Série magos - Casters, incontroláveis.

IV- Taylor Brawn

Okay, não vou mentir; estou levemente decepcionada com o que encontrei até agora. Somente a biblioteca me animou um pouco, estava esperando quadros com pinturas falantes, gárgulas que se movem, varinhas chacoalhando, caldeirões fumegando, mas o que encontrei foi uma escola comum, que tem sinal de celular e rede de wi-fi, aonde está a porra da magia? Para acabar de completar minha frustração, minha colega de quarto não é a pessoa mais sociável do mundo, nem podia abrir minha chateação para ela. Estava começando a aceitar que o problema dela não é comigo, Isabela só é muito na dela. Não me restou muito o que fazer a não ser explorar os exemplares daquela biblioteca enorme e posso dizer que aquilo ali sim me deixou feliz.

Fiquei o resto da tarde de domingo e boa parte da noite lendo e absorvendo o máximo do manual básico do mago iniciante, porque dormir se posso aprender os preceitos básicos da magia? Mal podia esperar pelas aulas e ter um pouco de prática.

Na segunda-feira estava devorando o segundo exemplar do livro que iniciei no domingo ao mesmo tempo que dava atenção ao meu café da manhã. Tá aí uma coisa que descobri ter em comum com minha colega de quarto ranzinza, assim como eu, ela aprecia uma boa comida, acho que foi o único momento que a vi mudar a feição séria congelada no rosto dela para algo mais ameno. Minha concentração só foi rompida pelo arrepio repentino que subiu pela minha espinha e fez morada em minha nuca eriçando cada pelo residindo em mim, foi totalmente estranho e olha que faço coisas explodirem do nada, então podem imaginar o quão fora do comum a sensação foi.

A garota que escolheram para nós tutorear tinha essa aura magnética, uma energia diferente e nem tinha haver com o fato de ela ser a maior gata, tipo linda de morrer, fazer pernas tremerem... acho que vocês entenderam meu ponto. Enfim, quando ela tirou aqueles óculos e se apresentou tive a certeza, eu teria um derrame, aqueles olhos azuis felinos pareciam ler a minha alma, foi a primeira vez que senti a presença da magia desde a transformação magnifica do diretor Jhonson, para completar, o sorriso luminoso com aqueles pequenos caninos me desmontou toda. E pelo jeito abestalhado que Isabela estava olhando para a garota recém-chegada, não foi só eu que sentiu o impacto.

- Posso sentar aqui? – Sophia perguntou timidamente percebendo a inabilidade de nós duas para parecer pessoas minimamente normais.

- Oh claro. – Pigarrei, soltei o braço da minha colega de quarto paralisada e fechei meu livro para dar toda atenção a ela. – Fique à vontade. – Pode entrar na minha vida e fazer morada se quiser.

- Obrigada. – A morena puxou uma cadeira da mesa ao lado e sentou à nossa frente. – Bem, peguei a grade curricular de vocês somente hoje, então vou precisar de alguns dias para planejar as aulas mais adequadamente, mas podemos começar com uma iniciação histórica para entender de onde viemos e tal. – Sophia nos olhou esperando uma resposta.

- Está ótimo. – Esperei que Isabela falasse alguma coisa, mas ela continuava encarando a outra garota como se estivesse vendo o fantasma do Natal passado. – Não é, Isa? – Acotovelei a lateral do corpo dela esperando que fosse suficiente para fazer o HD dela reiniciar e trazê-la de volta ao mundo real.

- Ah, s-sim pode ser. – Claramente ela não fazia ideia do que estávamos falando.

- Ótimo, podemos ir para a biblioteca depois que terminarem o café da manhã.

- B-Blioteca? – Isabela gaguejou ficando levemente pálida.

- Você está bem? – Perguntei apenas para confirmar, porque claramente ela não estava.

- Estou. – A Flores sacudiu a cabeça de leve e engoliu em seco antes de voltar a falar com segurança. – Biblioteca está ótimo.

Não demoramos mais muito tempo no refeitório, minha fome foi substituída pelo total interesse pela recém-chegada e Isabela também perdeu interesse pela comida se fechando em sua carapaça mal-humorada, Sophia nos esperou pacientemente, perfeitamente composta em seu lugar, postura perfeitamente ereta que me fazia ter vergonha da minha própria, tenho consciência que minha coluna mais parece um arco recurvo.