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Somos anjos caídos, dessa
maldade que nos consome.
_________________________________A floresta estava calorosamente agradável naquela manhã, a brisa contida e calma soprava as folhas das árvores que ciciavam em resposta. Não era à toa que algumas pessoas (lunáticos) se mudavam para o centro da floresta a fim de ficarem sossegados com suas - peculiares - atividades, sem serem incomodados por soldados do rei, ou vizinhos enxeridos.
Alguns passarinhos cantavam conforme Mila caminhava na floresta, com sua habitual roupa de caça: camisa de seda com manga longa, um gibão de couro marrom envelhecido por cima, uma calça de couro não tão justa para não atrapalhar na hora de correr e dois coldres simples de couro, um amarrado à cintura onde a espada de ferro estava embainhada ao lado do corpo enquanto o outro estava enrolado em sua perna direita, com dois punhais discretos presos.
Não fazia nem dois dias que tinha chegado em Westfall e já precisava seguir ordens, Elias tinha razão, reis só pensavam em si mesmo. Se não fosse por seu amigo - e o mais próximo de um pai que teve -, e por ela precisar, Mila não teria concordado em vim para essa cidadezinha. Não que ela tivesse muita opção.
Seus pés pararam de se mover assim que ela avistou o pequeno chalé de madeira rodeado de árvores, era realmente pequeno, notou. Possuía apenas duas janelas e uma porta, as paredes eram feitas com os próprios tronco de árvore, criativo. Havia um jardim mal cuidado e cheio de ervas daninhas ao lado da casa, um pequeno poço do outro lado que parecia ter sido construído recentemente. Uma cabana atrás da casa, onde ficavam ferramentas para caçar. Uma mulher não faria tudo aquilo, não sozinha.
Mila sentiu uma leve dor de cabeça, estava pensando demais, era só entrar lá e... Espera!
A garota de cabelos pretos notou uma movimentação vindo do lado esquerdo da casa, seus olhos se semicerraram observando o homem, não... um garoto franzino e taciturno carregando alguns galhos de árvore nos braços enquanto caminhava para casa.
Aquele padre trapaceiro! Mila xingou respirando fundo.
Ela tinha deixado suas armas um pouco mais distante, levando consigo apenas o punhal simples, precisaria de um outro plano. Com agilidade, seus pés se moveram silenciosamente até o chalé, sempre parando atrás de uma árvore para ver se tinha sido notada. Assim que se aproximou da última árvore que usaria para se esconder, Mila puxou o punhal da coxa e fez um corte na diagonal em sua própria mão, passando o sangue pelas roupas e um pouco no pescoço, então ela se abaixou pegando a terra preta com uma mão conforme usava a outra para sujar o rosto. Por fim, rasgou uma parte da manga da camisa e enrolou na mão antes de se dirigir até a casa.
Sua respiração estava rápida quando bateu desesperadamente na porta, com os olhos já marejados. Assim que o garoto da lenha a abriu deu um grito assustado, ele era incrivelmente mais magro quando visto de perto, Mila tentou imaginar o estado que devia estar no momento, talvez tivesse exagerado, mas agora não tinha como voltar atrás. Uma mulher gorda, de cabelos levemente grisalhos apareceu logo em seguida com o semblante curioso e assustado pelo grito do garoto. Seus olhos se arregalaram ao ver a garotinha suja de sangue em sua porta.
- Por Deus, menina! O que houve com você? - Os soluços de Mila foram resposta suficiente. A mulher se aproximou pegando a mão da garota aterrorizada à sua frente e a puxou para dentro da casa, olhando ao redor para ver se ela tinha sido seguida. Mila notou que alguns fios desgrenhados estavam para cima e o cabelo daquela mulher fedia. Suas mãos tremiam quando a mulher fechou a porta.
O lugar estava iluminado apenas pela luz que vinha de fora, o que deixava algumas áreas um pouco escuras para Mila sequer tentar ver alguma coisa. Mas, apesar dessa escuridão, ela pôde notar um pequeno berço dentro do que parecia ser o quarto deles e então ela virou para a mulher, fungando. Tentando não parecer óbvia demais.
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A Lenda das Bruxas
FantasyUm mundo encurralado pela ganância e poder, onde o medo cala aqueles que precisam ser ouvidos e extermina os que são temidos. A magia circula dissimuladamente e está presente onde você menos imagina. Cassius prometeu livrar o reino de toda a m...