𝓪𝓵𝓲𝓿𝓲𝓸

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A respiração ofegante denunciava sua exaustão, entretanto, se recusava a parar. Fazia mais de três horas que estava ali, treinando de forma avassaladora, quase destruindo aquilo que era para ser alvo de suas kunais. Com pouco tempo se exercitando, sua camisa já grudava em seu torso, por isso, naquele momento já havia a retirado e deixado junto a mochila que levou.

Pretendia ficar ali por ainda mais tempo.

Sacou mais duas kunais das mãos, deixando que seu chakra as envolvesse, assim como Asuma o ensinou não muito tempo atrás.

Passou a mão sob a testa, retirando um pouco das várias gotas salgadas que insistiam em descer por sua pele. Partiu em direção aos alvos, com as mãos para trás da forma que comumente fazia, deu um mortal para frente jogando as armas e acertando. Rapidamente, na mesma velocidade e intensidade, correu em direção ao bosque na área mais fechada.

Engraçado, dentro da floresta o ar era mais úmido. Folhas no caminho prendiam-se em seu corpo mas com a mesma facilidade saíam devido a correria. Saltava por entre os espaços, apoiava os pés nas árvores permitindo maior flexibilidade nas suas manobras pelo ar.

Mesmo se sentindo leve, em seu íntimo parecia ter sido inserido uma enorme quantidade de chumbo. Extravasar toda aquela confusão em árvores parecia ser mais sensato do que nos cidadãos da vila, por isso fazia dias que não comparecia ao centro de distribuição de materiais com Sakura. Fugir naquela ocasião foi a ideia mais tentadora que tivera, além do fato de estar sentindo falta da adrenalina correndo por suas veias.

Não sabia exatamente o que sentia, achar uma palavra para definir é difícil demais. Complicado demais.

Só após três meses desde o ataque pôde refletir melhor em todo seu diálogo com Pain. Naquele dia, não existiam respostas específicas para os questionamentos dele.

Voltando no tempo, analisou melhor tudo o que foi dito.

A resposta ainda era inexistente.

Inegável, no entanto, era o fato do ódio que sentiu não ter sido apenas por parte de Kurama. Estaria enganando a si mesmo caso afirmasse algo do gênero.

Uma completa ilusão quanto a verdade.

Apenas uma fagulha, fez com que a pólvora explodisse e o resultado foi...pura destruição.

Talvez até mesmo do seu lado mais humano, aquele que quando ainda pequeno, as pessoas se recusavam a tentar enxergar. Sempre fora um monstro.

Uma besta enjaulada com ódio.

O mais inacreditável era crer quem havia sido sua fagulha.

Parecia irreal demais. Impensável.

Sangue, aquele vermelho intenso e escuro, cobrindo o chão, formando uma poça.

Dor.

Ódio.

Muito ódio.

Sua respiração alterou drasticamente, os olhos se embaçaram, tão rápido que o fez se distrair ao ponto de cair e bater forte o ombro contra o chão. O arranhão se formou com o impacto, e viu o vermelho sair dali.

Merda.

Socou a árvore fortemente, descontando toda a frustração que vinha sentindo nas últimas semanas. Viu ali, uma distração para sua mente.

Recuperando o fôlego, posicionou os braços ante ao corpo, se preparando para os impactos que viria a seguir.

Gradativamente, pedaços do tronco voavam para os lados, as faixas em suas mãos se desfazerem, cedendo ao constante atrito dos socos. Mais, ele queria mais, queria bater mais.

Foi Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora