onde histórias criam vida. Descubra agora