Titanium

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Sou à prova de balas, nada a perder
Atire, atire
Ricocheteiam, você acerta o alvo
Você me derruba, mas eu não cairei
Sou de titânio
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A lua cheia já estava alta quando a carruagem discreta e sem janelas entrou na caótica cidade de Eidhoven, localizada no litoral do continente, as pedras pontudas no meio do caminho faziam a carruagem balançar de um lado para o outro, causando um terrível desconforto e enjoo no passageiro. Apesar de estar no meio da noite, algumas fogueiras estavam posicionadas em um campo com até três metros de distância umas das outras, muitas pessoas bebiam e dançavam ao redor - A maioria homens.

Até então ninguém tinha notado aquela simples carruagem devido aos barulhos de música que se misturavam a gargalhadas e gritos. Elias também bebia junto de seus amigos, estavam animados com o plano bem sucedido de saquear uma aldeia ao sul que tinha diversas plantações de trigo. Todos aproveitaram a ocasião para roubar algumas pessoas para escravizar.

- Qual será a próxima aldeia que vamos visitar? - O homem com um rosto quadrado e uma pequena cicatriz que ficava acima do nariz, o braço direito de Elias, perguntou.

- Não sei ao certo, Mika... Mas estou de olho em Berrycloth, tem muito comércio ali. Podemos faturar bem.

A carruagem parou bruscamente fazendo alguns dos cavalos negros como a noite relincharem. Todos no campo olharam para a carruagem, com os olhos brilhando de ódio mesclados a bebida. Elias desembainhou a espada e ergueu a mão direita, com o punho fechado. Todos atrás dele observaram qualquer movimento ao redor. A bebida deixavam a maioria deles violentos e semelhante a animais.

As mãos brancas e enrugadas puxaram o tecido branco para a frente, o capuz era grande o suficiente para cobrir metade de seu rosto. Cassius avisou que naquele momento delicado, era impossível que alguém do Conselho tivesse que se ausentar por problemas pessoais e Louis Grandier concordou, afirmando que cuidaria de todos os problemas pessoais de todos no Conselho.

Todos sabiam que o padre era o único qualificado a cuidar sigilosamente desses assuntos, já que era quem mais sabia dos segredos de todos presentes no Conselho, cada segredo sujo e cruel, todos tinham sua cota de pecados e concordaram que ele deveria cuidar dessa parte do assunto.

Louis Grandier abaixou a cabeça para olhar aquela pequena cesta em suas pernas. Para sua sorte, o bebê dormia tranquilamente entre os lençóis brancos. Assim que a carruagem parou, ele ergueu a mão até uma pequena tábua horizontal com um formato retangular, que ficava na altura de seu rosto e puxou para cima. Dando de cara com diversos homens que estudavam a carruagem de cima a baixo procurando algo de valor, o padre suspirou.

Gananciosos pecadores. Que Deus os perdoem!

- Senhores - O padre chamou a atenção dos homens, com sua voz frágil. O mais próximo virou o rosto para encará-lo e Louis pôde notar uma fina cicatriz que ia desde o nariz até a têmpora direita, seu olho direito permanecia intacto. Seu cabelo escuro era curto e mal cuidado, sem falar nos farrapos que usavam - Gostaria de falar com o seu líder.

Os homens riram, divertidos com o velho de cabelos grisalhos e roupa pálida.

- Você ao menos sabe onde está? - Alguém perguntou debochando - Não tem direitos reais nesse lugar, majestade!

- Se me lembro bem, o nome desta pocilga é Eindhoven. Não é? - O padre voltou a encarar o homem à sua frente, impaciente - Sou um padre, não um rei. Preciso falar com o seu líder.

A Lenda das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora