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Quando a vejo reconheço-me
Nos olhos, no rosto, na cor,
Pois tremo de medo como a folha ao vento
Uma criança tem mais juízo que eu
De tal modo me sinto possuído pelo amor
E de um homem vencido desta forma
Bem poderia uma dama ter grande piedade- Bertrand de Ventadorn
_________________________________A caneta feita com uma pena traçava diversas curvas na folha amarelada, as palavras que se formavam vinham do interior da autora, que organizou todos os seus pensamentos naquele pedaço de papel. A cada verso terminado, Margot virava o rosto para saber se sua tia já havia acordado, mas em todas as vezes Judith continuava dormindo tranquilamente. Na noite passada ela e Katherine fizeram Judith tomar tantos remédios caseiros que sua febre desapareceu quase que imediatamente, estava melhorando rápido. Até mesmo sua voz estava mais animada.
Era um bom poema. Margot leu a folha, analisando minuciosamente cada palavra. Enquanto começou a murmurar baixinho uma melodia calma e romântica.
A música estava se tornando bastante popular em Westfall, era algo que Margot apreciava com paixão. Adorava caminhar pelas ruas e ouvir os músicos, cantando suas doces e românticas melodias. As vezes ouvia canções obscenas sobre mulheres, mas ignorava, preferia melodias cantadas com sinceridade e desejo.
O barulho da porta se abrindo a fez parar de cantar, era Katherine quem tinha chegado, estava segurando uma cesta com produtos que havia comprado. Margot se levantou com cuidado da cama na qual estava sentada, ao lado de Judith, para encontrar com sua tia. Ela levou o dedo indicador até a boca pedindo silêncio assim que viu sua tia tirando frutas e legumes da cesta.
- Desculpa... - Katherine sussurrou, colocando a cesta na mesa - Ela ainda está dormindo? Está quase na hora do almoço.
- Ela dormiu um pouco tarde ontem, o que comprou? - Margot abriu a cesta, curiosa. Dentro tinha alguns legumes, um livro com uma capa de couro preto e um frasco com um líquido azulado. Ela pegou um dos legumes analisando sua qualidade. A maioria dos nabos da feira não costumavam ter uma boa aparência - O que é isso? - Perguntou apontando com o queixo para o frasco.
- Eu comprei esse perfume em uma loja que abriu recentemente, quer sentir a fragrância? - Katherine pegou o frasco, e abriu, aproximou do nariz de Margot que associou instintivamente o aroma adocidado à flor de álliso, mesmo sem nunca ter visto uma de perto - O que achou?
"Era como se a mente de Margot girasse a procura de uma informação que deveria estar ali. O aroma desbloqueou algo em sua consciência, como uma sensação de já ter vivido ou sentido aquele aroma familiar no passado, no exato momento em que exalou o perfume. De alguma forma aquilo confundiu sua mente e Margot se sentiu encolhendo no próprio pensamento, caindo em algum lugar obscuro dentro das profundezas de seu corpo, seus olhos se fecharam, estava aterrorizada com aquela sensação.
Mas nada aconteceu, Margot não estava mais com aquela sensação de estar caindo, tudo o que sentia era a forte e enjoativa fragrância adocidada. Ela abriu os olhos, piscando algumas vezes para se acostumar com a claridade do ambiente. Estava deitada em um jardim, rodeada de álissos de diferentes cores, A essência daquelas flores adentravam em suas narinas provocando uma sensação levemente entorpecida em Margot. Ela tentou se levantar mas suas pernas não a obedeciam, olhou ao redor à procura de Katherine ou Judith, mas tudo o que havia por perto eram flores, um campo inteiro delas. Ela ouviu, ao longe, o relinchar de um cavalo.
Graças a Deus! Pensou aliviada. Margot sentou-se na grama e sentiu uma dor de cabeça terrível por esse esforço.
Parecia uma memória perdida, da qual Margot não se recordava de ter vivido. A dor de cabeça continuava, agora mais fraca. Passos se aproximavam dela por trás, ela obrigou seu corpo a ficar de pé.
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A Lenda das Bruxas
FantasiaUm mundo encurralado pela ganância e poder, onde o medo cala aqueles que precisam ser ouvidos e extermina os que são temidos. A magia circula dissimuladamente e está presente onde você menos imagina. Cassius prometeu livrar o reino de toda a m...