Capítulo 05

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O instinto de amar um objeto demanda a destreza em obtê-lo,
e se uma pessoa pensar que não consegue controlar o objeto e se sentir ameaçado por ele,
ela age contra ele.

- Sigmund Freud
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Alice terminou de se arrumar para ir treinar cedo naquela manhã. Seus cabelos dourados estavam presos em uma trança para impedir que atrapalhasse sua visão, usava uma calça confortável verde com uma blusa branca de mangas médias. Ela havia conversado com o general Robert no dia anterior, como Eleanor a aconselhou, e ele deu permissão para que ela treinasse no ambiente dos soldados mais experientes, com a condição de não chamar muita atenção para si mesma.

Tsc. Inevitável. Pensou com um sorrisinho de canto.

Ao sair do seu quarto, Alice passou no quarto de Lizzie para ver se ela estava bem. Normalmente ela era uma pessoa retraída, mas ficar longe de sua mãe pareceu tê-la deixado pior. A jovem de cabelos loiros abriu a porta, deparando-se com a irmã ainda dormindo sobre a cama. Seus cabelos longos estavam espalhados e seu rosto sereno, como um anjo. Alice, mesmo sendo mais nova, queria proteger Lizzie do mal, a jovem se cobrava demais por balidades e abria mão das coisas que gostava quando o pai mandava.

Alice, no fundo, tinha pena de Lizzie e torcia para que ela fosse feliz. Uma mulher de vestimenta simples e um avental branco, passava por ali, tirando a jovem dos seus devaneios.

- Você pode pedir para entregarem o café dela no quarto? - Alice pediu, a mulher olhou para Lizzie dormindo e afirmou antes de se retirar. Parecia com pressa.

A jovem voltou a andar, indo em direção às escadas onde começou a descer os degraus um pouco rápido, estava ansiosa para poder começar o treino. Já se imaginava tocando naquelas espadas, lanças, punhais... todos verdadeiros. Alice saiu de seus devaneios quando escutou a porta do salão principal ser aberta, seus olhos se semicerraram na direção da silhueta desconhecida adentrando no lugar. Não que ela fosse fofoqueira, estava mais para alguém que precisava ficar informada.

Era uma garota, Alice notou, no entanto uma garota que ela não conhecia e que parecia ser bem mais nova do que ela. Seus cabelos possuíam um comprimento médio, um pouco abaixo dos ombros, eram ondulados e pretos, metade estava preso em um coque enquanto a outra parte escorria pelos seus ombros. Ela não parecia alguma dama, pois caminhava com postura mas sem nenhuma elegância, parecia um homem sem educação, balançando os ombros conforme dava um passo em sua direção. Estava vestida com uma calça preta de couro que se ajustava as suas pernas longas, sua blusa marrom ameandoado possuía mangas compridas e uma gola alta. Seus olhos claros e castanhos nem mesmo se dirigiram a Alice que notou que elas tinham quase o mesmo tamanho, só então se deu conta de que estava analisando cada parte daquela criança e comparando a si mesmo.

A garota passou direto por ela, subindo as escadas dobrando para a esquerda. Uma área que, segundo o conselheiro Rendrik, era proibida a todos, com exceção do Conselho.

- Você não pode entrar aí! - Alice falou um pouco alto, a garota parou de andar, olhando para ela por cima do ombro, com desdém. Então deu um sorriso atrevido para Alice antes de voltar a subir as escadas.

O Conselho estava em reunião, Alice sabia porque viu dois soldados de guarda na frente da porta. Aquela menina não seria ousada o bastante para tentar atrapalhar. Alice continuou parada, torcendo para que expulsassem aquela garota a pontapés de lá.

Assim que a desconhecida se aproximou deles, disse algumas palavras e eles afirmaram com a cabeça, Alice escutou o rangido da porta sendo aberta e então arqueoou uma sobrancelha. Quem era essa garota, afinal? Como ela tinha mais direitos do que algum Cadman? Alice se perguntava confusa e, levemente, irritada. Ela balançou a cabeça e saiu do Palácio, indo em direção ao campo de treino.

A Lenda das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora