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São curtos os limites que separam a resignação da hipocrisia.
____________________________________________________O silêncio ao entardecer era inquietante para Amys, aquela casa era inquietante para ele, os criados eram inquietantes, pois pareciam marionetes sem vida controlados por aquela mulher assustadoramente calma. Meredith, esse era o seu nome. Ele não sabia pensar com clareza perto dela, talvez fosse sua autoridade que a deixava com uma aura mortal. Tudo o que se sabe do seu passado foi que ela se casou com Domenico para criar laços mais fortes. E filhos também.
A cada batida na porta, Amys esperava que fosse algum conhecido que viesse ajudá-lo, mas sua sorte estava escassa naquele dia. Os criados eram educados e gentis com ele, a pedido de Amery talvez. De tempo em tempo apareciam com comida, cobertor, água, sobremesas e roupas quentes de lã. Isso fazia com que ele se sentisse importante naquela casa, quando na verdade não passava de um prisioneiro trancado no quarto.
Não que tivesse o que reclamar, o quarto era elegante e organizado, as paredes tinham uma tonalidade acinzentada escura enquanto o piso era de um mármore incrivelmente branco, havia somente uma janela alta com uma estrutura retangular, a visão que se tinha através da janela embaçada era uma parte do jardim e da cidade um pouco abaixo. Quando chegou, Amys ficou com receio de sujar o piso e caminhou em direção à cama na ponta dos pés, o que fez Amery gargalhar tão alto que o deixou envergonhado. A escrivaninha ao lado da cama parecia nunca ter sido usada, todos os outros móveis eram iguais, mas oque o deixou feliz mesmo eram as vestimentas que deram a ele. Diferente do uniforme oficial de Dankworth, que era um tecido fino e apenas um pouco aquecido, eles o entregaram uma calça de couro revestido de lã, um casaco totalmente feito de lã e veludo, e uma bota limpa e quentinha. Era como se o tivessem enrolado em um cobertor.
A janta havia sido sopa de legumes com pedaços consideráveis de carne, o sabor era divino! Os criados entraram com uma tigela quente no quarto pelo menos umas cinco vezes nos últimos trinta minutos. Não tinha forma melhor de dizer que uma comida estava gostosa, era o que o pai de Amys dizia. Seu coração apertava toda vez que lembrava do pai, em como ele ficaria triste pela cena que Amys fez no salão e a forma cruel que acusou seu próprio irmão de ter matado Acke. Victor e ele podiam não se dar bem, mas Amys sabia que ele nao seria capaz de ser tão cruel já que amava o pai tanto quanto ele.
Talvez ele precisasse pedir desculpas ao irmão quando se encontrassem novamente. Ele usaria isso como vantagem em qualquer discurso posteriormente, com certeza, mas ainda era seu irmão, e tudo o que ele queria evitar era perder outro membro da família, seria impossível suportar isso. Amys cobriu os olhos com o braço e, pela primeira vez no dia, chorou.
As memórias fluíram como facas afiadas pela mente de Amys que fungava como a criança de oito anos que era. Mas dessa vez seu pai não iria até ele para dizer que vai ficar tudo bem, e isso partia o coração dele enquanto as lágrimas molhavam o travesseiro. Nem mesmo lembra quando parou de chorar e foi dormir, apenas acordou com a voz fria e rouca de Arvid.
- Acorda, cachorrinho! - O albino entrou no quarto e deu dois tapas fortes no pé de Amys que estava todo coberto e com a boca aberta. - Argh! Que nojo! Fecha essa boca! - Arvid um tapa mais forte na perna de Amys que piscou algumas vezes, ainda sonolento.
- Já está de manhã? - Amys virou em direção à janela notando que ainda estava escuro, então olhou irritado para Arvid que permanecia sério. - Ainda é madrugada!
- Pare de resmungar! - Arvid olhou para a janela pensativo - Aconteceu um imprevisto ontem. Aproveitei para passar na casa de um amigo que vai me ajudar a desenterrar o corpo. Precisamos sair cedo e... por que ainda não levantou?
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A Lenda das Bruxas
FantasiaUm mundo encurralado pela ganância e poder, onde o medo cala aqueles que precisam ser ouvidos e extermina os que são temidos. A magia circula dissimuladamente e está presente onde você menos imagina. Cassius prometeu livrar o reino de toda a m...